Investimentos chineses no Brasil registram queda de 74% em 2020

Investimentos chineses do Brasil registraram queda de 74%, atingindo o menor patamar em quase seis anos. Após terem mais do que dobrado em 2019, os investimentos chineses não resistiram ao baque da pandemia de Covid-19. Isto mesmo tendo sido inabalados pela retórica anti-China do presidente Jair Bolsonaro em sua campanha eleitoral.

A pesquisa inédita foi feita pelo Conselho Empresarial Brasil-China. Segundo a pesquisa, o fluxo de investimentos chineses para o Brasil ficou em 1,9 bilhão em 2020, em comparação com os 7,3 bilhões no ano de 2019. Além disso, segundo dados do Banco Central, a retração no período foi maior do que a retração de investimentos diretos líquidos no país no ano passado, de cerca de 50%.

O relatório, que é divulgado anualmente, mas sofreu atrasos em 2020, por conta da pandemia, tem uma justificativa para a retração. Segundo o relatório, os fluxos menores no ano passado são resultado da recessão global, que afetou os investimentos externos no Brasil e no mundo de forma geral.

“Esse tombo pode ser interpretado mais como um esfriamento dos fluxos de investimentos globais no exterior, que caíram 35% em 2020, do que por atritos políticos bilaterais”, diz o relatório. “A deterioração do ambiente político entre Brasil e China em 2020 não parece ter afetado as relações econômicas bilaterais.”

Relação Brasil e China

O autor do estudo e diretor de conteúdo e pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), Tulio Cariello, afirma que o governo Bolsonaro não promoveu rompimentos com o governo chinês. Na verdade, houveram até avanços institucionais, com a reativação da Cosban, comissão que representa o principal mecanismo de diálogo bilateral.

Além disso, o relatório também destaca a relação dos governos dos estados, particularmente no nordeste, na busca por investimentos chineses. No ano de 2019, sete governadores ou vice-governadores dos nove Estados da região fizeram visitas oficiais à China e o governo do Maranhão promoveu uma missão com 54 empresários ao país asiático, em busca de mais investimentos.

“Acho que os Estados do Brasil já se deram conta que não necessariamente eles precisam passar por Brasília para fazer esse tipo de iniciativa, de atrair investimentos estrangeiros. Acho que no caso do Nordeste é bem claro isso”, afirmou Cariello, ressaltando que a descentralização de esforços contribui para aumentar os investimentos.

Nesse contexto, em 2019, o nordeste foi a região que mais recebeu investimentos chineses no país, respondendo a 34% dos projetos confirmados. No entanto, o sudeste é o principal receptor, considerando o estoque dos aportes já feitos pela China, com o estado de São Paulo concentrando 31% do total de projetos.

Setor elétrico é destaque dos aportes de investimentos

O setor elétrico foi destaque na liderança da atração de investimentos chineses no ano passado, absorvendo 97% do valor dos aportes. Entre os destaques estão: os projetos da State Power Investment Corporation (SPIC), envolvida no desenvolvimento do parque termelétrico do Açu, no estado do Rio de Janeiro; e da CGN Brasil Energia, que está implantando centrais eólicas na Bahi, e da State Grid.

Ademais, de acordo com a avaliação da pesquisa do CEBC, os investimentos da China no setor elétrico tendem a ser preponderantes nos próximos anos. Porém, há também a perspectiva de os investimentos cresceram também em áreas como logística, portuária, construção civil e transporte.

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