Sabemos que a pandemia do coronavírus fez com que muitas empresas fechassem as portas e as remanescentes lutassem para sua sobrevivência.
Dessa vez a maior crise sanitária do planeta afetou diretamente no volume de dividendos entregues aos acionistas.
De acordo com um levantamento realizado pela consultoria de informação financeira Economática, levando em conta 246 companhias negociadas na Bolsa de Valores, o resultado demonstrou que houve uma queda nos pagamentos de dividendos, que somados compõem R$ 38 bilhões. Tal volume, comparado a 2019, representa um recuo de quase 30%.
Sem considerar a Vale (VALE3), que ano passado, elevou em 2.591% o volume distribuído, revertendo o prejuízo de R$ 8,7 bilhões e, em 2019, obteve lucro de R$ 24,9 bilhões. E como resultado, sozinha distribuiu mais de R$ 18 bilhões aos seus acionistas, as demais companhias pagaram R$ 91,3 bilhões aos detentores de suas ações.
Essa cifra pode parecer boa para você, no entanto, ao compararmos ao ano anterior, esse número estava na casa de R$ 129,1 bilhões.
Analistas afirmam que uma das maiores razões para essa queda está diretamente ligada às incertezas sobre os impactos gerados pela pandemia. Tendo em vista o cenário instável, muitas empresas optaram por preservar o seu caixa e acumular uma certa poupança, com objetivo de conseguir atravessar com segurança a turbulência do mercado no atual momento.
Opiniões sobre o caso
Para o advogado Luiz Eduardo Corradini, sócio do escritório Cascione Pulino Boulos, a pandemia do coronavírus começou a se agravar exatamente na época em que as empresas estavam deliberando sobre o pagamento dos dividendos.
Pelas regras, elas têm até o fim de abril para definir os volumes em assembleias – período do ano passado em que boa parte do País estava em lockdown.
“Por isso, muitas companhias decidiram pagar o valor mínimo de dividendos, que normalmente é de 25% sobre o lucro líquido”, diz Corradini. Ele explica que, além do valor mínimo, as administrações definem um adicional sobre esse porcentual, que pode chegar a 50%. Mas, devido ao grau de incerteza, a maioria revisou os estatutos e diminuiu porcentuais.
De acordo com o gerente de relação institucional e comercial da Economática, Einar Rivero, o setor bancário teve forte impacto na redução da distribuição de dividendos.
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Segundo o levantamento, um conjunto de 20 bancos analisados pela consultoria cortou em R$ 28 bilhões os valores distribuídos em 2020, em relação a 2019.
Mas ao contrário das demais empresas que estão presentes na Bolsa de Valores, nesse caso, houve uma determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN) que restringiu a distribuição de dividendos ao limite mínimo previsto nos estatutos das instituições.
O objetivo era preservar recursos para empréstimos ou para perdas futuras com o aumento da inadimplência. O Bradesco (BBDC4), por exemplo, reduziu de R$ 15,8 bilhões, em 2019, para R$ 5,54 bilhões o volume distribuído no ano passado, o que representa o mínimo de 30% estabelecido no seu estatuto, afirmou o banco em nota.
No caso do Itaú (ITUB4), o pagamento dos dividendos foi de 25% do lucro, mínimo estabelecido no estatuto social da instituição.
B3 fez movimento contrário em dividendos
Realizando um movimento contrário das demais empresas citadas, a B3 (B3SA3) elevou o volume pago aos acionistas.
“Os altos volumes negociados em nossas plataformas ao longo do ano contribuíram para um sólido desempenho financeiro e geração de caixa robusta, que totalizou R$ 6,1 bilhões no ano”, disse a empresa.
Podemos dizer que tal distribuição de lucros pode estar associada a estratégia de passar uma garantia estabilidade na remuneração dos acionistas, fazendo com que haja maior atratividade no papel entre investidores.