Dinheiro é uma das maiores invenções da história da humanidade. Sem ele, não teríamos alcançado o progresso tecnológico e social. Todo mundo deveria entender o seu papel na sociedade. Muitas pessoas acham que o dinheiro é apenas um pedaço de papel colorido que serve para comprar coisas, o que é um puro engano.
Murray Rothbard escreveu um livro que se propõe exatamente a esta tarefa: explicar por miúdos exatamente sobre o que se trata o dinheiro. Você já se questionou sobre a origem do dinheiro, ou o motivo de ele ser tão cobiçado e por que todas as pessoas aceitam ele como forma de troca? Rothbard responde a todas essas perguntas.
A leitura deste livro é ainda mais urgente para quem estuda economia ou gosta de investir. Hoje, mais do que nunca, o significado do dinheiro vem sendo repensado e questionado, principalmente depois que os Bancos Centrais passaram a emitir dinheiro com o suposto papel de salvar a economia.
Também é defendido no livro um sistema de dinheiro livre. Isto é, que permite a livre competição entre diferentes moedas, onde ganharia a que tivesse mais qualidade, reunindo as melhores características de um bom dinheiro: durabilidade, escassez, portabilidade e aceitação. Parecia que Rothbard estava prevendo as criptomoedas com algumas décadas de antecedência.
Este é um livro que muda completamente a forma que vemos o nosso dinheiro, porque passamos a compreender de forma clara o que é desejável para que possamos ter uma “moeda boa”. Rothbard defende que nossa moeda é ruim e que apenas a competição seria capaz de torná-la boa.
O dinheiro é uma convenção social
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, nosso dinheiro não vale ou é aceito porque o governo assim o quer. De fato, há uma lei em todos os países que forçam o curso da moeda em todo território nacional. Se você é comerciante, não pode aceitar, fazer contratos ou pagar impostos em outra moeda.
No entanto, essa lei surgiu apenas depois que o sistema de dinheiro já estava estabelecido. Nosso dinheiro foi sendo escolhido através de um processo de tentativa e erro. Ele não surgiu como uma nota de papel ou uma moeda. Pelo contrário, ele era bem rudimentar no começo da história.
Antes de surgir o dinheiro, era necessário que houvesse um superávit de produção, isto é, uma poupança. Seja em peixes, plantas ou cabeças de gado. Com esse superávit formado, as pessoas começaram a trocar mercadorias entre si. Por exemplo: 1 cabeça de gado por 10 kg de peixes.
Mas aí surge um problema: você teria que encontrar uma pessoa que estivesse interessada em seu produto e que você estivesse interessado no produto dela. Esse é o principal obstáculo do sistema de escambo, porque a troca era direta, não havia um meio de troca em comum com as duas partes do negócio.
Sem o dinheiro, as trocas ficariam prejudicadas e dificilmente haveria tanto acúmulo de capital e progresso, pois o mercado seria mais lento e os negócios demorariam demais para acontecerem.
A evolução do meio de troca
Com esse problema, a sociedade foi resolvendo ele através da tentativa e erro: escolhendo os produtos que teriam maior aceitação entre todas as pessoas. Nossa moeda já foi cabeça de gado, terra, trigo, sal, couro, até chegar na prata, ouro e cobre.
O sistema baseado em moedas metálicas perdurou por milênios, porque o Ouro e a Prata atendem muito bem às funções básicas de uma moeda: escassez, durabilidade, portabilidade, unidade de conta e aceitação.
No entanto, o sistema começou a ser gradativamente substituído por papel moeda, porque as pessoas preferiam guardar suas moedas no banco e andar com um certificado de depósito, que era usado e aceito como uma moeda de troca.
Originalmente, os papéis moedas eram lastreados em ouro e prata. Mas os bancos começaram a perceber que nem todo mundo sacava seus fundos ao mesmo tempo e começaram a emitir certificados além da capacidade, dando início ao sistema de reserva fracionária.
O sistema de reserva fracionária foi completamente substituído pelo sistema de moeda fiduciária e o elo do papel moeda com Ouro definitivamente chegava ao seu fim em 1970. Hoje, o lastro da moeda está na confiança que as pessoas têm no banco central de seus respectivos países. E para o livro, é aí que mora o problema.
Cash is trash
“Dinheiro é lixo”, é uma frase que ficou conhecida por Ray Dalio. Na era da moeda fiduciária, onde os Bancos Centrais detém o monopólio da emissão de moeda, eles podem emitir e controlar a oferta conforme sua vontade. Hoje, os governos estão emitindo moeda como nunca.
Rothbard defende no livro que o dinheiro perde poder de compra quando há um aumento de oferta de novas moedas. Com isso, acontece a inflação. Aliás, muita gente define inflação como aumento de preços, quando na verdade este é apenas um sintoma. Na verdade, inflação é aumento da emissão monetária.
Ainda na frase de Ray Dalio, é possível ver que ele compreende isso. Todo dinheiro emitido está indo para o mercado de ações, imóveis, ouro e outros ativos financeiros. Por isso, quem ficar no dinheiro, vai perder poder de compra conforme o tempo vai passando. Diante deste cenário, ele defende investimentos em diferentes ativos.
O dinheiro é o coração da economia, porque ele influencia completamente na decisão das pessoas que participam dela. Se o dinheiro é “ruim”, a perspectiva de longo prazo da população se torna míope e a nação fica destinada ao empobrecimento. Por outro lado, um dinheiro “bom” permite o acúmulo de capital e a criação do progresso.