Ações de alguns dos principais bancos europeus e americanos despencam nesta segunda-feira, após grande repercussão referente a denúncias de sua participação com diversas práticas criminosas, entre elas, lavagem de dinheiro.
Essa participação teria sido feita, através da continuidade na prestação de serviços de clientes, mesmo após estes teriam sido denunciados ou suspeitos de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, corrupção, terrorismo, dentro outros crimes. As transações com grande montante de dinheiro suspeito desses crimes, abrangem o período de 1999 a 2017.
A denúncia, feita pelo BuzzFeed News e com ampla participação de diversas organizações de notícias, entre elas, o Consórcio internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), mostra que estes bancos citados no relatório teriam realizado transações e movimentações que cercam a soma de US$ 2 trilhões de origem ilícita.
Todas estas questões foram levantadas com base nos documentos FinCEM, que são cerca de 2650 documentos desses bancos enviados a autoridades governamentais dos EUA que explicitam o comportamento e as explicações referentes às movimentações bancárias e transações realizadas pelos seus clientes, e assim, esses documentos comprovariam as ilegalidades com participações destes bancos.
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De todos esses documentos FinCEM citados, que já foram distribuídos para organizações de notícias de mais de 80 países, quase 80% teriam atividades suspeitas.
Todas essas denúncias, movimentaram fortemente o mercado de ações desde o início do pregão desta segunda-feira, principalmente dos bancos que foram citados diretamente nos relatórios.
Dos bancos do Reino Unido, por exemplo, o HSBC, com queda de mais de 7% nas suas ações e Standard Chartered com queda superior a 5%. As ações do HSBC atingem seu menor valor dos últimos 25 anos e ainda se tem informação que o governo da China tem possibilidade de colocá-lo entre sua lista de bancos não-confiáveis, o que pode ser um tombo ainda maior a longo prazo.
Outros grandes bancos envolvidos são JPMorgan Chase, banco americano com queda nas ações de mais de 3%, além do maior banco da Alemanha, que é o Deutsche Bank, com queda superior a 8% e Société Générale de Paris, com queda de quase 6%.
JPMorgan ainda teria dado repasses de 50 milhões de dólares em cerca de 10 anos para o antigo diretor de campanha de Donald Trump, Paul Manafort, que hoje é condenado por fraudes fiscais e bancárias.
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Vale lembrar que outro banco global americano envolvido é o Bank of New York Mellon, sendo o quarto colocado dos 5 maiores bancos envolvidos em números correspondentes ao valor de 2 trilhões de dólares da investigação. O primeiro colocado nesse quesito seria o Deutsche Bank, com quase US$ 1,3 trilhão.
De forma mais específica, podemos listar os 7 bancos da lista de denunciados com as maiores quantias suspeitas de movimentações e os valores aproximados correspondentes, conforme dados fornecidos pelo Consórcio internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ):
Como se é esperado, as denúncias acabaram por influenciar não só os bancos envolvidos, que são vários, mas abrangeu e refletiu nos mercados de diversos países.
Os contratos futuros do Dow tiveram uma queda de mais de 500 pontos, o S&P 500 futuro caiu mais de 50 pontos e os contratos futuros de Nasdaq 100, mais de 170 pontos.
Com o mercado exterior em queda, rebateu-se inclusive dentro das ações dos bancos Itaú e Bradesco, no Brasil, ambos com declínio de quase 0,5%. Em Hong Kong, as quedas foram de aproximadamente 2% e a bolsa de Paris, mais de 3%.
Quanto a possibilidade de mudanças, sejam elas para melhor ou pior dessas ações bancárias num futuro próximo, estará fortemente ligado aos desdobramentos e consequências dessas investigações, além de obviamente dos demais fatores que já vivemos há meses, com a pandemia e suas influências sociais e econômicas.