George Soros, nascido na Hungria, emigrou com sua família durante a Segunda Guerra para o Reino Unido. Ele é um dos homens mais ricos do mundo, tendo sua fama baseada em suas apostas arrojadas no mercado de câmbio. Além disso, Soros financia organizações que promovem pautas progressistas no mundo inteiro.
Soros não é conhecido apenas como um grande investidor. Na verdade, a maior parte de sua fama vem de teorias de conspiração que o acusam de ser um “globalista” que tenta subverter a soberania dos países, forçando a criação de um único governo mundial com multiculturalismo.
Ele também escreveu livros tecendo críticas à economia de livre mercado após a crise de 2008, principalmente os títulos: “The New Paradigm for Financial Markets: The Credit Crisis of 2008 and What It Means” e “Financial Turmoil in Europe and the United States: Essays”.
Com base em seus conhecimentos de filosofia, Soros formulou sua própria teoria sobre eficiência de mercados: a Teoria da Reflexividade. Embora essa teoria não seja muito aceita na academia, especialmente entre economistas, ela traz insights interessantes que devem sim ser dignos de atenção. Sua teoria será explicada mais abaixo.
As doações de Soros para a caridade chegam a uma soma de US$ 32 bilhões. Isto representa uma doação de 79% de suas riquezas. A maior parte do dinheiro vai para a Open Society Foundation e outros programas no combate à pobreza.
Fortuna de George Soros
Quantum Fund, a máquina de fazer dinheiro
A fortuna de Soros ultrapassa os US$ 8 bilhões de dólares, sendo a maior parte gerenciada pelo seu famoso fundo, o Quantum Fund, que fez história nos anos 90 ao faturar US$ 1 bilhão fazendo uma aposta contra a moeda inglesa.
Soros é o que podemos definir como um “Investidor Macro”. Ele não foca tanto em estratégias de trading de alta frequência, como faz o lendário Jim Simons. Sua estratégia é analisar a situação econômica e política de vários países e apostar contra ou a favor a moeda de um determinado país. Em 2010 o seu fundo reportou ganhos de US$ 32 bilhões desde 1973.
Entre 1969 e 1994, o fundo teve um retorno médio de 35% ao ano, isso descontando taxas e impostos. O fundo começou em 1969 com o dinheiro de famílias ricas na Europa, mas em 2011 passou a se dedicar apenas para administrar a fortuna da família de Soros. Em 2011, o fundo virou um family-office e adotou uma estratégia mais conservadora.
A maior parte destes retornos vem do mercado de câmbio e da capacidade de Soros entender o funcionamento da economia e da relação de diferentes países. Esse conhecimento o levou a fazer a sua maior e mais conhecida aposta: contra a Libra Esterlina no ano de 1992.
Teoria da Reflexividade
Antes de comentar sobre a sua aposta mais famosa, devemos conhecer a maneira que George Soros pensa sobre mercado e economia. Ao contrário de muitos economistas e gestores de fundos. Soros acredita que o mercado é caótico e duvida da hipótese de que ele seja eficiente.
Isto é, Soros acredita que as pessoas nem sempre tomam decisões racionais. Pelo contrário, as pessoas tomam muitas decisões com base na emoção. Como as pessoas operam nos mercados, o preço das ações e dos títulos seria apenas reflexo dessas emoções, e não de cálculos e decisões tomadas racionalmente.
As oportunidades podem ser encontradas através do estudo cuidadoso do valor e dos preços de mercado dos ativos. Ele se concentra em uma teoria da “reflexividade”, baseada na premissa de que os vieses de investidores individuais afetam as transações de mercado e a economia.
Embora seja válido um outro texto explicando apenas a teoria, é preciso ter em mente a sua base:
O aspecto subjetivo da visão dos investidores influencia o aspecto objetivo da sequência de eventos (realidade externa), e a sequência de eventos influencia a visão dos participantes. Lembrando que, só há uma realidade externa, mas existem diferentes visões subjetivas.
Com esses vieses, as distorções entre valor e preço dos ativos se fazem presentes a todo momento, porque eles não estão sendo quantificados de maneira justa. A teoria de Soros foi baseada no que já pensava Karl Popper. Ele apenas a aperfeiçoou para atingir seus objetivos financeiros.
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O homem que quase quebrou o Banco da Inglaterra
Enquanto a Grã-Bretanha lidava com os desafios econômicos globais dos anos 90, em um escritório de Nova York, George Soros estava fazendo os preparativos de sua grande aposta. Os níveis de desemprego atingiram quase 13% no Reino Unido; a inflação caía, os mercados globais estavam à beira da famosa recessão dos anos 90.
Normalmente, qualquer país reduziria as taxas nesse momento para lidar com a crise. No entanto, o governo britânico não o fez. Mas por qual motivo? Ele era obrigado a manter a libra a uma determinada taxa, de acordo com o Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio.
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A taxa de câmbio fixa começava a significar um número crescente de problemas. O desemprego estava aumentando e a situação ficando insustentável. O governo britânico estava ficando sem escolha.
O fato de a libra esterlina ter sido supervalorizada já não estava sendo mais um segredo. O Governo manteve o valor sustentado significativamente acima da realidade. Em 16 de setembro de 1992, o Wall Street Journal e um jornal alemão parafrasearam uma das citações do presidente alemão.
Ele foi citado por dizer que não descartou a possibilidade de a Alemanha cortar taxas e algumas moedas estarem sob pressão antes do referendo na França. De muitas maneiras, este foi o gatilho que despertou George Soros.
Soros já estava construindo uma posição vendida no valor de mais de US$ 1,5 bilhão. Ele estava apostando que o valor da libra cairia. Quando essa declaração em particular apareceu nos jornais na manhã seguinte, o Quantum Fund aproveitou a oportunidade.
Foi tomada uma decisão para começar a vender libras a descoberto. O resultado foi de mais de US$ 1 bilhão em lucro para George Soros e o fim da política monetária do Banco da Inglaterra.
Cotação histórica Libra Esterlina vs Dólar Americano
Isso não apenas apenas atingiu o contribuinte britânico de maneira bastante severa, mas também no final daquela fatídica quarta-feira, a Grã-Bretanha saiu do MTC, e deixou a Libra flutuar no mercado cambial, tendo esta, perdido mais de 15% de seu valor em uma tarde.
Goste ou não, Soros é um dos maiores investidores de todos os tempos
Em algum lugar nas ruínas da moeda britânica, George Soros aproveitava a fortuna de US$ 1 bilhão que fez nesse trade. Goste você ou não, não podemos negar que Soros é um dos maiores investidores de todos os tempos. Suas apostas arrojadas com o Quantum Fund e sua capacidade de ver o mercado o fizeram um bilionário.
Não seria nenhum exagero colocá-lo ao lado de Ray Dalio, Jim Simons e Warren Buffett, cada um com sua estratégia, todas vencedoras e seguidas por diferentes fundos de hedge ao redor do mundo.
Hoje, Soros se concentra mais em suas fundações como a Open Society Foundation. Ela apoia financeiramente grupos da sociedade civil em todo o mundo, com o objetivo declarado de promover a justiça, a educação, a saúde pública e a mídia independente.
Além de se concentrar na Open Society, Soros também faz parte do conselho do Quantum Fund. Na corrida presidencial de 2016 nos EUA, ele doou cerca de US$ 9 milhões para a campanha de Hillary Clinton.