Já comentamos anteriormente aqui sobre o Ethereum, uma plataforma de programação que utiliza a tecnologia blockchain. Por meio dela, o Ethereum cria uma rede capaz de suportar os contratos inteligentes, que nada mais é do que um código que define regras estritas e consequências, da mesma forma que um documento legal tradicional.
Desse modo, o programa em execução no Blockchain será executado automaticamente à medida que atenda as condições que são estabelecidas.
Todavia, Ethereum não é apenas uma rede inteligente, é também criptomoeda. O Ether (ETH), possui como objetivo o desenvolvimento da plataforma de blockchain Ethereum, ou seja, trata-se do combustível da plataforma para financiar a mineração e pagar, por exemplo, os contratos inteligentes.
Em paralelo, Ethereum também hospeda projetos de Finanças Descentralizadas (DeFi). Os contratos inteligentes permitem que os desenvolvedores criem funcionalidades mais avançadas, tal como os aplicativos descentralizados, mais conhecidos como DApps.
Todas as grandes oportunidades que Ethereum oferece fizeram com que a sua criptomoeda ETH, alcançasse o segundo lugar no ranking, no entanto, alguns analistas projetam que o ETH pode desbancar o “reinado” do Bitcoin em um futuro próximo.
A corrida das criptos
É certo que o Bitcoin e Ethereum possuem as suas similaridades, principalmente quando o assunto é descentralização, pelo qual não há necessidade de nenhuma autoridade monetária central, para emissão de moedas e manutenção da rede em funcionamento.
No entanto, ambas possuem objetivos distintos. Enquanto o Bitcoin foi criado com objetivo de ser uma moeda e um meio de pagamento, o Ethereum quer tornar um ecossistema descentralizado.
Apesar de os projetos serem distintos, a atual popularidade do token ETH, vem demonstrando o crescimento do seu valor de mercado, provido de uma grande valorização, o que acaba criando uma mudança de perspectiva dos detentores de Bitcoin, onde o ETH coloca uma pressão sobre a principal moeda no mundo atualmente.
Apesar de o Bitcoin (BTC) ser a criptomoeda mais famosa até então, que vem ganhando força como ferramenta deflacionária e também como reserva de valor, assim como o ouro, a ETH é visto por diversos analistas como o pilar estrutural de toda a economia cripto-nativa e, dessa forma, funciona mais como um meio de troca.
A discussão sobre qual das duas criptos é a melhor e mais rentável de 2021 está longe de acabar. No entanto, em 2020 o troféu de mais rentável ficou com o Ethereum, que subiu 5,5 vezes ao passo que o Bitcoin subiu 4 vezes, uma diferença de 30%.
Em 2021 a tendência continuou, onde o Bitcoin teve aumento de 85%, ao passo que o Ethereum subiu 260%.
Opinião do mercado financeiro
Essa discussão tem sido promovida por todo o mercado financeiro, no entanto, ninguém menos que o maior banco americano, o JPMorgan, que bateu o martelo e escolheu a sua favorita.
Segundo a instituição, o Ethereum “deve ter um desempenho melhor do que o Bitcoin no longo prazo”, tendo em vista que possui os requisitos necessários para capturar uma parte da crescente economia cripto.
Apesar de todo o crescimento do Bitcoin nos últimos anos, o JPMorgan avalia que o Ethereum foi projetada ilimitadamente em relação aos casos de uso, que vão muito além da transação da criptomoeda e permitem a criação de contratos inteligentes para diferentes áreas e aplicações.
Ao contrário do Bitcoin, que é um dos ativos escolhido pelos investidores que procuram uma reserva de investimento de valor, que possua proteção contra a inflação, tal como os investimentos em ouro.
Outro ponto que distingue as moedas é o tempo de transação. Enquanto com o Bitcoin, esse período é, em média, 10 minutos, as transações com Ethereum levam apenas 20 segundos!
“A rede ethereum há muito tempo é caracterizada por um ritmo mais alto de transações no blockchain público do que o Bitcoin, provavelmente devido em grande parte ao aumento da atividade no setor DeFi e em outras plataformas”, aponta o JPMorgan.
O sentimento DeFi
A vontade do mercado de tornar essas operações financeiras mais descentralizadas e democráticas começa a se tornar uma realidade, devido ao acesso a novas tecnologias, tais como o Ethereum.
Os tokens DeFi têm ganhado popularidade nos últimos tempos, para realizar negócios entre as partes interessadas, minimizando custos e oferecendo soluções inovadoras, transparentes, resilientes e consolidadas, tais como oferecidas, por exemplo, através do Sushiswap.
Como resultado, a alta dos tokens DeFi é parcialmente alimentada pelo rápido crescimento do valor total alocado do mercado DeFi, que sinalizam uma demanda massiva do Ethereum e, consequentemente, de seu token Ether, tendo em vista que cada vez mais aplicativos e tokens passam a depender de sua rede.
Desse modo, o número de usuários se torna crescente conforme aumento nas taxas de gás Ethereum. Mesmo atualmente, as taxas de transação na rede Ethereum ainda não sejam as ideais, a disposição dos usuários em pagar demonstra um fator positivo para uma demanda verdadeira.
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JPMorgan aposta na recuperação
Observamos na última semana que todo o mercado de criptomoedas foi duramente atingido por um choque de liquidez originado no mercado de derivativos. Esses momentos de baixa liquidez, resultam na liquidação do ativo, ou seja, quando o mercado percorre um caminho inverso da aposta dos trader de futuros, corroendo todas as garantias deixadas nas carteiras.
Importante ressaltar que o volume de transações é um dos fatores mais importantes e caso este esteja em baixa, a liquidez estará baixa. Isso, afeta negativamente o mercado de criptomoedas, resultando em um menor lucro.
De acordo com o JPMorgan, tal fato atingiu em maior grau o Bitcoin do que o Ethereum.
“Esse choque de liquidez teve origem no mercado de derivativos, gerando liquidações consideráveis. O efeito foi possivelmente maior em futuros de Bitcoin, onde as liquidações líquidas em posições compradas desde aquele evento totalizam 23% dos contratos em aberto ex-ante; que o dito ETH não está atrás, com 17% das liquidações de longs no mesmo período”, afirma o JPMorgan.
Em contraponto, o JPMorgan afirma que a ETH obteve uma recuperação mais rápida em relação a sua recente liquidação do que o Bitcoin e isso, de acordo com o banco, atribui melhores condições de liquidez no mercado futuro.
Liquidez é fundamental no criptomercado
No momento de comprar ou vender, a liquidez das criptomoedas é parte fundamental, pois é através dela que o investidor poderá determinar se vale ou não a pena comprar um ativo financeiro, agregando mais opções à sua carteira.
O JPMorgan destaca que: “uma proporção maior de tokens de ETH se comporta como se fosse altamente mais líquido do que o Bitcoin, 11% contra 4% por algumas estimativas no mês passado. Em um mercado com volume de negócios à vista significativamente maior, é plausível que a base subjacente da exposição comprada seja menos dependente da alavancagem na forma de futuros e swaps”, diz o banco.
Desse modo, com uma abundância de compradores e vendedores em um mercado líquido, os preços da cripto se tornam muito mais justo para os traders, criando uma alta atividade de negociação, com maior competitividade entre os usuários.
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Ethereum pode alcançar US$10.000?
Diversos analistas já realizam suas previsões em relação o Ethereum e uma delas aponta que a segunda maior criptomoeda do mercado deve atingir a cotação de US$10 mil nos próximos 12 meses.
A previsão é baseada na popularidade dos projetos relacionados ao blockchain Ethereum, como as aplicações de finanças descentralizadas (DeFi). Além disso, grande parte dessa análise está profundamente debruçada nas recentes atualizações da rede, bem como Ethereum 2.0.
Denominada como Ethereum 2.0, a atualização possui o objetivo aumentar a velocidade, a eficiência e a escalabilidade do blockchain, enquanto oferece um processo de validação mais ecológico.
A atualização eliminará o PoW, traduzido como “Prova de Trabalho”. O PoW é um protocolo que faz a confirmação de movimentação através da realização de um problema matemático realizado por um minerador.
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O PoS, que em tradução significa “Prova de participação”, também é um protocolo de validação de transações para o Blockchain, todavia possui um resultado diferente do PoW.
No PoS, o usuário deixa as suas criptomoedas no Blockchain, dessa forma, quanto mais moedas tiver, maior será a sua participação (stake) na blockchain da criptomoeda e consequentemente maior o interesse em que a rede funcione sem falhas.
Desse modo, tecnicamente não existem mineradores, mas sim forjadores, escolhidos com base na quantidade de moedas que têm e há quanto tempo as têm. Para aqueles que deixam por mais tempo e em maior volume, levam a comissão de transação.
A grande vantagem do PoS é que não há necessidade de um grande poder computacional e nem mesmo um alto volume de energia consumida.
Segundo a previsão de Bill Barhydt, CEO da plataforma de criptomoedas Abra Global, “o Ethereum se tornou o computador do mundo. Eu espero uma valorização maciça do preço da ETH nos próximos anos.”
Conclusão
No momento que este artigo é escrito, o Ethereum atingiu outro recorde histórico, subindo para US$2.764, com 15% de valorização nos últimos 7 dias, segundo a Coinmarketcap. Em contrapartida, a recuperação vem em ritmo lento, com 3,54% de valorização nos últimos 7 dias.
Apesar de o Bitcoin ser o pioneiro, desbravando todo mercado, o blockchain do Ethereum não ficou muito para trás. Hoje podemos observar que o valor de mercado o ETH não se encontra tão perto, a ponto de oferecer um enorme risco ao Bitcoin no curto prazo, todavia, não está muito longe para encontrar um terreno totalmente ocupado, no futuro do sistemas financeiros globais.
Mudanças de paradigma podem ocorrer e devemos estar atentos a elas.