Um novo estudo da Fundação Getúlio Vargas foi realizado e divulgado, apontando quanto ganham os day traders mais experientes do mercado financeiro. O estudo mais recente sobre os day traders contou com a participação de 1218 pessoas experientes nesse segmento.
A pesquisa levou em conta day traders do mini índice, mini dólar e também de ações. Os dados apontaram que apenas uma pequena parcela consegue faturar mensalmente um valor “alto” com a profissão, segundo os critérios considerados.
O day trade tem sido uma modalidade de operações no mercado financeiro com um discurso predominantemente voltado a ganhos altíssimos, segundo alguns que atuam nesse meio. Mesmo assim, a pesquisa mostra que grandes resultados nesse segmento não são alcançados de forma tão simples quanto se pensa.
O estudo da FGV foi publicado na semana passada (8) pelos pesquisadores da Fundação e revelou que dos 1218 participantes da pesquisa, apenas 62 apresentaram ganhos mensais acima dos R$10 mil.
Os dados utilizados pelos pesquisadores foram através do acesso da base de dados reais de negócios dos participantes, com as operações realizadas entre 2012 e 2017. Foi o terceiro estudo realizado no assunto day trade, de modo que dessa vez o foco acabou sendo os mais experientes nesse mercado.
Além disso, entre os day traders considerados experientes que foram encontrados no mercado, que totalizaram esses 1218, utilizou-se como critério aqueles que realizaram cerca de 90% de todas as suas operações nos últimos 72 meses (6 anos) no formato diário para classificá-lo como day trader, considerando os 3 tipos de mercado que citamos.
O dado que mais chama a atenção da pesquisa, é que mesmo com 6 anos de experiência naquilo que os traders chamam de “tempo de tela”, cerca de 54% dos day traders experientes tiveram uma renda bruta média negativa, ou seja, acabaram tendo prejuízo no total desse período.
Além dos 62 que apresentaram renda bruta mensal média acima dos R$10 mil (o que representa 5% do total), temos dentre esses 28 que apresentaram uma renda mensal acima dos R$20 mil (representando 2% do total). Apenas um obteve lucro acima dos R$50 mil, que é justamente o day trader número 1 do mercado, que apresentou um resultado de R$51,9 mil em média todos os meses durante esse período.
O que os dados representam?
Esses dados podem nos mostrar diversas coisas relevantes sobre a profissão de day trader. Mas uma das coisas que podemos destacar é que não é uma profissão fácil. Embora muitos desse meio, em busca de vender produtos e cursos nesta área, acabam passando uma visão equivocada de ganhos fáceis e rápidos, os dados não mostram que viver de day trade está longe de ser simples.
Apesar disso, não podemos simplesmente dizer que a prática do day trade em si não possibilita ganhos interessantes, mas o problema em si é o discurso que muitos utilizam. A prática em si não é nenhum problema, desde que você saiba o que está fazendo, mas sim quem deturpa a imagem do que o day trade realmente é, escondendo os riscos e as dificuldades de se atuar nesse meio.
Por outro lado, o que chama bastante a atenção nessa pesquisa, é o fato de que a régua para os ganhos de day traders experientes ficou acima dos R$10 mil. Sabendo-se que o salário médio no Brasil até o ano passado não chegava a R$2300, é muito importante que ganhos com day trade abaixo dos R$10 mil fossem divulgados.
Essa régua colocada pela FGV, acaba tirando um pouco da percepção sobre o quanto day traders experientes realmente ganham nesse mercado, dependendo daquilo que se considera como “altos ganhos”.
Valores mais baixos também deveriam ter sido passados, ainda que fossem estatisticamente insignificantes, como justificou a própria FGV ao Valor Investe, quando perguntada sobre isso.
Isso aumentaria a transparência dos dados divulgados e o resultado da pesquisa, embora obviamente isso não tira a credibilidade e nem mesmo a relevância dos dados apresentados, mas que devem ser considerados essas ressalvas para qualquer análise mais profunda.
