Relatório diz que inflação alta deve continuar a ser tendência no Brasil

A Capital Economics revisou as expectativas de inflação no Brasil para os próximos dois anos e confirmou que a tendência de inflação no país deve seguir, ainda que menor, com o avanço da vacinação.

A previsão para 2022 foi um pouco melhor do que a anterior, com um índice inflacionário que passa dos 3% para 1,3% ao longo do próximo ano. A previsão para 2023 agora é de 1,8%. Porém com incertezas políticas que historicamente tomam conta do Brasil, essas previsões podem ser revistas e com índices ainda mais negativos.

Além da inflação que não deve ser menor do que 1% mesmo nos cenários mais positivos, o país provavelmente irá continuar apresentando um crescimento fraco de sua economia, ou mesmo inexistente. O relatório da Capital Economics pelo menos dá sinais de esperanças aos brasileiros, entendendo que o cenário de “estagflação” será temporário.

Selic deve aumentar ao longo de 2022

De acordo com o relatório, o Banco Central em 2022 vai ficar ainda mais atento do que esteve este ano para controlar a inflação e prevê que mesmo com uma inflação no próximo ano menor do que os atuais 10,25% de 2021, a taxa selic deverá subir novamente e atingir o patamar de 9% ao ano, contra os atuais 6,25% fixados em setembro.

William Jackson, que é economista-chefe da Capital Economics, entende que o PIB do Brasil em 2022 deve ficar abaixo do esperado para um período onde é normal que aconteça uma recuperação econômica, por conta da grave recessão que aconteceu em 2020 forçada pela pandemia. A previsão mais otimista é de um PIB 3,5% menor do que o esperado.

Economia brasileira se recuperou entre junho e julho, mas desceu após esse período

Durante junho e início do mês de julho, a economia brasileira teve uma melhora significativa, o que contribuiu para uma previsão mais positiva do PIB, até mesmo em comparação com países desenvolvidos, valorização do real em relação ao dólar e aumento no número de exportações.

E justamente em um momento onde a vacinação da Covid-’19 começou a evoluir, é que as incertezas políticas tomaram conta do cenário, além das supostas irregularidades da equipe da economia ao estarem mantendo offshores em paraísos fiscais. Todos esses detalhes foram a última gota para investidores em mercados emergentes.

Preço dos alimentos, inflação alta e conta de luz estão entre os maiores vilões

O primeiro choque acontece quando nos deparamos com o preço dos alimentos e o aumento da inflação, Mesmo com uma seca, as desculpas do Governo Federal para o recente aumento da conta de luz não foram suficientes para manterem um cenário ao menos estável na economia.

O aumento mensal dos preços dos alimentos para o consumidor foi o maior desde a criação do plano real em 1994, além de uma inflação que chegou aos 10% e se configurou como a maior desde 2016. Somados a esses fatores, o pib per capita segue diminuindo e deteriorando o já baixo poder de compra do brasileiro médio. 

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