Desde o início da pandemia, o assunto inflação vem tomando conta dos noticiários de economia brasileiros. Com uma inflação galopante, sem perspectivas de estabilização, os preços dos produtos têm ficado cada vez mais alto.
Sendo assim, o poder de compra de consumidores tem se tornado cada vez menor. Isso tem causado uma série de instabilidades em nosso cenário econômico.
Contudo, a inflação também é preocupante do ponto de vista do investidor. O aumento significa, na prática, a desvalorização da nossa moeda.
Dessa forma, uma das preocupações de boa parte dos investidores é de como proteger seus investimentos da inflação. Sabemos que existem diversas formas, talvez a mais conhecida dos últimos tempos seja o investimento em criptomoedas.
Contudo, nesse artigo, falaremos de uma modalidade com um funcionamento mais próximo ao que os investidores estão acostumados. Sendo assim, falaremos sobre fundos de inflação, uma modalidade pouco falada no mundo de investimentos.
Serão apresentados como funciona e quais são suas vantagens, desvantagens. Também falaremos qual o momento certo de investir nestes fundos. Acompanhe esse artigo e fique atento a essa modalidade de investimento!
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O que são fundos de inflação?
Em resumo, fundos de inflação são tipos de fundo que usam como índice de rentabilidade a própria inflação. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais, este tipo de investimento pode ser considerado como fundo de renda fixa ou fundo IMA-B;
Nesse sentido, o IMA-B é um índice que mostra o rendimento do Tesouro IPCA+. Este, é um título híbrido do tesouro referenciado no índice de inflação IPCA. No entanto, alguns fundos podem utilizar o IGP-M, um outro índice inflacionário, para calcular rendimento.
Embora existam diversos fundos de inflação disponíveis no mercado, a maior parte se encaixa em duas categorias. Estas, são o IMA-B 5 e o IMA-B 5+. O IMA é uma subclasse do índice de Mercado Anbima. Este, foi criado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais.
Sendo assim, os fundos IMA-B 5 são aqueles possuem data de vencimento menor que cinco anos. Já os fundos IMA-B 5+ são títulos com vencimentos superiores a 5 anos. É importante frisar que, quanto maior o período, maior chance de volatilidade sobre o fundo.
Dessa forma, os fundos de inflação, geralmente, possuem resultados muito parecidos aos títulos híbridos do governo. Contudo, a grande diferença é que a aplicação nestes fundos pode estar sujeita ao pagamento de taxas de administração. Estas podem variar entre 0,5% e 2%.
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Como estes fundos de inflação funcionam
Um fundo de inflação funciona, basicamente, como qualquer outro fundo, apresentando algumas regras aos investidores.
O investimento é realizado através de cotas, onde o rendimento recebido é proporcional às quantidades de cotas possuída. Geralmente, os valores de cotas para fundos de inflação são bem acessíveis. Por exemplo, algumas possuem valores abaixo de R$100.
Nesse sentido, em relação às taxas aplicadas, pode haver duas. A primeira é a taxa de administração, que é utilizada para arcar com os custos de gestão de fundo e outras despesas.
Esta é praticamente obrigatória. Já a segunda, é uma taxa de performance, que só é cobrada caso o fundo tenha performado além do esperado.
Por outro lado, em relação aos impostos, é necessário, primeiro, informar que fundos de inflação costumam ser de longo prazo.
Nesse sentido, as regras de tributação para fundos de longo prazo são de acordo com a tabela regressiva do imposto de renda. A tributação é feita apenas sobre o investimento, e não sobre o valor total retirado.
Quando investir e vantagens
Fundos de inflação são investimentos de renda fixa com um potencial de variável. Ou seja, ele pode se assemelhar mais a um funde de renda variável do que de renda fixa.
Quando há cenário de queda da taxa de juros (Selic), estes fundos passam a performar grandes resultados. Sendo assim, é recomendável investir nestes fundos justamente quando o cenário econômico é de queda na taxa básica de juros.
Por outro lado, uma vantagem importante para fundos de inflação, é a liquidez. Estes fundos aplicam o dinheiro em títulos públicos, que possuem alto volume de negociação. Com isso, há grande agilidade em casos de resgates urgentes e imediatos.
Quando não investir e desvantagens
Do contrário, quando a taxa de juros está em alta, é recomendável não realizar investimentos em fundos de inflação. O desempenho destes fundos, em um cenário econômico de aumento na taxa de juros, irá cair a cada momento que a taxa de juros subir. Sendo assim, impacta diretamente a rentabilidade na operação.
Além disso, a questão de ser um fundo de longo prazo pode ser um problema para alguns investidores. Caso você necessite do dinheiro rapidamente, investir nesta modalidade de fundo pode não ser o ideal.
Por fim, não é possível mudar o plano de resgate em caso de mudança econômica que traga um resultado desfavorável. Esta decisão cabe ao gestor do fundo de inflação. Com isso, pode ser que aconteça de realizar o resgate em um momento que não favoreça seus objetivos.
Conclusão
Contudo, é importante ficar atento aos fundos de inflação. Por ser considerando como um investimento de renda fixa, leva ao investidor uma sensação de conservadorismo e estabilidade.
Contudo, como já foi informado neste texto, não é bem assim, é necessário analisar o cenário econômico. Existe uma variável de volatilidade nesta conta que pode trazer bons ganhos ao investidor, assim como prejuízo.
Sendo assim, mais que analisar a performance destes fundos nos últimos anos, é necessário analisar o cenário como um todo. Quais são as perspectivas para o médio e longo prazo? É importante ter em mente que estes fundos possuem retirada média de 365 dias.
Ou seja, não é uma operação de poucos meses ou dias, também não é recomendável para pessoas que não tem tolerância a risco.
Com isso, investir em fundos de inflação é uma boa opção para aqueles que querem se proteger de um cenário de alta na inflação. O seu funcionamento semelhante ao que investidores já estão acostumados, acaba se tornando um importante atrativo de diversificação da carteira.
Além disso, possui taxas de administração mais atrativas do que fundos de renda fixa, com possibilidade de ganhos maiores devido à volatilidade.
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