Juros do cartão de crédito e cheque especial sobem novamente

Os juros do cartão de crédito rotativo voltaram a crescer no último mês em comparação ao que foi registrado em julho. O aumento de agosto foi de 4,6 pontos e atingiu dessa forma 336,1% ao ano em agosto.

O cheque especial também subiu na base comparativa, embora que em um ritmo menor, de 0,9 pontos percentuais, alcançando 124,9% ao longo do ano. Os dados foram divulgados no início desta semana pelo Banco Central.

Considerando as variações, a taxa média de juros no Brasil teve um aumento de 1 ponto percentual no mês passado, estando em 29,9% no ano, que é o patamar mais alto desde maio de 2020, quando esteve no mesmo valor.

Aceleração dos juros do cartão de crédito acontece mesmo em um momento de instabilidade

A alta da taxa média de juros foi de 3,3 pontos percentuais e aconteceu mesmo em um momento de estabilidade no registro de inadimplência dos consumidores, que hoje está na casa dos 3%.

Um dos motivos do encarecimento do crédito se deve ao aperto monetário conduzido pelo Banco Central para tentar conter a inflação. Após ficar quase um ano com a Selic em apenas 2%, registro mínimo histórico, a elevação do BC desde agosto do ano passado já foi de 4,25 pontos percentuais, fixando a Selic em 6,25% neste momento.

De acordo com o Banco Central, o spread bancário dos segmentos de recursos livres permaneceu em 21,7 pontos percentuais, que é o mesmo patamar desde julho. O estoque total de crédito no país subiu 1,5% em agosto no comparativo ao mês de julho.

Alta dos juros pode conter a inflação para 2022?

Um dos principais fatores que têm levado ao Governo a aumentar os juros do cartão de crédito é a decorrência da inflação elevada, que também faz com que o preço do combustível e energia elétrica pese cada vez mais no bolso do consumidor. A alta das commodities no exterior também acaba pesando, somando o câmbio desvalorizado.

Com o aumento recente da Selic, os economistas revisaram as suas previsões para a retomada da economia em 2022, que deve ser um pouco impactada com a taxa de juros mais alta. Isso deve encarecer ainda mais o crédito para as famílias mais pobres e microempresas.

Assim teremos mais recursos que irão passar para o mercado financeiro, com uma piora geral da economia para o brasileiro comum. Lembrando que desde fevereiro foi concedido uma lei que outorga autonomia para o Banco Central, como uma tese de “mandato duplo”, estabelecendo metas para a inflação que em 2021 não foram cumpridas.

Um ponto que vêm sendo base para as críticas ao atual Governo é que não se pode realizar tanto aumento no juros em um país com 15 milhões de desempregados. Além disso, o Governo anunciou que a partir de dezembro irá aumentar a taxação do IOF, que acaba impactando principalmente as dívidas do cartão de crédito, como o cheque especial.

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