Entenda todos os motivos para a queda da bolsa no mês de maio

O Ibovespa (IBOV) fechou em forte queda nesta quarta-feira (12), caindo 2,65%, a 119.710,03 pontos, com a sua maior queda percentual diária desde 8 de março, quando perdeu quase 4% após o ministro do STF Edson Fachin anular todas as condenações impostas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da operação Lava Jato.

Entenda todos os motivos para a queda da bolsa no mês de maio
IBOV – Fonte: Tradingview

O resultado é reflexo da inflação nos Estados Unidos, que subiu acima do que esperavam os economistas. Os investidores estão preocupados em relação aos próximos passos do Federal Reserve.

Importante ressaltar que Fed, banco central norte-americano, já havia informado  que a inflação seria mais alta do que o esperado durante um tempo. A questão para o mercado financeiro é se esse aumento será refletido em fatores temporários ou mais permanentes.

Um possível aumento exagerado da inflação nos EUA, forçando ao FED elevar a taxa básica de juros americana, como resultado, há um aumento no rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos, que, acabaram prejudicando o desempenho da renda variável em todo mundo.

Além disso, o índice de preços ao consumidor nos EUA subiu 0,8% em abril, após avançar 0,6% em março, conforme informou o Departamento do Trabalho, no consenso dos economistas, a projeção era de alta de 0,2%. O resultado aumenta o medo da retirada de estímulos monetários antes do previsto.

Impactos da política brasileira 

Quarentena no Brasil é tudo, menos tédio, tendo em vista que Brasília nunca decepciona.

No cenário político, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia contou com depoimento de Fábio Wajngarten, ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações. 

Na terça, o presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, afirmou que as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre vacinas vão contra o que é defendido pela agência reguladora.

Em seu depoimento, Wajngarten respondeu de forma escorregadia ou em contradição, afirmando nunca ter autorizado peças publicitárias contra a obrigatoriedade das vacinas que foram veiculadas em perfis oficiais do governo.

Além disso, o mesmo negou “incompetência” no Ministério da Saúde, quando, na verdade, disse exatamente isso para a revista Veja em áudio que foi disponibilizado pelo veículo de imprensa.

Em uma discussão acalorada, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), pediu a prisão do ex-secretário, por entender que o mesmo estava mentindo à Comissão Parlamentar de Inquérito. Todavia, o presidente da Comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), foi contra o pedido e disse que a CPI não poderia fazer o papel de órgão julgador de uma testemunha.

Clima em Wall Street 

Nos Estados Unidos, o S&P 500 recuou 2,14%, sendo a maior queda percentual diária desde fevereiro. Já o Nasdaq Composite perdeu 2,67%. A queda generalizada foi provocada por preocupações com o aumento dos preços diante da retomada econômica e dos estímulos econômicos promovidos pelo presidente Joe Biden.

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S&P 500 – Fonte: Tradingview

Em outras palavras, a demanda reprimida dos consumidores, num ambiente de amplos estímulos e de maior poupança, colide com uma escassez de oferta, o que tem feito disparar os preços das commodities, enquanto a escassez de mão de obra aumenta os salários, aumentando a pressão nos preços.

Como resultado, o petróleo dos EUA saltou 1,2% para US $66,08 o barril, o maior fechamento desde 11 de março. O petróleo Brent aumentou 1,1%, para US $69,32 por barril, um fechamento visto pela última vez em 5 de março.

No cenário oposto, o rendimento do Tesouro de 10 anos de referência saltou para 1,6952%, seu maior aumento em um dia desde 18 de março, e o rendimento do Tesouro de dois anos também subiu para 0,1668%.

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Preocupação das Bolsas asiáticas

Em um cenário similar ao de ontem, a bolsa asiática seguiu o pessimismo americano, fechando em sua maioria em queda. A bolsa Tóquio representada pelo índice Nikkei 225 recuou 1,61%, aos 28.147,51 pontos. Ontem (11), o índice perdeu 3,08%, aos 28.608,59 pontos.

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Nikkei 225 – Fonte: Tradingview

O Japão está atualmente em seu terceiro estado de emergência desde o início da pandemia. Em Taiwan, autoridades devem aumentar o nível de alerta na ilha depois de seis casos confirmados na região e sem nenhum sinal da origem real da infecção.

Além disso, ontem (11), a China divulgou dados sobre inflação que mostraram que os preços de vendas nas fábricas subiram em um abril em seu ritmo mais forte em 3,5 anos, enquanto os preços aos consumidores subiram em um ritmo mais fraco. 

Os dados divulgados fortaleceram a preocupação de que uma rápida alta dos preços possa forçar os bancos centrais a elevar suas taxas de juros e a implementar outras medidas para frear a inflação.

Efeitos no dólar 

Anteriormente à pandemia, a quantidade de dólares que circulava na economia era de menos de US $1 trilhão por ano. Agora, com empréstimos a fundo perdido, ou seja, dinheiro entregue aos setores produtivos da economia dado que não precisa ser devolvido e o generoso auxílio emergencial dos EUA, a circulação de dólares atingiu cerca de US $4,4 trilhões a mais.  

Não sendo imune à inflação, o dólar comercial fechou em alta de 1,58% a R$ 5,304 na compra e a R$ 5,306 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em junho registra valorização de 1,76% a R$ 5,32 no after-market.

Dolár- Fonte: Tradingview

Covid no Brasil

Segundo os dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgados nesta quarta-feira (12), 428.034 vidas foram perdidas pela doença. 

O levantamento do Conass, compila dados de secretarias de Saúde dos 26 Estados e do Distrito Federal apontou ainda 76.692 novos casos de covid-19 em 24 horas, com um total de 15.359.397 registros desde o início da pandemia.

Considerando o ranking mundial, o Brasil é o segundo país com maior número de mortes pela Covid-19, segundo dados da universidade norte-americana John Hopkins, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que têm mais de 583 mil vítimas.

O último balanço da vacinação contra Covid-19, divulgado na terça-feira (11) aponta que 36.502.196 pessoas já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19. O número representa 17,24% da população brasileira. Já a segunda dose foi aplicada em 18.380.678 pessoas, ou seja, 8,68% da população.

Além disso, o Brasil caiu uma posição e é o 59º no ranking global de aplicação de doses da vacina contra Covid-19 nesta quarta-feira (12), na relação a cada 100 habitantes. No entanto, o Brasil permanece em quarto lugar, considerando somente o total de 55,4 milhões de doses aplicadas. 

Veja também: Como deixar de ser uma “sardinha”na bolsa?

Conclusão 

De fato, o início do pregão no mês de maio não tem sido um período fácil para os investidores de renda variável. O que faz muitos pensarem na máxima: “venda em maio e vá embora” (“sell in May and go away”), uma hipótese onde as ações tendem a apresentar desempenho inferior no semestre até outubro. 

No entanto, por mais que o cenário possa não parecer muito animador, é importante enfatizar que não se trata de uma chamada para subir as montanhas. Digo isso, pois tenho certeza que você não apostaria que todos os grandes solavancos das bolsas globais nos próximos 30 anos acontecerão sempre no mês de maio. 

Pode até parecer sedutor, no entanto, seria uma atitude um tanto falha. Investir na bolsa não é nada difícil, mas requer tempo, paciência e disciplina, o que a maioria das pessoas não está disposta a ceder atualmente. 

Em suma, não se apresse em vender todos os seus ativos, uma boa carteira é feita de boas e baratas empresas. 

Veja também: Como investir no exterior e se proteger do Risco-Brasil

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