Varejo tem pior queda nas vendas de fim de ano de sua história

As vendas no varejo acabaram surpreendendo negativamente os analistas no mês de dezembro de 2020, após anúncio dos resultados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (10).

O mês de dezembro registrou uma queda histórica de 6,1% em relação ao mês de novembro, resultando na segunda queda mensal consecutiva registrada pelo IBGE até agora. 

No ano todo de 2020, apesar das grandes dificuldades, o varejo alcançou um crescimento das vendas no varejo de 1,2%, em especial impulsionado pela disseminação das vendas realizadas em plataformas online.

Apesar dessa alta anual, que foi a quarta consecutiva, a taxa de crescimento de 1,2% foi a menor desses últimos 4 anos, mostrando uma forte desaceleração com os problemas que o varejo sofreu devido a pandemia.

Para se ter uma ideia, após 2016, que havia registrado uma queda de 6,2% no ano nas vendas de varejo, a partir de 2017 esses dados começaram a ganhar força, registrando alta de 2,1%. Em 2018 a alta dessas vendas foi de 2,3% e em 2019, 1,8%.

A queda no mês de dezembro de 2020 acabou sendo a maior  já registrada desde o ano 2000, quando se iniciou a série histórica desses dados obtidos pelo IBGE, o que reflete o período totalmente atípico que vive o setor de varejo com a crise causada pelo Covid-19.

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Além disso, esse recuo fez com que as vendas do varejo voltassem ao patamar registrado em fevereiro, no período pré-pandemia, trazendo à tona o fato de que 2020 acabou sendo, em primeira análise, um ano perdido para o varejo.

Na análise do 4º trimestre, registrou-se uma queda de 0,2% no conjunto dos últimos 3 meses do ano de 2020, comparando com o que se havia obtido no terceiro trimestre. Este terceiro trimestre, por sua vez, havia alcançado 15,5% de alta nas vendas do varejo em relação ao segundo trimestre.

Todos esses resultados acabaram ficando abaixo do esperado pelo consenso da Bloomberg, que estimava uma queda mensal no mês de dezembro de apenas 0,7%. Na estimativa anual, se esperava uma alta de 5,5%, bem acima do resultado que foi registrado de 1,2%.

Entre os motivos que levaram a essa queda surpreendente, estão o aumento da inflação, que registrou alta mensal em dezembro e o auxílio emergencial, que além de ter passado por uma diminuição no valor de R$600 para R$300 nos últimos meses do ano, ainda parou de ser pago à medida que o ano também terminava.

Para 2021, os analistas enxergam que uma recuperação desses resultados só é possível caso haja um maior controle sobre a pandemia por meio de vacinas e ações que desacelerem o contágio.

Além disso, o aumento das vendas do varejo também dependerá da melhora em relação aos dados de emprego, uma vez que temos ainda 14 milhões de brasileiros desempregados, mesmo após 2 meses de queda nesse valor.

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