A democratização do design

Este é o oitavo texto da nossa série “Unicórnios”, coletânea que abordará a história das startups que alcançaram o valor de US$ 1 bilhão. Falaremos sobre seus fundadores, soluções e expansão. O Canva é destaque neste episódio.

Canva

No último mês, mais precisamente no dia 24 de junho, o Canva, que em dezembro de 2019 tinha sido avaliado em US$ 3.2 bilhões, recebeu novo investimento de US$ 60 milhões e passou a ter um valuation de US$ 6 bilhões

O Canva é uma plataforma que foi criada com o objetivo de democratizar o design. No site, você encontra centenas de materiais gráficos prontos, editáveis, para utilizar em apresentações, panfletos, cardápios, redes sociais, etc. 

Com o modelo freemium, grande parte dos recursos da plataforma estão disponíveis a custo zero. Mas, desde de seu início, a empresa afirma lucrar com os pagantes das assinaturas e sua versão empresarial

Durante a pandemia, o Canva dobrou seu número de usuários pagos. São 500.000 empresas e mais de 1.5 milhões de usuários do Canva Pro. Mais de 30 milhões de pessoas usam a plataforma, 90.000 escolas e universidades, 55.000 ONGs e grandes empresas como American Airlines, Hubspot e Warner Music. A empresa afirma que 80 designs são feitos a cada segundo.

História

Diferente dos unicórnios mais pops que conhecemos, o Canva não foi criado na Califórnia e sim em Perth, capital da Austrália Ocidental. 

Com 19 anos, Melanie Perkins, começou a trabalhar na ideia inicial que, em 2013, se tornaria o Canva. Durante a faculdade, criou uma ferramenta que auxiliava alunos a montarem seus livros anuais, com sugestões de design e conteúdo editável. A ferramenta se tornou a maior de anuários da Austrália, expandindo para França e Nova Zelândia. 

Em 2011, Melanie e Cliff Obrecht, seu namorado, começaram a pensar na aplicação da sua ferramenta para mais cenários. Com a ajuda de um investidor, encontrou seu sócio com bagagem técnica, Cameron Adams, hoje CPO do Canva, ex-Google. Em 2013, lançaram uma primeira versão da plataforma para alguns usuários. 

Competindo com gigantes, como Adobe e Microsoft, o sucesso do Canva foi imediato. No primeiro mês, afirmam ter conseguido 50 mil usuários. Com uma plataforma simples, gratuita, conquistaram um grupo que não precisava ter bagagem em desenvolvimento de peças gráficas. Fornece modelos editáveis para adição de conteúdo, descentralizando esse tipo de habilidade.

Melanie Perkins, fundadora e CEO do Canva

Falar do Canva e não falar de sua fundadora é impossível. Melanie está em um grupo infelizmente pequeno, de CEOs de startups, e, mais seleto ainda de startups que se tornaram unicórnios. Empreendendo desde os 14 anos, na lista da Forbes 30 under 30, aos 28, comanda hoje a empresa de US$ 6 bilhões. 

Sua empresa virou um unicórnio em 2018 e hoje, gerencia um time de 700 pessoas ao redor do mundo. Está presente em Sydney, Manila, Beijim, Filipinas, África do Sul, Austin e San Francisco.

As ferramentas do Canva

Uso o Canva desde 2014 e consegui acompanhar um pouco sua evolução ao longo do tempo. Nestes 6 anos, possibilidade de criação de animação, banco de imagens, fontes, gráficos, GIFs e outros elementos foram adicionados às possibilidades de design da plataforma. 

Alguns dos templates disponíveis no Canva são: apresentações, posts para todas as redes sociais, cartazes, cardápios, logos, banners, infográficos, convites, montagens com fotos, currículos, papel de parede, papel timbrado, calendário, rótulos, comunicados, etc. E também existe a possibilidade de você criar o seu do zero, com dimensão personalizada. 

Ao construir os arquivos, você consegue apresentar usando a própria plataforma em caso de apresentações e salvar em diversos formatos como PDF, JPG, MP4, GIF. 

No Brasil, a ferramenta no uso premium tem custo de R$26,90 mensal na assinatura anual. Na assinatura mensal R$34,90 e R$110 por usuário na versão para empresas. Como paralelo, temos o Photoshop e o Illustrator, cada um a R$90 por mês. Ou o pacote adobe completo por R$224. 

A importância da democratização do design na pandemia

Durante a pandemia, milhares de empreendimentos tiveram que adaptar seus negócios do mundo físico para o digital. Em um momento de crise, poder criar o próprio conteúdo pode ser a salvação de uma empresa. 

Sabemos que uma comunicação bem feita, coerente e esteticamente agradável ajuda e muito na atração dos clientes. E, também no entendimento da mensagem principal. Mas, tudo que tem um lado positivo também pode atrapalhar outro mercado. Com o desenvolvimento de ferramentas como o Canva, designers podem perder oportunidades de projetos. 

Com certeza o Canva não substitui o trabalho de um designer gráfico ou de artistas no desenvolvimento de ilustrações. Mas, com o bom uso ferramenta, podem acabar ficando de lado em algumas ocasiões. Lembrando sempre que, quem fez os modelos editáveis que estão disponíveis, foram os designers. 

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