Estamos às vésperas do terceiro bailout?

O papel do Investificar é trazer temas relevantes envolvendo o mercado financeiro e tecnológico em geral, mas para isso é mister adentramos no contexto histórico em algumas situações específicas, pois ao considerarmos o passado e o presente, conseguiremos ter ideia de um ciclo parecido pode vir a se repetir no futuro. É por isso que hoje trataremos do possível terceiro bailout.

Os bailouts, também conhecidos como resgates financeiros, são medidas tomadas pelos governos para salvar empresas ou setores econômicos que enfrentam dificuldades financeiras graves. Essas medidas geralmente envolvem a injeção de dinheiro do governo ou a realização de empréstimos com condições extremamente favoráveis para evitar falências em massa e “proteger” (sim, com aspas) a economia de uma possível crise.

Embora os bailouts possam ser vistos como uma forma de “proteger” (com aspas novamente) a economia e evitar danos maiores, eles também são altamente complexos e ponto de discordância entre grandes economistas. Alguns argumentam que os bailouts recompensam empresas e setores que são mal administrados, criando um ambiente mais perigoso em que as empresas se sentem mais confortáves para tomar riscos excessivos, sabendo que o governo irá salvá-las se tudo começar a dar errado. Outros, argumentam que os bailouts criam desigualdades econômicas, beneficiando apenas as empresas e os setores mais poderosos e deixando de fora aqueles que estão do outro lado da moeda: a população de classes mais baixas. Há ainda a percepção dos que refletem que os bailouts são necessários para proteger a economia de uma crise mais ampla e para evitar o desemprego em larga escala, esses últimos afirmam que os custos de “não agir” seriam muito maiores do que os dos bailouts.

Mas por que começamos este artigo tratando do passado? Porque isso já aconteceu pelo menos duas vezes, de forma explícita, nos últimos tempos.

Em ordem cronológica decrescente, um exemplo de bailout notável foi o resgate financeiro de 2008, quando o governo dos Estados Unidos aprovou uma série de medidas para salvar o setor financeiro, que estava enfrentando grandes problemas devido à crise do mercado imobiliário. Isso posto, foram injetados bilhões de dólares em grandes bancos e companhias de seguros, como o Bank of America e o AIG (American International Group), visando evitar falências em cascata e estabilizar a economia americana e mundial. Essas medidas foram controversas na época, 15 anos atrás, com muitas pessoas argumentando que os bancos deveriam ter sido deixados falir. Por outro lado, muitos economistas acreditam que o resgate financeiro de 2008 foi necessário para evitar uma crise econômica ainda maior. Sem os bailouts, argumentam eles, os bancos teriam entrado em colapso, levando a uma cascata de falências de empresas e instituições financeiras em todo o mundo. O desemprego teria disparado e a economia teria entrado em uma grande recessão.

Além do resgate financeiro de 2008, houve outro evento considerável na história: o bailout de 1979, da Chrysler Corporation, uma das principais montadoras de automóveis dos EUA. A empresa estava enfrentando dificuldades financeiras significativas devido à concorrência estrangeira e a problemas de qualidade em seus carros. O perigo de falência era iminente, o que teria um efeito negativo significativo sobre a economia, pois a Chrysler era responsável por empregar cerca de 150.000 pessoas. Para evitar a falência da empresa, o governo aprovou um bailout de 1,5 bilhão de dólares em empréstimos, mas, em contrapartida, exigiu que a empresa apresentasse um plano de reestruturação para se tornar mais eficiente e competitiva. Os defensores da realização de bailout utilizam como argumento o que ocorreu neste caso, pois a Chrysler foi capaz de pagar os empréstimos antes mesmo do previsto e dar continuidade se mantendo na lista das maiores montadoras. Na época houve muita discussão e divergência de ideias, de um lado havia pessoas argumentando que o governo não deveria interferir na economia de mercado, do outro argumentando que a falência da Chrysler teria um efeito cascata sobre a economia, afetando outras empresas e setores, bem como levando a um aumento significativo do desemprego. Em última análise, o bailout da Chrysler provou ser bem-sucedido, permitindo que a empresa sobrevivesse e se tornasse mais eficiente e competitiva. No entanto, também levantou questões sobre o papel do governo na economia e sobre quando é apropriado para o governo intervir para salvar empresas em dificuldades.

Após fazermos a contextualização histórica e a apresentação de dois casos de bailout recentes, e considerando que estamos todos na mesma página quanto aos ocorridos, perguntamos: será que estamos diante de um terceiro bailout? Mas o que efetivamente leva a isso? Alguns pontos que vamos expor:

1) Crises financeiras, que podem ser causadas por vários fatores, como: bolhas imobiliárias, falências em massa de empresas ou instituições financeiras, ou ainda instabilidade econômica global. Em casos como esse, o bailout se assemelharia ao de 2008;

2) Problemas setoriais, com determinados ramos enfrentando dificuldades financeiras devido à mudanças nas tendências de consumo, concorrência, desastres naturais ou outros fatores externos. Neste caso, estamos tratando de uma semelhança com o bailout de 1979;

3) Pandemias e desastres naturais, como a de COVID-19, podem ter um impacto significativo na economia, levando à perdas de emprego em massa e redução do consumo. O governo pode intervir para fornecer assistência financeira para empresas e indivíduos afetados pela pandemia, para evitar uma crise econômica ainda maior;

4) Problemas sistêmicos, que é quando os problemas econômicos são tão grandes e afetam tantos setores que eles se tornam generalizados. Nesses casos, o governo pode intervir para evitar uma crise mais ampla e proteger a economia como um todo. Eis aqui mais uma equiparação com o bailout de 2008, quando os bancos em todo o mundo enfrentaram dificuldades financeiras significativas e foram socorridos.

No último dia 11/03/2023, aqui no Investificar, foi publicado um artigo sobre o encerramento das atividades do Silvergate Bank. Pouco depois, órgãos reguladores americanos fecharam forçadamente outros dois bancos: Silicon Valley Bank e Signature Bank.

Então, estando ciente de todas essas situações e semelhanças entre passado e presente, qual a sua opinião sobre o futuro? Haverá ou não um terceiro bailout?

Conta pra gente nos comentários!

Total
0
Shares
Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Related Posts