O Bitcoin foi criado em 2009 por uma pessoa ou grupo de pessoas, de pseudônimo Satoshi Nakamoto. O Bitcoin se tornou um ativo digital que utiliza uma rede Blockchain, capaz de transferir valor sem a intermediação de bancos ou autoridade central.
Atualmente, dentre as criptomoedas existentes, o Bitcoin é a principal e a que tem maior valor de mercado.
É inegável que o Bitcoin está atraindo a atenção de investidores e reguladores financeiros, dando fortes sinais de que a criptomoeda pode ser sim uma opção entre as moedas fiduciárias, controladas pelos Bancos Centrais de todo o mundo.
Dentre as principais características do Bitcoin, as que mais atraem os entusiastas são a descentralização, a oferta limitada, a imutabilidade, a divisibilidade e a facilidade de transação.
Evidência desse sucesso, é o grande alcance da criptomoeda nos últimos tempos, sendo negociada, no Brasil, em valores maiores do que R$ 300 mil.
Essa maior aproximação da criptomoeda com o investidor brasileiro, abriu espaço para uma excelente conquista na quebra de barreiras e democratização dessa modalidade de investimento.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) aprovou o primeiro ETF de Bitcoin da história da bolsa brasileira, a B3, a pedido da QR Asset Management, gestora de recursos da holding QR Capital.
O que é ETF?
ETF é a sigla em inglês para Exchange Traded Funds. Em português, é algo semelhante a fundos negociados em bolsa. No Brasil, os ETFs também são chamados de fundos de índice.
Esses investimentos são um tipo de valor mobiliário que envolve um conjunto de valores mobiliários, como ações, que geralmente rastreiam um índice subjacente, apesar de poderem investir em inúmeros setores da indústria ou diversas outras estratégias.
Em outras palavras, o ETF são fundos de investimento que buscam replicar um índice, como por exemplo, o BOVA11, que acompanha o índice da bolsa de valores (IBOVESPA). Desse modo, caso o índice IBOVESPA suba 15% no mês, o BOVA11 terá uma rentabilidade parecida. Da mesma forma, se o índice desvalorizar, acontecerá o mesmo com o ETF.
1º ETF de Bitcoin
O ETF é o primeiro da América Latina atrelado ao Bitcoin e apenas o quarto entre países que compõem o G20, grupo das maiores 20 nações econômicas do mundo. Atualmente, além do Brasil, apenas o Canadá possui outros três ETFs de Bitcoin.
Essa conquista veio através da gestora carioca de recursos QR Asset Management, que recebeu da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aval para lançar na B3 seu ETF de Bitcoin. A oferta primária dos ativos, está estimada em cerca de 500 milhões de reais, e acontecerá inicialmente apenas para os investidores qualificados.
Segundo Fernando Carvalho, presidente da QR Capital, controladora da QR Asset, os agentes financeiros para coordenar a oferta estão sendo escolhidos. Para o presidente da QR Capital, o ativo pode ser uma alternativa de diversificação de portfólio para fundos multimercado, atraindo o interesse de family offices e dos chamados investidores profissionais.
Possivelmente, até o fim deste semestre, os investidores em geral poderão negociar o novo ETF com o ticker/código QBTC11 em qualquer home broker. As negociações podem ser liberadas antes na bolsa, a depender da velocidade dos trâmites da oferta primária.
Como o QBTC11 irá funcionar?
O ETF da QR Capital irá replicar o preço médio do Bitcoin das principais corretoras reguladas da criptomoeda no mundo e o fornecedor do índice será a CF Benchmarks, que é o mesmo usado pelos contratos futuros da Bolsa de Mercadorias de Chicago (Chicago Mercantile Exchange – CME), primeiro instrumento regulado de Bitcoin dos Estados Unidos.
Referente às taxas ETF brasileiro o presidente da QR Capital ainda não confirmou os valores estimados, sabemos que o ETF de Bitcoin canadense, os custos e taxas foram estimados em 1%. Fernando Carvalho afirma que a alíquota será mais vantajosa para o investidor do que de fundos de investimentos comuns, sem taxa de performance.
Com a facilidade de acessar Bitcoins por meio de um ETF, a QR Capital acredita que o seu produto vai contribuir ainda mais para a popularização da criptomoeda no Brasil, de forma facilitada em comprar pelo home broker.
CVM e ETF de Bitcoin
Toda essa nova modalidade, foi graças ao Ato Declaratório da CVM, nº 16.481, de 12 de julho de 2018. Isso porque, assim como em outros países, muitas empresas e gestoras não podem fornecer produtos de investimento sem obterem registro com a comissão.
Democratização do Bitcoin
Com essa nova forma de acesso ao Bitcoin, se torna muito mais fácil para o investidor de varejo, já que hoje as únicas opções são comprar diretamente a moeda digital nas corretoras especializadas ou via fundos.
Desse modo, a criptomoeda pode servir como um duplo hedge, devido ao fato de ser uma commodity digital e, ao mesmo tempo, ser negociada em dólar no mercado mundial. Além disso, seu preço está pouco relacionado com outras classes de ativos, fazendo com que cada vez mais seja adotada por grandes gestores e investidores dentro de carteiras diversificadas.
O ETF da QR Capital chegará ao mercado brasileiro como uma forma de investir puramente em Bitcoins sem precisar passar por plataformas específicas de criptomoedas, significando maior segurança ao investidor.
Além disso, o ETF de Bitcoin veio para oficializar a democratização da criptomoeda no Brasil, uma verdadeira transformação, onde o regulador oferece acesso a uma infraestrutura mais abrangente, facilitada e segura.
Bitcoin e os investidores institucionais
Observamos que no quarto trimestre de 2020, o volume de criptomoedas movimentado na Coinbase, uma das plataformas mais populares do mundo, superou pela primeira vez as transações feitas por clientes pessoas físicas.
Na grande maioria das vezes, os investidores institucionais vêm trocando suas aplicações em ouro por Bitcoin, como forma de elaborar uma reserva de valor e proteção contra a inflação. Neste ano, empresários e investidores bem conhecidos pelo mercado entraram no mundo dos Bitcoins, atraindo ainda mais atenção para os criptoativos.
Um deles é o gestor americano Ray Dalio, sócio da gestora Bridgewater e responsável pelo maior hedge fund do mundo. Dalio afirmou que o Bitcoin é uma invenção e tanto e apontou semelhanças entre a criptomoeda e o ouro.
Além dele, Elon Musk, presidente da Tesla, anunciou que comprou US$ 1,5 bilhão em Bitcoins no quarto trimestre de 2020, como forma de diversificar e maximizar o retorno sobre o caixa de sua empresa. Musk ainda afirmou que pretende aceitar pagamentos em Bitcoins em troca de seus produtos.
Com o aumento da demanda frente a um número limitado de Bitcoins disponíveis, o resultado foi uma disparada nos preços. Como resultado, o Bitcoin alcançou a marca recorde de US$ 60 mil pela primeira vez em 13 de março deste ano.
Concorrência à vista?
Ainda nesta semana, a CVM autorizou também a Hashdex a oferecer na bolsa brasileira um ETF atrelado a uma cesta de seis criptoativos, o Hashdex Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice.
O presidente da QR Capital não receia a concorrência que o produto possa trazer. Para ele, o estágio de conhecimento do mercado ainda aponta o Bitcoins como sendo um ativo único. Os demais ativos ainda carregam características de risco bastante relevantes.
Conclusão
O mercado de criptoativos está crescendo em todo o mundo. O Bitcoin foi a primeira criptomoeda do mundo e continua sendo, ainda hoje, a mais popular.
Toda essa popularização da criptomoeda foi alcançada através dos pequenos investidores, que operam com frequência o Bitcoin. Essa mudança de paradigma, com os fundos e investidores institucionais olhando para o Bitcoins como uma oportunidade, é o que o mercado precisava para dar maior fôlego e credibilidade para essa modalidade de investimento.
Em suma, é necessário lembrar que por mais que o investimento em Bitcoins seja mais facilitado, é preciso sempre ter conhecimento sobre aquilo em que estamos investindo, afinal as criptomoedas adentram no universo da renda variável, com grandes possibilidades de riscos e volatilidade.