Saiba o que é Open Banking e como isso vai revolucionar o mercado financeiro

Muitas pessoas ficaram bastante entusiasmadas em relação ao período em que o PIX começou a funcionar no Brasil, através da possibilidade de pagamentos e transferências gratuitas 24 horas por dia e 7 dias na semana.

Em paralelo ao PIX, o Banco Central do Brasil estava desenvolvendo também o Open Banking, que é um assunto que tem sido bastante comentado nos últimos dias, e promete revolucionar o mercado financeiro, transformando a relação entre bancos e instituições financeiras com os clientes a partir de então.

O Open Banking deve resultar no aumento de produtos e serviços financeiros disponíveis aos brasileiros, ao passo que aumenta de forma considerável a concorrência entre os grandes bancos e instituições financeiras menores.

A chegada do PIX facilitou ao Banco Central ter o acesso às informações de milhões de brasileiros, suas transações, pagamentos e afins. Quando eram feitos apenas TED e DOC, o banco informava ao Banco Central essas informações, porém agora isso se dá de maneira muito mais fácil e rápida.

O Open Banking surge nessa linha de aprimorar o compartilhamento dessas informações de forma ainda mais integrada. Apesar de ter iniciado a primeira fase do Open Banking no Brasil ontem (1), pouca gente realmente entende como funciona isso. Mas o nosso papel aqui é te explicar isso um pouco melhor.

O que é o Open Banking e como funciona?

Ele se dá por uma série de recursos tecnológicos e também um conjunto de regras no qual permite o compartilhamento de dados de clientes de bancos e instituições financeiras entre si, de uma maneira muito simples e rápida.

Esse compartilhamento será facilitado através da integração dos sistemas bancários e dessas instituições como se fosse um só. A ideia é justamente existir uma forma pelo qual os sistemas financeiros possam conversar entre si e trocar todos esses dados.

Veja também: O que esperar dos bancos neste ano de 2021?

A tecnologia envolvida no Open Banking só é possível de ser executada por conta dos APIs. Essa sigla, API, vem do termo inglês Application Programming Interface, que significa Interface de programação de aplicações.

Explicando o conceito API de forma mais prática e sem aprofundar muito nessa parte técnica, são os sistemas menores, que podem ser criados de diferentes formas, no qual são utilizados para acessar ou criar algo em algum sistema maior, e é através da criação desse sistema de compartilhamento de dados criado pelo Banco Central, que os sistemas financeiros vão trocar essas informações.

Quais as vantagens que o Open Banking oferece aos brasileiros?

A primeira vantagem de se implantar o Open Banking no Brasil, é o aumento da concorrência no setor financeiro. Uma vez que os novos bancos e fintechs possam ter acessos de forma mais rápida às suas informações, eles conseguem oferecer serviços a preços mais baixos, o que não ocorria quando essas instituições não conheciam essas pessoas, mas apenas os grandes bancos tinham acesso a essas informações em massa.

A segunda vantagem que o Open Banking vai trazer ao mercado é a redução das taxas de juros. Os grandes bancos acabam tendo a grande maioria dos dados dos clientes brasileiros, e a partir do Open Banking essas informações serão acessíveis também para os bancos e instituições financeiras menores.

Isso faz com que o acesso das informações dos brasileiros estejam disponíveis também para os pequenos bancos e fintechs, lhes permitindo oferecer empréstimos com melhores taxas de juros, o que causará uma concorrência com os grandes bancos, que por sua vez, terão que abaixar os juros também nessa competição.

Essa última questão pode beneficiar inclusive os empréstimos para microempresas, sendo assim, o Open Banking pode a um prazo um pouco maior auxiliar no crescimento e no desenvolvimento da economia do país.

Uma terceira vantagem que o Open Banking vai trazer ao país é a redução das questões burocráticas no que diz respeito às mudanças de uso entre bancos diferentes e disponibilidade dos mesmos benefícios que outrora se tinha (ou até melhores), já que o histórico dessa pessoa em um banco, agora poderá ser compartilhado com outro.

Além disso, outra vantagem proporcionada pelo Open Banking será a diminuição das tarifas e custos bancários. Apesar da chegada do PIX já proporcionou essa redução de custos e tarifas a zero para clientes em transferências, a tendência é que quaisquer outras taxas existentes nos bancos, seja os pagamentos do uso dos serviços (pagos mensalmente) ou custos bancários de empresas, também tendem a reduzir ainda mais.

Veja também: Dívida pública no Brasil atinge o maior patamar de sua história. Veja os valores

Por fim, a quinta vantagem que podemos destacar da chegada Open Banking é o aumento do poder de escolha dos clientes, que devido a crescente concorrência entre bancos, aliado com a menor burocracia para utilizar serviços diversos até mesmo em bancos diferentes, traz mais liberdade aos clientes em relação às decisões sobre finanças envolvendo os bancos, fintechs ou qualquer outra instituição ou marca ligado ao setor financeiro.

O Open Banking é seguro? Devo confiar?

Se você costuma ficar um pouco desconfiado com tecnologias que incluam o compartilhamento de dados entre sistemas, como é o caso do Open Banking, fique atento a explicação deste tópico.

Se você usa qualquer serviço do sistema financeiro atualmente, saiba que a segurança envolvida no Open Banking será justamente a mesma que está relacionada a esses outros serviços.

Os aplicativos individuais de cada banco que você utiliza ou ainda vai utilizar, vão continuar normalmente com o login e senha de acesso próprios, aos quais os outros bancos jamais têm acesso a esse tipo de informação.

Além disso, se você pensa que isso é uma tecnologia exclusivamente oferecida pelo Brasil e pelo Banco Central brasileiro, saiba que você está muito enganado. Começando pelo Reino Unido, em 2018 e após isso, com a implementação do sistema na Austrália, outros países começaram a se movimentar em favor da inserção do Open Banking em seus sistemas financeiros.

A Índia, por sua vez, já deu os primeiros passos na busca de implementar o Open Banking no país. Mas outros diversos países já fazem estudos sobre a implementação desse sistema em seus territórios.

Entre eles, temos EUA, Rússia e também o Canadá, que podem inclusive fazer o compartilhamento desses dados de forma mais ou até menos liberal entre seus próprios sistemas, ou seja, cada país terá a sua própria individualidade em relação a decisão de como será a sua implementação do Open Banking.

Embora todos esses pontos que acabamos de analisar para lhe mostrar como funciona a segurança do Open Banking, é importante ressaltar que ele não será obrigatório, ou seja, você vai escolher se vai permitir ou não o compartilhamento desses dados para os sistemas financeiros de bancos e instituições, além de poder decidir quais dessas informações serão passadas ou não.

Veja também: Como um único trader gerou uma crise de quase US$ 1 trilhão no mercado de ações americano

Sendo assim, apesar das vantagens descritas aqui que o Open Banking pode trazer ao país, de modo a diversificar a quantidade de produtos financeiros e estimular a concorrência entre bancos, você terá total liberdade de escolha para que eles possam utilizar qualquer uma de suas informações, caso queira.

As instituições de classe S1 e S2, ou seja, qualquer uma que esteja ligado às finanças e tenha atividades no cenário nacional e internacional que em equivalência financeira seja de valor superior a 1% do PIB brasileiro, serão obrigadas a disponibilizar o serviço de Open Banking.

As demais plataformas de pagamento também podem aderir, porém o caráter nesse caso é facultativo, embora a tendência seja que a maior parte das instituições, até mesmo as que podem escolher isso, participem do Open Banking, já que poderão ter acesso às informações de clientes de outros bancos maiores com maior facilidade, o que é bom para essas instituições menores e para os usuários desse bancos.

O Open Banking vai acabar com os grandes bancos?

Se você é um investidor da bolsa de valores de papéis dos maiores bancos que temos aqui no Brasil, como o Santander, Itaú, Banco do Brasil e Bradesco, saiba que apesar do Open Banking fomentar a concorrência entre bancos e consequentemente trazer as menores instituições um pouco mais pra perto na disputa com esses maiores, os “bancões” estão longe de serem fortemente afetados por essa nova mudança.

Assim como aconteceu com o PIX, em que a receita desses grandes bancos com tarifas e custos foram reduzidas, mas não afeta de forma drástica essas instituições, o Open Banking deve se seguir da mesma maneira.

O poder financeiro e estratégico desses grandes bancos é muito grande, uma vez que tem décadas de atuação no mercado brasileiro. Não obstante, eles já estavam se preparando para esse momento, de modo que conseguem amenizar qualquer risco que o Open Banking poderia trazer a eles, como podemos ver o caso do Itaú e Bradesco nesta notícia de setembro do ano passado.

A tendência é que esses bancos se adaptem a isso, trazendo investimentos para suas plataformas que sejam voltadas a manter seus clientes mesmo sob qualquer mudança que o Banco Central venha trazer no futuro, sempre inovando em todos os momentos.

Conclusão

O Open Banking, assim como foi com o PIX, vem para revolucionar o mercado financeiro como um todo e mudar completamente as relações que se tem entre os clientes e as instituições financeiras.

Durante o período das diferentes fases de implementação do Open Banking no Brasil surgirão muitas “fake news” a respeito do tema. É importante ficar atento na checagem de informações e entender que a segurança envolvida nesse sistema é a mesma de todos os serviços de sistemas financeiros com o qual o brasileiro já está habituado há décadas e que só veio se intensificando com o aprimoramento das tecnologias de proteção ao cliente.

A ideia do Open banking é justamente trazer uma maior eficiência de serviços e produtos financeiros, acelerando esse processo inclusive em instituições menores, alavancando a concorrência, e aprimorando a qualidade e viabilidade de custos desses serviços a diferentes tipo de clientes, o que pode colaborar para desenvolvimento econômico do Brasil a longo prazo.

Veja também: Naji Nahas: o trader que quebrou a Bolsa do Rio

Total
1
Shares
Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Related Posts