No mundo das finanças tradicionais, emprestar e tomar empréstimos de dinheiro funciona da seguinte forma: pessoas e organizações que possuem algum valor livre, realizam o empréstimo para outras pessoas ou organizações por um período. Em troca, recebem uma porcentagem pré-determinada sobre o valor emprestado.
Geralmente, esse processo envolve intermediários, que podem ser um banco ou corretor de crédito, responsáveis por analisar o crédito do beneficiário, desenhar o acordo de empréstimo, bem como acompanhar sua implementação. Em troca desta intermediação, bancos e corretores recebem uma taxa de comissão pelos valores prestados
Dessa forma, DeFi lending (empréstimos descentralizados), como o nome sugere, é uma versão descentralizada das relações mencionadas anteriormente. Nelas, pessoas e organizações podem oferecer crédito para outras pessoas e organizações sem a participação de terceiros, como os banco e corretores.
Nesse sentido, a função dos intermediários é assumida por smart contracts, algoritmos executados automaticamente, nos quais todas as obrigações de ambas as partes e os termos do contrato de empréstimo são codificados, bem como o pagamento da porcentagem aos credores.
Com isso, ao remover os intermediários do processo de empréstimo, o DeFi faz as transações serem mais fáceis. Além disso, torna a própria transação mais barata, tornando o pagamento mais acessível para quem toma o empréstimo. Embora seja mais atrativo, como no mercado tradicional, ainda existe o risco de não pagamento ao credor.
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Como funciona o empréstimo descentralizado?
Quando as pessoas solicitam um empréstimo, elas selecionam um pool em uma plataforma DeFi. A principal plataforma DeFi, Aave, solicita que o usuário pague suas garantias utilizando seu próprio token, o aToken. Dessa forma, se são pagos 1001 ETH em garantias, é necessário converter em aTokens.
Geralmente, as garantias são de 150% ou 200% da quantidade total emprestado. Quando uma parte toma um empréstimo imobiliário ou para um carro, estes ativos são a própria garantia. Dessa forma, caso não se cumpra com os pagamentos, os credores irão tomar o carro do tomador do empréstimo.
No entanto, o DeFi é descentralizado e funciona de digitalmente, com isso, não existe qualquer tipo de ativo físico como garantia. O que existe é a realização de um pagamento maior como garantia do empréstimo, que deve ser realizado no ato do empréstimo.
Além disso, durante a vigência do empréstimo, se o preço do ativo colateral começar a afundar, a carteira empregará medidas de segurança. Por exemplo, se o valor atingir menos de 120%, ele passa a vender as garantias pagas antecipadamente pelo tomador do empréstimo.
Nesse sentido, a taxa pode variar de plataforma para plataforma, mas são bem menores do que vemos no mercado tradicional. Ao final, o valor de retornado é dividido no pool entre diversos credores.
Vantagens
Existem algumas vantagens relacionadas a tomar empréstimo através de plataformas DeFi. Primeiramente, os empréstimos DeFi são concedidos de forma consistente. Todas as taxas e regras são claramente definidas, deixando pouco espaço para erro humano.
Além disso, a blockchain é um livro-razão público, sendo possível verificar todos os registros de empréstimo DeFi. Também é possível verificar as regras e políticas que regeram a transação. Uma outra vantagem é a velocidade que os empréstimos são concedidos, o valor é disponibilizado quase que imediatamente.
Uma das principais vantagens do DeFi, como um todo, é a possibilidade de qualquer pessoa poder participar dos protocolos. Como não há uma instituição financeira por trás intermediando e ditando as regras, isso faz com que o empréstimo via DeFi esteja disponível para todos.
Com isso, qualquer um pode pedir um empréstimo, assim como qualquer um pode ser um credor. E todos esses benefícios são somados a segurança das plataformas DeFi, que, por usar a tecnologia blockchain, dificulta qualquer tipo de ataque cibernético.
Um outro ponto é que, o fato de os usuários não guardarem os fundos na plataforma e todas as transações serem realizadas via smart contracts de código aberto, acresce uma outra camada de segurança. Inclusive, como padrão, projetos DeFi passam por um teste de código por uma auditoria independente.
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Riscos relacionados
As finanças descentralizadas ainda estão em estágio inicial. Contudo, ao observar que gerencia mais de US$ 80 bilhões contra um valor de menos de US$10 bilhões, mostra como esse mercado tem crescido. Ainda que possua algum risco, os problemas do DeFi são bem menores ao ser comparado ao sistema bancário tradicional. Abaixo, segue alguns riscos de realizar empréstimo através de plataformas DeFi.
Perda impermanente
De forma simples, a perda impermanente ocorre quando o valor dos depósitos colaterais causa problemas nos balanços. O pool passa a liquidar as garantias para conter este problema, desestabilizando todo o sistema e causando um momento de caos no pool.
Nesse sentido, isso pode causar por muitas vezes alguma perda no pool. Contudo, não é uma ameaça muito significativa, existindo uma série de ações que podem evitar este tipo de problema.
Vulnerabilidade técnica
Uma vez que toda a rede DeFi está vinculada a centenas ou milhares de páginas de códigos, uma falha pode gerar interrupção do sistema. Os motivos podem ser diversos, deste um ataque cibernético, passando por falhas no código e problemas com API.
O DeFi é completamente digital e está sujeito a vulnerabilidades técnicas, mas não é algo comum de acontecer. As plataformas de finanças descentralizadas são bem seguras e, como dissemos anteriormente, são auditadas por consultorias independentes.
Conclusão
Os empréstimos DeFi já estão obtendo bastante popularidade em todo o mundo. Isso se deve a sua acessibilidade, simplicidade e apelo econômico para tomadores e credores. Graças a essa modalidade, é possível obter receita através de juros, sem ter que negociar com bancos ou qualquer outra contraparte.
Nas finanças tradicionais, os mercados são bastante separados, muitas vezes ineficientes devido a grandes cadeias de intermediários e agregadores. Os empréstimos descentralizados podem facilmente contornar essa separação através de agrupamento de capital, que não quer requer intermediários ou reguladores.
Nesse sentido, isso se deve ao fato de as regras serem regidas por smart contracts, algoritmos que vão garantir a execução plena do acordo de forma automática. Isso tudo torna empréstimos em DeFi uma área muito promissora do mundo das finanças descentralizadas.
O motivo é que qualquer um pode se tornar um credor, independente de sua localização ou tamanho do capital. Basta ter acesso à internet, uma conta de criptomoedas e pelo menos alguma criptomoeda na sua carteira.