Conforme divulgado no Diário Oficial da União na quinta-feira (24), blockchain, Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas fazem parte da lista de requisitos necessários para “novidades do mercado financeiro” solicitada pelo Banco do Brasil, como parte de seu novo processo seletivo, paras as 4.480 vagas abertas do cargo de Escriturário.
As vagas de emprego e a formação de registros de reservas institucionais são fornecidos para os cargos administrativos, cabendo aos escriturários funções administrativas, tais como: redigir cartas, verificar relatórios e registrar o comportamento dos executivos do banco.
O BB segue tendência que vem surgindo em cartórios e vem registrando documentos na plataforma blockchain desde o ano passado. Redes de blockchain têm sido usadas em registros em todo o país para vários fins, como registro de nascimento e verificação de documentos. Até março deste ano, mais de 150 mil documentos no Brasil foram certificados pela tecnologia por meio do sistema eletrônico de reconhecimento de firma, chamado e-Notariado.
Portanto, a exigência de conhecimento de blockchain no concurso do Banco do Brasil indica que a organização planeja utilizar a tecnologia em atividades internas.
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Por dentro do Banco do Brasil
Vale lembrar que a instituição bancária é mais antiga do Brasil, e, assim como outros bancos comerciais do país, está cada mais se aprofundando no ecossistema de blockchain e criptografias. Importante destacar que no início deste ano, o Banco do Brasil utilizou os bitcoins adquiridos por seu cliente para realizar uma cobrança, em relação às taxas adicionais referente ao de um empréstimo anteriormente obtido. Por fim, o caso foi para o tribunal, onde a decisão foi benéfica para o banco.
Além disso, em abril deste ano, o Banco do Brasil foi uma das instituições financeiras que realizou a coordenação, emissão e distribuição do primeiro ETF de criptomoedas negociado na bolsa de valores do país, o Hashdex Nasdaq Crypto Index (HASH11). Como resultado, a empresa se tornou a primeira instituição financeira estatal a fornecer fundos negociados em bolsa para seus clientes.
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Discordância com o Banco Central?
Na última quarta-feira (23), Campos Neto, presidente do Banco Central, reiterou que o Bitcoin não é uma moeda, mas que deve ser visto como um ativo. Sabemos que esse tipo de discurso não é novo, bancos centrais de todo mundo tem utilizado essa narrativa, com objetivo de promover o Central Bank Digital Currencies ou CBDC, na sigla em inglês, no caso de nosso país, o “real digital”.
No entanto, conforme o edital do Banco do Brasil, há uma controvérsia sobre os termos usados por Campos Neto, onde a publicação se referiu ao Bitcoin como a moeda da era digital. Esse tipo de discussão já existe há muito tempo e, fora do das fronteiras brasileiras, onde bancos como o JPMorgan tratam o Bitcoin como uma classe de ativos.
Todavia, se formos considerar a relação entre moedas legais, como o dólar americano, e o preço de produtos específicos, perceberemos que a sua comercialização ocorre nos commodities em todo o mundo. Em suma, ao que tudo indica, apesar das negativas do Bacen, um dos mais respeitados bancos brasileiros, acredita que o Bitcoin é dinheiro digital.