O mercado de criptomoedas, mais especificamente o de Bitcoin, está entrando em um caminho sem volta: a financeirização. Normalmente, esse é o caminho seguido por quase todos os ativos já existentes na história da humanidade, desde metais preciosos e commodities até ações de uma empresa. O Bitcoin está seguindo esse caminho e entrando nos derivativos.
O processo geralmente é o mesmo: descobrir o ativo, tentar encontrar um preço justo para ele, atender à necessidade de sofisticação das negociações e criar liquidez. O mais interessante é que estamos tendo a chance de presenciar esse processo de financeirização ao analisar o Bitcoin.
É inegável a evolução pela qual o mercado de criptomoedas passou nos últimos anos. O Bitcoin não tinha preço até 2009, quando um programador trocou 10 mil BTCs por duas pizzas, dando o primeiro preço para o Bitcoin. Ele não tinha negociação na Internet até que, em 2010, foi criada a primeira “bolsa de valores” com Bitcoin.
A financeirização
O próximo passo foi dado quando duas pessoas conseguiram negociar um contrato futuro de Bitcoin ainda em 2014, dando início à negociação de derivativos, que levou o mercado de Bitcoin para o próximo nível em termos de liquidez, volume e maturação.
Os derivativos são o principal atrativo para o dinheiro institucional e, embora eles tenham sido negociados com boa liquidez pouco depois de sua criação em 2014, eles passaram a entrar em evidência com a Bitmex, ainda no segundo semestre de 2017.
Desde então, a financeirização do Bitcoin decolou. Em 2017, a LedgerX entregou a plataforma Futuros com entrega física e, em seguida, a Chigaco Mercantile Exchange (CME) lançou sua plataforma.
Em 2018, vimos a ICE, proprietária da NYSE, anunciar um Data Feed de criptomoedas, assim como sua plataforma de mercado futuro de Bitcoin, a BAKKT, que tem lançamento previsto para este ano. Ainda em 2018, a Goldman Sachs investiu na Bitgo, uma empresa de custódia de criptomoedas, e a TD Ameritrade apoiou a plataforma de futuros Erisx.
Para 2019, esperamos acontecimentos importantes como a Custódia Digital da Fidelity (que está em testes), o lançamento do mercado de futuros de Bitcoin na Nasdaq e a custódia de criptomoedas fornecida pela Northern Trust.
Segundo estimativas da Bitwise, os volumes diários do mercado futuro de Bitcoin já representam mais de 30% do volume do mercado à vista.
Outra área que está decolando rapidamente é o mercado de garantias e empréstimos do Bitcoin. A Genesis Capital processou mais de US$ 1,1 bilhão em empréstimos em dinheiro e em criptomoedas no último ano, com Bitcoin representando a maior parte do valor da transação.
O que são os derivativos?
É impossível explicar os derivativos sem dar nenhum exemplo. É por isso que a melhor maneira de esclarecê-los é na prática, como veremos a seguir.
Imagine que você seja um produtor de milho. Para que você tenha lucro, será preciso vender a saca por R$ 15, que é exatamente sua cotação de hoje. No entanto, sabemos que a colheita leva meses. Nesse intervalo o preço da saca pode oscilar, seja para cima ou para baixo. Então, o que você faz?
Você tem duas alternativas: correr o risco e se submeter à volatilidade ou utilizar os derivativos para garantir o preço de venda que vai gerar lucro. Um produtor sábio escolhe os derivativos, neste caso, o mercado de opções. Mas como ele consegue garantir esse preço de venda sendo que sua colheita só estará pronta daqui a 6 meses?
No mercado de opções isso é possível. O produtor paga uma espécie de seguro e compra uma opção que dá a ele o direito de vender o milho por R$ 15 em uma data futura (daqui a 6 meses). Mas quem embolsa o valor pago na compra da opção? O especulador, que recebe o prêmio pago pelo produtor para assumir o risco da oscilação do milho.
Se no dia do vencimento do contrato o preço do milho estiver R$ 10, o produtor terá o direito de vender seu milho por R$ 15 ao especulador. Nesse caso, o especulador assume o prejuízo, que é a diferença entre o preço que ele vai pagar pelo milho do produtor (R$ 15) e o preço de mercado (R$ 10). Mas e se o preço do milho for R$ 17?
O produtor vai preferir vender no mercado porque seu lucro será maior, e o especulador embolsará o prêmio que foi pago pelo produtor na compra da opção. Você pode notar que não houve perdedor nessa negociação. O especulador ganhou o prêmio e o produtor, mesmo perdendo o dinheiro gasto na opção, pôde ter um bom lucro.
Esse é o lado fascinante dos derivativos. Eles são instrumentos financeiros que transferem riscos entre duas partes, além disso, possibilita a proteção e a especulação. Além disso, eles permitem a alocação de recursos e criam liquidez para todo sistema financeiro mundial.
O próximo passo do mercado
O mercado de derivativos de Bitcoin ainda está em estágio praticamente embrionário, se comparado com o que temos hoje no mercado tradicional. De acordo com o relatório mais recente da BIS (Bank for Internacional Settlement), o tamanho estimado do mercado mundial de derivativos é de US$ 595 trilhões, embora alguns pesquisadores acreditem que o tamanho real seja de US$ 1,4 quatrilhão.
Os derivativos oferecem mais vantagem na execução de diferentes estratégias que possibilitam ganhar dinheiro em diferentes cenários de mercado. Se antes só era possível ganhar dinheiro comprando caro e vendendo barato, hoje os investidores têm mais opções.
Com as estratégias personalizadas dos derivativos, é possível se beneficiar em quase todos os cenários do Bitcoin, seja de queda, alta, volatilidade ou estabilização. Além disso, é possível montar operações estruturadas que remuneram ou protegem a carteira de investimentos. A estratégia vai depender do perfil de risco do investidor.
Em termos de maturidade, os derivativos representam uma evolução do mercado de criptomoedas, principalmente em termos de liquidez e estratégias de proteção de carteira ou de especulação.
Como operar com derivativos de Bitcoin no Brasil?
Ainda não existe nenhuma plataforma de futuros ou opções no Brasil. Se você quiser operar por conta própria, precisará usar a Deribit para opções e a Bitmex para a negociação de contratos futuros. No entanto, elas são extremamente complexas para usuários que ainda não entendem esse mercado.
Contudo, é possível contratar operações prontas e já montadas por especialistas com background nesse mercado.
A Nox Bitcoin é a primeira empresa brasileira a oferecer a montagem desses investimentos. É possível contratar operações que apostam a favor da volatilidade ou estabilização e também na queda ou subida de preços.
Uma dessas operações é a compra de volatilidade, que já foi falada em nosso post anterior. É possível ganhar dinheiro tanto na queda, quanto na valorização do Bitcoin. Nesse caso, o que importa é a oscilação de preço.
Outra operação bem-conhecida é a de Capital Protegido, focada em proteção da carteira. É possível se proteger 100% da queda do Bitcoin e ainda ter lucro parcial na alta. O que torna o Capital Protegido uma operação interessante para quem não quer assumir riscos.
Quer conhecer mais sobre as nossas operações em derivativos de bitcoin? Entre em contato com nossos especialistas para saber qual é a melhor alternativa para você.
Conclusão
O mercado está caminhando a passos largos para um maior grau de profissionalismo em suas operações. No ano de 2017, o Bitcoin cresceu muito rápido com uma infraestrutura ainda quase amadora. No entanto, o crescimento serviu para chamar atenção ao potencial das criptomoedas.
Se 2017 foi de expansão, o ano de 2018 foi de grande retração de preços, mas não de estrutura da mercado. Novos instrumentos financeiros se desenvolveram, entre eles os derivativos. O Bitcoin está em um caminho de inevitável financeirização, que vem sendo pavimentado lentamente, mas que crescerá rapidamente.
Glossário
Mercado futuro – O mercado futuro é como qualquer outro mercado que conta com a presença de vendedores e compradores influenciados pela oferta e demanda dos ativos negociados. A diferença é que, em vez de ativos à vista, são negociados contratos para liquidação em uma data futura específica, previamente autorizada.
Liquidez – A liquidez descreve o grau no qual um ativo pode ser rapidamente comprado ou vendido no mercado sem afetar o preço dele. O dinheiro é considerado o ativo mais líquido, enquanto imóveis, coleções e obras de artes são relativamente ilíquidos.
Entrega física do ativo – Normalmente, a liquidação dos contratos no mercado futuro é exclusivamente financeira. No entanto, alguns contratos, como os de soja e café, ainda possuem entrega física de mercadoria (liquidação física).
Investidores institucionais – Eles são o dinheiro de verdade, os provedores deliquidez aos mercados financeiros internacionais. Eles que dão condição para essa roda girar. Os institucionais são capazes de quebrar um mercado só apertando um botão. Tratam-se de grandes empresas, fundos de investimentos, fundos de pensão, hedge funds e seguradoras. Os Bancos Centrais, apesar de não serem institucionais, atuam pesado no mercado de câmbio.