Sim, este é um post que explica de onde surgiu o termo “unicórnios” usado no mundo corporativo. Mas, antes, achei necessário pesquisar de onde saiu esse animal mítico e porque tem sido muito utilizado atualmente.
O unicórnio
De acordo com Alastair Sooke, crítico de arte britânico, em reportagem para a BBC Culture, estamos em uma era de ouro para este animal. Ele está estampado em dezenas de objetos infantis, representado em desenhos animados, sendo usado como gíria e também para denominar empresas que valem mais de 1 bilhão de dólares.
Mas, de onde surgiu essa figura? Em visita à uma exposição de arte “exclusiva para unicórnios”, o mesmo crítico de arte apontou que o surgimento deles não passou de um interesse comercial dos nórdicos.
Um belo dia, eles encontraram os chifres do narval, um tipo de baleia que vive o ano todo no Ártico, em suas praias. Pensaram que aquele objeto poderia ser vendido para locais distantes com um valor de raridade e prestígio.
E, assim, começou a lenda do unicórnio, animal mitológico que foi reverenciado na Europa por mais de 1500 anos. Foi representado em quadros, painéis, tapeçaria e é até um dos símbolos da Escócia.
Os unicórnios no mundo corporativo. Por que esse termo?
Em 2013, a investidora Aileen Lee, escreveu um artigo sobre as empresas que valiam mais de 1 bilhão de dólares e as denominou do “Clube dos Unicórnios”.
Ela cita em seu texto que sabe que o termo não é perfeito, pois os unicórnios não existem e essas empresas sim. Mas, que o seu sentido, de algo extremamente raro e mágico agradou a ela e sua equipe ao escrever sobre essas empresas.
Lá em 2013, Aileen e seu time, da Cowboy Ventures, fizeram um retrato do momento em que os Estados Unidos estavam vivendo em relação às empresas de software tendo um grande crescimento e chegando a valer muito. Eles analisaram a última década, entre 2003 e 2013 e o crescimento dessas companhias.
Sua definição para unicórnios na época foi, em tradução livre, “de empresas de software presentes nos EUA que foram avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares em investimentos públicos ou privados”.
Hoje, consideramos unicórnios, startups, de qualquer setor, que alcançam o valuation de U$ 1 bilhão ou mais.
Como uma startup entra para o “Clube dos Unicórnios”
Para se tornar um unicórnio, a startup precisa ser avaliada em mais de U$ 1 bilhão. Isso acontece ao receber investimentos ou realizar um IPO.
As rodadas de investimentos acontecem quando o empreendedor recorre à pessoas externas para acelerar o crescimento da empresa. Essas rodadas acontecem em vários momentos e são denominadas de acordo com a sua maturidade. Existe o “seed investment“, que é em um momento inicial, quando não há produtos em funcionamento ainda, depois o investimento anjo, depois séries A, B, C ou D.
Para adicionar dinheiro na empresa, os investidores avaliam o valor daquele empreendimento e oferecem um montante relacionado à uma porcentagem. Tomamos como exemplo: vou investir R$ 1.000 em uma startup em troca de 10%. Ou seja, estou considerando que o valuation da startup é de R$ 10.000.
Quando um fundo de investimento ou investidor individual oferece uma quantia por uma porcentagem e esse valuation calculado é de U$ 1 bilhão ou mais, ela se torna um unicórnio.
Para valer U$ 1 bilhão, a empresa não precisa necessariamente faturar ou receber esse montante em investimentos, basta ela ser avaliada com tal valor. Entenda aqui como é feito o valuation de uma empresa:
Valuation: como calcular o valor justo de uma empresa?
O IPO
O IPO, é uma oferta pública inicial. Ou seja, acontece quando uma empresa abre cotas societárias para terceiros em uma bolsa. Com objetivo de captar dinheiro para a empresa, o IPO se difere dos investimentos privados na disponibilização das ações para qualquer investidor. Mas, é similar à questão do valuation descrita acima.
Uma vez na bolsa de valores, os investidores anjos e os investidores das primeiras rodadas conseguem vender as ações que receberam no início e recuperarem seu investimento, também possibilita lucro para os proprietários e crescimento acelerado.
Como é o cenário mundial de unicórnios
De acordo com pesquisa publicada pelo Distrito em fevereiro de 2020, hoje são 449 unicórnios no mundo. Enquanto eram 393, a Época Negócios informou que juntas valiam mais de US$ 1,2 trilhão. Elas arrecadaram mais de US$ 292 bilhões em investimentos.
As Top 10 empresas atuam em diferentes frentes, como Inteligência artificial, Hospedagem, Tecnologia. As que estamos mais familiarizados são a SpaceX, pelas notícias que a empresa gera, e o Airbnb, mais presente em nosso dia a dia. Juntas, valem mais de U$ 65 bilhões.
Mas e o Brasil? Como fica?
Os dados que serão apresentados a seguir, foram retirados da pesquisa “Corrida dos Unicórnios”. Este documento é divulgado anualmente, produzido pelo Distrito em parceria com a KPMG e TransUnion.
Em 2019, o Brasil foi o quinto país do mundo a produzir mais unicórnios. Somente no ano passado, criamos cinco.
Ao todo, temos nove empresas brasileiras que valem mais de U$ 1 bilhão. Elas são de setores variados, como entretenimento, foodtech, fintech, mobilidade e logística. A maioria delas atende o público final, ou seja, são empresas B2C.
O Nubank já é considerado um decacórnio, valendo mais de U$ 10 bilhões, sendo a empresa mais valiosa da lista. E o Ifood possui o maior corpo de funcionários, chegando a mais de 2770 colaboradores.
O futuro
Comparando com anos anteriores, a criação de unicórnios no Brasil vem crescendo. Para 2020, já temos um confirmado na lista. A Loft se tornou a empresa brasileira a chegar mais rápido neste valuation, em janeiro.
A pesquisa do Distrito monta uma lista das promessas para esse início de década. Podemos contar com empresas de logística, mobilidade, educação financeira, fintechs e adtechs se tornando unicórnios. São elas:
E você? Tem alguma aposta de unicórnio para este ano?
P.S.: A desigualdade de gênero nos fundadores
Lá em 2013, quando a Lee escreveu pela primeira vez o termo “unicórnios”, ela cita a desigualdade presente nos fundadores das empresas presentes no clube. Hoje, 10 anos depois, no Brasil a gente ainda enfrenta essa desigualdade.
Somente duas fundadoras dos unicórnios brasileiros são mulheres. Dentro do corpo das empresas favoritas para alcançar o título em 2020, nenhuma está presente. Ou seja, de 44 fundadores em destaque, somente 4% são do sexo feminino.