Taproot, a atualização do Bitcoin que promete escalar a rede

A Taproot, uma atualização que já vem sendo anunciada há tempo para o Bitcoin, foi finalmente ativada neste final de semana. A atualização promete oferecer, tanto aos desenvolvedores quanto usuários, maior privacidade, escalabilidade e segurança à rede.

A atualização foi travada em junho, quando mais de 90% dos mineradores optaram por “sinalizar” seu apoio à atualização. Um período de espera programado entre o bloqueio e ativação deu aos operadores dos nós e aos mineradores tempo para atualizar para a versão mais recente do Bitcoin Core, a 21.1, que contém o código da Taproot.

O que é a Taproot?

A Taproot é um conjunto de várias inovações técnicas ao longo da história do Bitcoin. Em sua raiz estão as assinaturas Schnorr. O Bitcoin vem utilizando o esquema criptográfico ECDSA para suas assinaturas digitais, onde um usuário assina uma transação utilizando sua chave privada para aprovar envios a algum lugar.

Dessa forma, a Taproot atualiza a blockchain para um novo esquema, chamado Schnorr. Toda transação utilizando a Taproot irá passar a utilizar essa nova forma de assinatura digital. Com isso, serão adicionadas novas capacidades, projetadas para aumentar privacidade, segurança e escalar as transações de Bitcoin.

Além de serem menores e mais rápidas que a ECDSA (Algoritmo de Assinatura Digital de Curva Elíptica), o atual algoritmo de assinaturas do Bitcoin, as assinaturas Schnorr têm o benefício adicional de serem “lineares”. Isso significa que é uma combinação que aumentará a privacidade das transações do Bitcoin, permitindo smart contracts mais leves e complexos.

Sendo assim, isso significa que a Taproot expande as capacidades dos smart contracts na rede Bitcoin, enquanto preserva a privacidade da transação. Isso é feito ao permitir que todas as transações na blockchain pareçam ser as mesmas para um observador de fora.

Nesse sentido, a solução depende de três peças de tecnologia que foram implementadas no Bitcoin através da Taproot: P2HS, MAST e SCHNOOR. Abaixo, será explicado um pouco sobre cada uma.

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P2SH 

O “pay to script hash” é uma peça de tecnologia subjacente que atualmente participa da alimentação das transações da rede. Introduzida com o BIP 16, o P2SH bloqueia os Bitcoins através de um script que exige que condições específicas sejam atendidas antes que os Bitcoins sejam disponibilizados.

Em transações padrões, as chaves privadas serão usadas para verificar se as criptomoedas podem ser utilizadas. Já em transações avançadas, será necessário que mais chaves privadas sejam apresentadas antes dos scripts liberarem os Bitcoins.

No entanto, as condições não precisam ser somente as chaves. Dessa forma, as condições podem ser compostas podem ser uma senha, um bloqueio de tempo ou algum requisito exclusivo, podendo ser até vários desses combinados.

MAST

O Merketlized Abstract Syntax Trees foi proposto ainda em 2016, por Johnson Lau, sendo uma tecnologia que reduz o tamanho de dados necessários para escrever um script de Bitcoin. 

Isso reduz a demanda de espaço do bloco, além de melhorar a privacidade, visto que somente revela uma pequena parte do smart contract para a blockchain pública. O MAST obscurece as condições do script de uma transação, revelando apenas a primeira condição que foi cumprida.

Schnorr 

A Schnorr é uma atualização do atual esquema de assinaturas do Bitcoin, permitindo que uma única transação encripte diversas chaves em uma. É esperado que, ao implementar a tecnologia, a rede veja melhorias no tamanho dos dados de transação e se torne muito mais escalável que antes.

Todas as partes envolvidas nessa transação podem cooperar para fazer com que estas transações complexas se pareçam com transações padrões de pessoa para pessoa. 

Isso pode ser realizado através da combinação de suas chaves privadas para criar uma chave pública, bem como combinar suas assinaturas para criar uma nova assinatura. Sendo assim, isso é o que propõe a tecnologia de assinaturas Schnorr.

Benefícios

Em transações específicas e complexas, a Taproot deve aumentar a privacidade enquanto reduz a quantidade de dados utilizados para realizá-las. Isso reduz os custos de transação, que se tornaram muito mais altos à medida que o Bitcoin foi se tornando popular.

Além disso, o benefício será estendido para aplicações que utilizam contratos com bloqueio de tempo, como a Coin Swap, que mistura transações Bitcoin para ofuscar a origem da criptomoeda, bem como seu destino. O mesmo se aplica a Lightning Network, uma rede de segunda camada que agrupa transações fora da cadeia (off-chain).

Nesse sentido, estes aplicativos, graças ao Taproot, irão se tornar mais privados. Com isso, de acordo com o criador da Taproot, esta atualização irá permitir um maior anonimato possível definidos para smart contracts de partes fixas, fazendo com que pareçam os pagamentos mais simples possíveis.

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Conclusão

Somente, apenas pouco mais da metade dos nós de Bitcoins sinalizaram que irão dar suporte ao upgrade Taproot. O resto dos nós estão utilizando software antigo, o que significa que não estarão aptos a aplicar as novas regras do Taproot, pelo menos até realizar o upgrade para o Bitcoin Core 21.1. 

Além disso, qualquer minerador que não tenha realizado a atualização para o novo software não estará permitido de realizar uma mineração bem-sucedida na rede, perdendo a oportunidade de ganhar novas recompensas por bloco. 

No entanto, os desenvolvedores trabalharam para garantir que os mineradores tivessem o tempo suficiente para se adequar à nova realidade. Mais de 90% dos mineradores já sinalizaram que desejam atualizar realizar o upgrade para o novo software. Inclusive, esse foi um dos motivos para que a atualização Taproot fosse adiada ainda em junho.

Nesse sentido, a ativação da atualização não significa que todo o trabalho está realizado. Os usuários não estarão permitidos a enviar ou receber o novo tipo de transação até que sua carteira de Bitcoin suporte a atualização. A maioria das carteiras ainda não suporta. 

Os desenvolvedores das carteiras terão que escrever um novo código para estas poderem fazer que estas transações sejam possíveis. Se a história pode ser um guia, pode levar meses ou anos para que as carteiras se atualizem. Levou cerca de 2 anos para que 50% das carteiras adotassem a SegWit, última atualização do Bitcoin.

Por fim, a principal coisa a ter em mente é que a Taproot irá permitir novos desenvolvimentos e novas soluções. Ela fornece aos desenvolvedores uma caixa de ferramentas expandidas para continuarem a idealizar e construir. Alguns projetos que irão utilizar os recursos da Taproot já estão em andamento, mas ainda tem muito por vir.

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