IGP-M será substituído no reajuste de aluguel?

Com o avanço do IGP-M nos últimos meses, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) estuda a possibilidade de criar um índice para substituí-lo como indexador principal de reajuste no valor dos contratos de aluguel

No resultado do índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) do mês de março, a FGV anunciou que o avanço do IGP-M foi de 2,94%, o que fez com que tivesse um acúmulo de 8,26% em 2021 e de 31,10% nos últimos 12 meses. 

Na comparação com março de 2020, o avanço do índice IGP-M tinha sido de 1,24%, acumulando 6,81% no intervalo de 1 ano. Sendo assim, a inflação tem sido muito intensa de uns meses para cá em comparação com os momentos pré-pandemia.

A CNN Brasil Business fez uma reportagem no qual incluiu uma entrevista com André Braz, que é o coordenador dos Índices de Preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no qual ele abordou os assuntos referente ao avanço da inflação no Brasil, assim como a possível criação de um novo índice que substitua o IGP-M.

O crescimento em março 

Referente ao crescimento de 2,94% do IGP-M só no mês de março, André Braz explica que “O resultado do IGP-M em março veio muito influenciado pelo reajuste da gasolina e do diesel, tanto no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que corresponde a 60% da cesta, como no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que reúne outros 30%.”

Ele ainda complementa que “Além disso, o IPA também mostra uma aceleração forte nas commodities, agrícolas e industriais, de mais de 70% em um ano. As matérias-primas nem tanto, mas bens intermediários e finais, sim.”

André Braz ainda diz para a CNN que o IGP-M pode ter uma desaceleração em seu avanço só no segundo semestre de 2021, mas que no primeiro semestre o índice deve continuar em sua escalada dessa forma que está.

Ele diz que o viés de alta para a inflação é por conta de que o mundo inteiro está pelo menos um passo à nossa frente e vai retomar antes as atividades. Além disso, o desafio não fica limitado apenas nos combustíveis, e inclui a indústria química e os defensivos agrícolas.

Qual a saída para o crescimento tão alto do IGP-M?

É importante dizer que o IGP-M foi adotado pelo setor imobiliário para reajustar contratos de aluguel. No entanto, a criação do índice não foi com esse intuito. A ideia da FGV, nesse caso, é que um índice seja elaborado para segmento imobiliário, de modo que se tenha informações das imobiliárias para melhor formulá-lo.

Com as parcerias que podem ser feitas com as imobiliárias, a FGV terá informações mais específicas do segmento em cada cidade, inclusive das maiores do país. Destaca-se o fato de que o aluguel tenha sido aumentado em aproximadamente 3%, enquanto o IGP-M cerca de 10%. 

Sendo assim, o índice não tem de todo modo sendo usado para reavaliar o preço do aluguel de fato, aponta André Braz. O projeto tem sido estudado pela FGV, porém ainda não tem previsão de prazo para ser apresentado.

Veja também: Inflação em alta em 2021: quais as causas e efeitos na economia?

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