O gigante acordou?

Desde o final de 2021, quando o bitcoin aingiu a casa dos 66 mil dólares, e em seguida, no primeiro trimestre de 2022, quando deu um suspiro até a casa dos 46 mil dólares após sofrer forte queda, o mercado de criptomoedas encontra-se num período crítico.

Pelo menos, crítico para quem não compreendeu os fundamentos e objetivos desse mercado. Talvez por questão do baixo acesso à informação desse nível, talvez pelo alto nível de abstração exigido para trocar o físico pelo digital sem receios quando o tema é dinheiro, talvez pelo simples motivo de ser um enfrentamento aos Governos e suas maneiras tradicionais e ortodoxas de lidar com as finanças ou, principalmente, pela questão cultural e histórica que nos coloca diante de um questionamento: será que a sociedade está preparada para o que as criptomoedas têm a oferecer?

Todavia, parece que tudo isso está prestes a mudar. Nos momentos de desespero, lembramos de alternativas e pensamos “por que eu não escolhi este caminho antes?”, e é exatamente isso que está acontecendo agora.

Ora, será que finalmente o bitcoin (e, consequentemente, o mercado em geral) foi lembrado por aquilo que ele sempre se propôs a resolver? Relembremos juntos:

1) Seu dinheiro, sua responsabilidade (not your keys, not your coins);

2) Transações do remetente para o destinatário, sem intervenção de terceiros (leia-se órgãos reguladores e bancos);

3) Sem horário limitado para realizar transações;

4) Sem cobrança de taxas abusivas por pessoas jurídicas;

5) Imutabilidade e auditoria através da blockchain, “ad-aeternum”;

6) Descentralização, então não se desliga o bitcoin por decisão monocrática de alguém;

7) Entre outros fundamentos estão a durabilidade, portabilidade, fungibilidade e divisibilidade.

Enfim, após as informações preliminares e uma saudosa rememoração de tão belos conceitos, passemos à análise a que se dispõe este artigo.

As taxas de juros do mercado atual, que estão em ascensão há um bom tempo com o objetivo de conter a inflação, não serão assim para sempre, pois há ciclos de mercado e nada ocorre por acaso.

Se tratarmos do Brasil, a escalada dos juros começou em março de 2021, há exatos 24 meses, saindo da sua mínima histórica de 2% para 2,75% (um aumento considerável de quase 40%). Mas o que isso significa e o que tem a ver com o tema que estamos tratando? Explicamos: com taxas de juros cada vez mais altas, estando a Taxa Selic atualmente em 13,75%, os rendimentos de investimentos da renda fixa são muito mais atrativos dos que os possíveis rendimentos da renda variável. Ora, se é possível receber bons rendimentos sem se expor a riscos e incerteza, o que você escolheria?

A realidade é que, provavelmente a partir do mês agosto deste ano, a Taxa Selic começará o seu caminho de volta a patamares menores. Segundo o Bank of America, isso se dá principalmente pela retração de crédito, ou seja: “ao diminuir a Taxa Selic, o custo do dinheiro no Sistema Financeiro Nacional é reduzido, fazendo com que empresas e consumidores voltem a usar o crédito, aumentando a circulação de dinheiro no país e acelerando novamente a economia”.

Exemplificando, a Taxa Selic está nas alturas e quem atualmente faz um investimento de R$10.000 em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) de um banco convencional, ao final de 12 meses pode encontrar um rendimento líquido em torno de R$1.000, ou seja, 10% do capital investido. Em outros tempos não distantes, isso só se imaginava ser possível com a renda variável, e diga-se de passagem, era um rendimento e tanto.

E quando esse cenário mudar? Isso não está perto de acontecer somente no Brasil. A expectativa é que os próximos passos do FED (Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos) sejam de estabilização e posterior redução das taxas de juros norte-americanas. Outra atitude que está sendo tomada é a injeção de liquidez no mercado, que já se iniciou (inclusive, tratamos desse tema em nosso último artigo: “Estamos às vésperas do terceiro bailout?”).

Desde junho de 2022 que o bitcoin estava com uma postura de lateralidade na casa dos 20 mil dólares, com algumas quedas e algumas altas irrelevantes diante de sua performance em tempos não tão distantes. Ocorre que, após situações de falência e encerramento das atividades de pelo menos três bancos norte-americanos e de crise em pelo menos 1 banco europeu, hoje o bitcoin encontra-se na casa dos 28 mil dólares, acumulando uma alta em seu preço superior a 27% nos últimos 7 dias e uma expansão em sua capitalização de mercado que excede os 150 bilhões de dólares apenas no mês de março.

Está acontecendo um processo de depuração no meio das criptomoedas. Podemos chamá-lo de “Seleção Natural Cripto”, onde corretoras mal administradas estão quebrando, empresas que não possuem lastro estão saindo do mercado, e o usuário está se tornando cada vez mais atento aos terrenos por onde caminha para que não sejam movediços.

Numa perspectiva de médio a longo prazo, efetivamente estamos muito próximos do melhor momento para fazer investimentos conscientes em criptomoedas, seja pelo período de estruturação que este mercado passou, seja pela adoção e utilização própria baseada em seus ótimos fundamentos (que permanecem inalterados), ou, PRINCIPALMENTE, por ser o melhor caminho alternativo de proteção em momentos como o que estamos vivendo.

Nós, do Investificar, nos importamos muito com sua opinião. Acompanhe os nossos próximos artigos para se anter informado sobre excelentes projetos desse meio. Ah, e conta pra gente nos comentários, você irá começar os aportes em criptomoedas?

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