A inflação é um problema antigo, capaz de destruir a economia de um país e aumentar a pobreza. Um dos maiores casos de inflação em toda história aconteceu no Brasil, especificamente no final dos anos 80 e início dos anos 90.
O que é inflação?
A inflação é descrita pela maioria dos economistas como um aumento generalizado de preços em toda a economia. Esse aumento de preços é causado quando o governo aumenta a quantidade de dinheiro na economia.
A inflação acontece quando um governo aumenta a quantidade de dinheiro em circulação na economia através da impressão de moeda. Por conta disso, algumas escolas econômicas acreditam que a inflação seja simplesmente aumento de dinheiro em circulação, não apenas aumento de preços.
O governo pode imprimir moeda de diversas formas: comprando títulos de dívida pública do mercado, diminuindo a quantidade obrigatória de depósitos que os bancos precisam manter, imprimindo dinheiro, aumentando o crédito, ou reduzindo a taxa de juros básica da economia.
Como a inflação ocorre? As causas da inflação
A inflação ocorre porque o valor de cada unidade de dinheiro será menor à medida que aumenta a quantidade de dinheiro em circulação na economia. A desvalorização do dinheiro é sentida porque acontecerá um aumento de preço de todos os produtos da economia.
O aumento generalizado de preços acontecerá se a produção de bens e serviços não crescer a um ritmo maior do que a produção de dinheiro novo.
Já que existe uma quantidade limitada de bens e serviços a serem consumidos, as pessoas estarão dispostas a pagar um preço maior por eles. Isso acontece porque elas estão em posse de mais dinheiro.
Também é possível ter inflação por parte do aumento de custos dos produtores. O preço do ferro, do petróleo e do aço podem disparar. Esses produtos são importantíssimos em qualquer cadeia produtiva e, se o preço deles disparar, esse aumento de custo irá contaminar toda a economia.
Aumento de preço isolado é diferente de inflação
É importante não confundir um simples aumento de preço com inflação. Suponha que uma chuva destruiu uma grande colheita de tomates, a consequência disso será menos tomates no mercado.
Com isso, o preço do tomate tenderá a disparar, porque ele ficou mais escasso e mais pessoas estarão dispostas a pagar mais caro por ele naquele momento. Logo, o preço de cada tomate vai subir.
O nome disso é sazonalidade. Esse aumento de preços não se espalhou por toda economia. Não existe, portanto, inflação do tomate, de gasolina, ou de qualquer produto em específico.
Tipos de inflação
A inflação pode ser classificada de diversas maneiras, entre elas:
- De custos – ela é gerada pelo aumento dos custos de produção. Por causa de uma redução na oferta de fatores de produção, o seu preço aumenta. Com o custo dos fatores de produção mais altos, a produção se reduz e ocorre uma redução na oferta dos bens de consumo aumentando seu preço.
- De demanda – Esse tipo de inflação é causada também pela emissão elevada de moeda, ou seja, passa a haver muito dinheiro para poucas mercadorias.
- Inercial – onde há um círculo vicioso de elevação de preços, taxas e contratos, com base em índices de inflação passados.
A hiperinflação brasileira
O Brasil enfrentou um dos casos mais dramáticos de inflação durante o final dos anos 80 e início dos anos 90. A situação foi tão grave que recebeu o nome de hiperinflação.
A nossa inflação já estava em alta desde antes do regime militar (1964-185). Os catalisadores da hiperinflação brasileira foram: aumento da quantidade de dinheiro na economia e a crise do petróleo.
A hiperinflação brasileira era tão grave que, no dia do recebimento de salários, os trabalhadores precisavam correr para o mercado para fazer compras.
Isso acontecia porque os preços subiam rápido demais. Se o trabalhador demorasse muito para fazer suas compras, seu salário ficaria defasado. A corrida por bens e serviços resultou em desabastecimento e crescimento do mercado negro de comida.
O governo tentou recorrer a planos econômicos em uma tentativa desesperada: Plano Cruzado I e II, Plano Bresser, Plano Verão, Plano Collor I e II, Plano Real.
Os planos, basicamente, consistiam em: congelamento de preços, aumento da taxa de juros, criação de nova moeda, confisco de poupança, arrochamento de salários, controle da taxa de câmbio entre Real e Dólar.
Ou seja, o governo tentou controlar a inflação de todas as formas possíveis. Contudo, suas medidas sempre pioravam ainda mais a inflação. O sucesso só veio no Plano Real, quando os economistas entenderam a inflação no Brasil era inercial. Ou seja, a inflação ocorria por conta de uma indexação da economia.
Isto é, as pessoas sempre acreditavam que haveria aumento de preços na economia. Desta forma, elas ajustavam mensalmente o preço de aluguéis, bens e serviços, contratos e taxas. Esse fenômeno era conhecido como indexação.
Para quebrar essa expectativa, o Plano Real criou o URV (Unidade Real de Valor). Esse URV era cotado em 1:1 com o dólar e todos os preços da economia deveriam ser cotados em URV, que passaria a valer 1 R$.
Também foram tomadas outras medidas: redução de impostos de importação, corte de despesas do governo e aumento de impostos federais, ajuste anual dos preços e privatizações.
O Plano Real foi um sucesso, estabilizou a moeda brasileira e permitiu que a população brasileira pudesse aproveitar o retorno do seu poder de compra.
Qual é a inflação hoje?
A inflação hoje é medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Esse índice cobre o preço de bens e serviços ideias em regiões metropolitanas, tais como: educação, energia, transporte, alimentação, vestuário, moradia, saúde, comunicação e outros.
O governo estipula uma meta de IPCA anual. Caso esse índice fique abaixo ou acima da meta, medidas são planejadas e tomadas pela equipe econômica do governo. O objetivo é manter a inflação dentro da meta estabelecida.
Se o IPCA estiver acima da meta, o governo diminui a emissão de moeda e taxas de juro para controlar a inflação. Caso estiver abaixo, o governo estimula a economia reduzindo taxas de juros, aumentando crédito e imprimindo moeda.
O IPCA do Brasil hoje está baixa e sob controle, mas já esteve em situação pior entre os anos de 2013 e 2016. A inflação pode ser monitorada no site do Banco Central. Confira os dados históricos abaixo:
Conclusão
Inflação alta é ruim para a economia, porque ela retira o poder de compra dos trabalhadores através da desvalorização da moeda. Entender a inflação é importante para compreender o motivo de o governo não poder imprimir dinheiro e distribuir para todos.
Além disso, a inflação importa porque ela é reflexo de todos os preços da economia. Se ela sai de controle, seu dinheiro se desvaloriza rapidamente, diminuindo seu poder de compra.
Espero que esse texto tenha ajudado você a entender melhor esse conceito. Caso tenha alguma dúvida ou sugestão, deixe nos comentários. Também sugiro ler os textos abaixo.
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