Tapering e o controle monetário

Para os investidores mais novos, o termo “Tapering” é desconhecido, mas já utilizado por muitas economias quando se fala de controle monetário. Para ajudá-los na caminhada do conhecimento, vamos aqui discorrer um pouco sobre esse termo e ver como foi utilizado na história. Porém, antes de iniciarmos, temos que falar um pouco dos impactos da política de investimento do governo dos EUA ao longo dos anos.

exemplos de injeção de dinheiro na economia

Estando sempre na iminência do inesperado, as nações passam vez em quando por crises em seus países. Uma forma keynesiana de atuar para arrefecer essas crises é obter a ajuda do governo. Uma forma muito praticada pelos EUA para sair das crises é injetando dinheiro na economia por meio da recompra de títulos públicos, o que produz mais liquidez aos seus estados.

Em 2008 os EUA viveram uma crise imobiliária em que precisaram subsidiar a reconstrução de alguns bancos e fazer com que a economia voltasse aos eixos. Uma maneira de colocar esse plano em prática foi investir em títulos de dívidas e em recompra de títulos públicos, de modo a aumentar a liquidez dos grandes bancos e favorecer a retomada de empregos.

O problema advindo dessa ação é que, caso o Federal Reserve (FED) não estiver atento em como esses estímulos estão impactando o país, pode acontecer uma desvalorização da moeda, por conta do aumento na oferta de dólar e uma possível alta da inflação.

No ano de 2020 o mundo foi impactado pela pandemia do vírus SARS-CoV-2, o que para a economia mundial causou um grande nível de desemprego, em decorrência ao Lockdown em muitos países.

Com a chegada ao governo, o presidente Joe Biden implementou políticas sociais para fomentar o crescimento do país. A política deu certo, hoje você consegue ver o resultado dessa ação quando olha para o resultado mensal do Payroll divulgado pela Bureau Labor Statistics, responsável por divulgar os dados de desemprego dos EUA, pois a taxa de desemprego tem caído.

O problema dessa política de investimento é bem-parecido com o problema apresentado na Crise de 2008, porém diferente em natureza. Na crise de 2008 uma grande parcela da população estava inadimplente no pagamento de seus imóveis, o que causou um impacto grande nos títulos imobiliários, pois estavam com uma classificação de risco AAA, o que seria um baixo risco de inadimplência.

Com o risco iminente do não pagamento das dívidas, muitos bancos faliram e uma grande parcela da sociedade ficou desempregada. A natureza dos estímulos da crise de 2008 foi em investir diretamente nas instituições que estavam a beira da falência, comprando seus títulos de dívida e assim auxiliando na retomada da economia.

A crise de 2008 teve um impacto grande na economia, pois a quantidade de estímulos se estendeu até 2013, ano em que escutamos pela primeira vez o termo Tapering, que vinha para desacelerar a quantidade de recursos que o Federal Reserve injetava na economia.

Hoje, com a pandemia de COVID-19, o que observamos foi outra categoria de gasto, o governo com seu pacote social favoreceu aos seus cidadãos uma quantidade significativa de ajuda mensal, cerca de US$ 300,00 por filho.

Com isso e mais outros gastos em infraestrutura o país conseguiu colocar a economia nos trilhos do crescimento novamente. O único problema dessa política é que acabou gerando uma inflação mais alta, sendo a maior alta desde 1982.

Veja também: Ouro, juros e inflação, qual a relação?

Impactos da política de investimentos no Brasil

Conforme os governos injetam dinheiro na economia, a política monetária se altera. Como dito anteriormente, com a recompra dos títulos públicos, muitos bancos se veem no lado de vender seus títulos em troca de maior liquidez para seu caixa.

Com isso, eles podem emprestar mais dinheiro e fomentar mais investimentos no país. O primeiro efeito dessa ação é que com a queda do dólar, muitos países que tem suas dívidas atreladas ao dólar podem se beneficiar e os investimentos em países emergentes com dívida atrelada à moeda pode ficar favorável.

Outro fator já mencionado anteriormente é que com todos esses investimentos tanto no setor de infraestrutura, auxílio para a população e recompra de títulos, a inflação começa a se tornar um grande problema.

É nessas horas que o Tapering se faz necessário, pois quando o crescimento está muito acelerado e gerando problemas para a política monetária, o Federal Reserve começa a fechar a torneira de subsídios e ir controlando mais o cenário.

Um cenário contrário se mostra ao cortar os estímulos monetários, pois com a queda da liquidez, a moeda começa a se valorizar, o que para países como o Brasil pode ser favorável no que tange à exportação.

Com o aumento do número de exportações pelo Brasil, o efeito é que a inflação aumente no cenário interno do país, pois a demanda externa puxa o preço dos produtos.

Com isso, em um cenário de inflação mais duradora, o Banco Central deve estabelecer medidas como o aumento dos juros para poder conter a inflação do país, o que favorece ativos atrelados à inflação e aos juros, como Bancos e títulos de renda fixa.

Veja também: A importância do teto de gastos para o futuro do Brasil

Conclusão

Podemos notar que em cenários externos favoráveis ao aumento dos estímulos monetários, há uma possibilidade de que em países emergentes que tenham dívidas atreladas ao dólar seja uma boa hora para o pagamento dessas dívidas e que, o cenário interno se torna atraente para os investidores externos, haja vista um dólar mais fraco e uma inflação mais forte.

Por outro lado, em momentos quando o cenário é de aperto monetário e o dólar favorece à exportação em países emergentes, a vez é dos investidores internos olharem para os investimentos que respondem bem ao aumento da inflação e, consequentemente ao aumento dos juros, caso a inflação seja duradoura.

Veja também: Política fiscal e seu impacto na economia, devemos nos preocupar?

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