Corte de gastos não parece ser uma prioridade na Gestão de Jair Bolsonaro nos últimos tempos. A desconfiança em torno da falta de domínio político e econômico, além dos questionamentos sobre o ministro da Economia Paulo Guedes, faz com que o mercado financeiro a cada dia que passa têm menos confiança no atual Governo. O estopim da vez foi anunciar que irão financiar o Auxílio Brasil com um “drible” no teto de gastos.
O anúncio foi feito na última quarta-feira (20) pelo Governo Federal, que chegou a recuar da decisão momentaneamente após o tombo da bolsa e disparada do dólar. Mas já no dia seguinte retornou com o mesmo argumento e com a resposta de Bolsonaro de que não “haveria intenção de furar o teto”.
Pânico do mercado com o Auxílio Brasil
Não é de hoje que a economia brasileira tem um problema ao lidar com o estado. Além do seu tamanho, as contas públicas não são organizadas e isso acaba sobrecarregando a iniciativa privada.
Com o aumento do risco país, também cresce o número de dólares que sai do Brasil, o que provoca uma desvalorização do real em comparação ao dólar. Esse movimento também repercute na inflação, além de um aumento de juros e um menor crescimento econômico.
O Auxílio Brasil é visto como uma tentativa de dar um amparo aos mais vulneráveis, ao mesmo tempo que Bolsonaro estaria interessado em melhorar a sua posição na corrida eleitoral para 2022, hoje atrás em todas as pesquisas de Lula.
O que diz Paulo Guedes?
De acordo com o Ministro da Economia, existem algumas alternativas que poderão viabilizar o estudo e também os pagamentos do Auxílio Brasil, programa que vai substituir o Bolsa Família.
A primeira alternativa seria rever o teto de gastos, acabando com as correções do teto. Dessa forma, o Governo iria abrir espaço para um novo reajuste fiscal em 2022. Caso seja realmente furado o teto, o Governo precisaria arranjar R$ 30 bilhões fora do teto para dar andamento aos pagamentos.
Por que o mercado não gostou das medidas?
O mercado esperava a princípio, que o novo benefício social do Governo Federal chegasse a no máximo R$ 300, não dos R$ 400 como apresentado na proposta. Acontece que os recursos do Governo já estariam definidos, incluindo uma ampliação do programa, passando de 14 milhões para 17 milhões de famílias atendidas.
O mercado está entendendo a nova medida de Bolsonaro como uma maneira de fazer populismo, de cunho eleitoreiro. O mesmo mercado entende que esse é um tiro no pé, pois se o Governo não consegue respeitar o teto de gastos agora, qual a garantia de que irá fazê-lo após 2022?
A intenção do Governo Federal era de financiar o Auxílio Brasil com a Reforma do Imposto de Renda, que “pelo andar da carruagem” não deverá ser aprovada ainda neste ano. A principal fonte de renda sairia das empresas, que hoje não pagam impostos pela distribuição de lucros e dividendos aos seus acionistas, porém existe muita resistência ao IR.