O Risco-Brasil pode ser determinado como o indicador que mede o grau de instabilidade econômica em que o país se encontra.
Criado em 1992, pelo banco americano J.P. Morgan, o termo Risco-Brasil, de forma geral, serve para ditar os desafios e os riscos de o investidor estrangeiro alocar o seu dinheiro por aqui.
O Risco-Brasil não é um indicador unicamente econômico. Para o seu cálculo, entram em pauta também os fatores políticos e o aspecto social do país.
Mesmo antes da pandemia da Covid-19, o Brasil já passava por um período de instabilidade. Com o advento da pandemia, os fatores foram se agravando e com o longo período de instabilidade econômica provocada por ela, o Risco-Brasil atingiu uma alta de, aproximadamente, 33%.
Como se calcula o Risco-Brasil?
O Risco-Brasil pode ser calculado com base em diversos instrumentos, mas os principais são: EMBI+Br, Rating e os CDs.
EMBI+Br
O EMBI+, é a sigla para Emerging Markets Bond Index Plus (Índice de Títulos da Dívida de Mercados Emergentes), em que é calculado pelo J.P. Morgan Chase. Ele tem como base de cálculo os títulos de dívida pública, seus rendimentos e sua rentabilidade.
Os dados coletados são comparados com os dados dos títulos do tesouro americano. O objetivo principal é medir a relação risco-retorno entre países emergentes, como o Brasil, e os Estados Unidos.
A diferença entre a rentabilidade dos títulos comparados indica o risco que o Brasil apresenta em não honrar com as suas premissas.
CDs
O CDs é uma sigla para Credit Default Swap (Permuta de Inadimplência de Crédito). O CDs atua como um seguro em relação aos calotes nas operações de crédito.
Esses seguros, comumente, são adquiridos por bancos, fundos de investimento e seguradoras, devido ao alto volume que possuem em títulos de dívidas públicas.
Quanto mais contratos como esse estão em circulação por aqui, maior torna-se o Risco-Brasil. Com um grande volume em circulação, fica evidente o quão arriscado é investir no país.
Rating
O Rating é definido por agências especializadas em definir, avaliar e indicar o risco de emissores de crédito, refletindo o atual momento do país.
No caso do Brasil, as agências selecionadas para emitirem o seu rating são a Moody’s, Standard & Poor’s (S&P) e Fitch Ratings. Cada uma delas tem um sistema próprio de avaliação de risco.
De acordo com o seu Rating, as agências podem classificar o país em duas categorias:
- Grau de investimento: Nesta ocasião, o país passa uma segurança aos investidores que desejam se estabelecer por aqui. O mercado entende que existem chances quase que nulas em tomar calote. Portanto, tanto o governo quanto as empresas conseguem realizar empréstimos externos e com juros mais baixos.
- Grau especulativo: Bem diferente do grau anterior, o grau especulativo apresenta uma insegurança muito grande aos investidores. Os fatores que levam a isso são diversos, desde desajustes fiscais à instabilidade política. Com este cenário impregnado, o país só consegue atrair capital especulativo, ou seja, sairá de forma rápida.
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Risco-Brasil e os investimentos
A variação do Risco-Brasil tem impacto em todo o sistema financeiro nacional e é notado até em operações no mercado doméstico.
Com o Risco-Brasil em níveis considerados altos, os investidores estrangeiros decidem retirar o capital aplicado aqui e optam por se refugiar em países mais seguros.
Esse fluxo do capital estrangeiro para outros países causam diversos impactos como: Alta do dólar, aumento dos juros e menor liquidez do mercado de títulos e o mercado acionário.
Assim como o aumento do Risco-Brasil causa impacto, sua redução também ocasiona. Quando o Risco-Brasil apresenta patamares mais amenos, indica estabilidade econômica e assim os investidores estrangeiros voltam a injetar dinheiro no país.
Com a volta do investidor estrangeiro, o mercado fica aquecido, valorizando papéis e favorecendo a liquidez das negociações.
Como o Risco-Brasil impacta o país?
Como foi dito no início deste artigo, o Risco-Brasil não é um indicador somente econômico, mas também está atrelado a fatores políticos e sociais. Neste capítulo vamos abordar os principais impactos que esse indicador pode ter para o país:
Flexibilidade fiscal
A questão fiscal é bastante impactada pelas variações do Risco-Brasil. Conforme esse indicador está muito ligado ao risco que o investidor estrangeiro irá enfrentar, quanto maior esse risco, maior terá que ser o retorno oferecido pelo governo.
Uma maneira do governo aumentar esse retorno é aumentando a Taxa Selic, assim o governo irá pagar mais juros aos investidores. O intuito dessa negociação é que esses investidores permaneçam aqui no Brasil.
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Setor privado
O setor privado também sofre com o aumento do Risco-Brasil. Um possível aumento diminui bastante os recursos que ficariam à disposição do setor e afetam também a sua qualidade. Com todos esses problemas o mercado nacional perde um pouco da sua capacidade de atividade.
Câmbio
Como o Risco-Brasil está vinculado à saída e entrada de capital estrangeiro, o câmbio também acaba sendo afetado por esse indicador.
Com o Risco-Brasil em patamares elevados, o país tem uma menor capacidade de atração dos investidores estrangeiros, o que diminui a entrada de capital no país.
Essa situação se agrava com os brasileiros que também decidem migrar seu capital para o exterior.
Com menos pessoas querendo a nossa moeda, ela se desvaloriza cada vez mais, tornando o nosso câmbio deteriorado.
Patamares históricos do Risco-Brasil
O menor patamar do Risco-Brasil já registrado desde sua criação em 1992, aconteceu no início do ano de 2013.
Naquele momento o EMBI+ esteve em 136 bps, atualmente o EMBI+ está em 333 bps. Em contrapartida, o valor mais alto do indicador aconteceu em setembro de 2002, alcançando os incríveis 2.443 bps.
Conclusão
Por fim, entendemos que o Risco-Brasil é um indicador que determina o quão arriscado é aplicar o dinheiro aqui no país.
Quanto maior o risco para os investidores estrangeiros, maiores são os juros. Isso ocasiona também uma economia instável.
Deste modo, o Risco-Brasil afeta todo o cenário econômico do país, afetando também o poder de compra da população.
Logo, aprender o funcionamento deste indicador torna-se extremamente necessário para quem deseja começar a investir.