EUA: Federal Reserve pode adotar taxas de juros negativas

O Federal Reserve pode reverter seu curso econômico ao adotar taxas de juros negativas, caso a recuperação econômica dos EUA seja mais lenta do que o esperado, disse um estrategista do Goldman Sachs nesta quinta-feira (14 de maio).

O Banco Central americano já empreendeu uma política de alívio de tamanho recorde (bem maior que na crise de 2008) para denfender a economia da pandemia de coronavírus, mas o presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou quarta-feira (13 de maio) que taxas negativas ainda estão distantes de serem realidade. 

Enquanto outros países, principalmente europeus, implementaram essa política ou pareciam abertos a isso, a posição de Powell se manteve firme. Zach Pandl, co-diretor de estratégia global de câmbio, taxas de juros e mercados emergentes do Goldman, ainda vê um futuro em que a taxa de referência dos EUA possa cair abaixo de zero.

Taxas de juros globais

taxas de juros globais
Fonte: Koyfin

“Se a economia tiver outro grande revés, isto é, outro choque… Um cenário onde você tem uma segunda onda de infecções, isso realmente levaria a recuperação para fora do curso planejado, acho que isso abre a possibilidade de uma série de ações adicionais do FED”, disse Pandl à CNBC. 

A ajuda fiscal adicional do Congresso provavelmente chegará antes que o Fed tome qualquer ação adicional, acrescentou Pandl, e mesmo assim as taxas negativas servem como último recurso. 

Cortar ainda mais a taxa de juros pode exacerbar a crise econômica, pois essa política é relativamente não testada e pode enfraquecer outras formas de alívio monetário.

“Os formuladores de políticas vão querer tentar coisas novas se a economia estiver realmente lutando por um longo período de tempo”, disse o estrategista. 

“Então, nesse cenário, talvez eles possam considerar taxas de juros negativas; caso contrário, acho que é uma probabilidade muito baixa neste momento.”

Analistas do JPMorgan fizeram alegações semelhantes na terça-feira, alertando que quaisquer benefícios imediatos obtidos com taxas negativas poderiam rapidamente dar lugar a deslocamentos de longo prazo. 

O JPMorgan disse que vê uma taxa de juros negativa nos EUA como “improvável” e alertou que mesmo taxas “levemente negativas” podem não ser capazes de trazer crescimento efetivo para a economia norte-americana em menos de dois anos.

Por que a taxa de juros é tão importante?

Os Bancos Centrais podem manipular a taxa de juros básica para fazer a economia andar de acordo com suas políticas econômicas. Por exemplo: se querem frear a inflação, os Bancos Centrais podem elevar a taxa de juros. Isso retira a liquidez da economia, diminuindo o fluxo de empréstimos e consumo.

Mas aumentar a taxa de juros pode desestimular a atividade econômica em alguns países, dado que aplicar dinheiro onde rende juros se torna mais atrativo para o empresário e investidor. Eles vão preferir colocar dinheiro na Renda Fixa à correr riscos em investimentos mais incertos.

Por outro lado, caso a economia esteja em recessão, os Bancos Centrais, por sua vez cortam a taxa de juros, facilitando o acesso a crédito, geração de empregos, investimentos e consumo, gerando demanda sobre a atividade econômica. 

Cortes de taxas de juros também aumentam o apetite pelo risco. O dinheiro se torna mais barato e empresários/investidores tomam empréstimos e aplicam em opções mais arriscadas, como abrir um empreendimento, investir em suas empresas, comprar ações e empresas startups.

No entanto, países como Brasil são menos sensíveis à corte nas taxas de juros. Existem fatores externos que podem prejudicar a eficácia dessa política de manipulação de juros. Um desses fatores no Brasil é o elevadíssimo spread bancário, isto é: a diferença entre a taxa básica de juros e a taxa efetiva na qual os bancos emprestam para seus clientes.

Como funcionaria uma taxa de juros negativa?

Os bancos pagariam para que as pessoas pegassem dinheiro emprestado? Isso seria altamente improvável. Raramente essa taxa de juros negativa chegará ao cliente final. No entanto, ela chega de outra forma: nos investimentos e na poupança.

O japoneses, que estão experimentando taxas negativas a mais tempo, precisam lidar com seus investimentos rendendo de forma negativa. Isto é, eles são penalizados por guardar dinheiro no banco, quando na verdade, deveriam receber uma recompensa.

Informações de Business Insider.

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