El Salvador, em um movimento histórico na última quarta-feira (9), se tornou o primeiro país do mundo a adotar oficialmente o Bitcoin como moeda corrente. O Congresso da nação aprovou a proposta de Nayib Bukele, presidente do país, de abraçar a criptomoeda com 62 dos 84 votos possíveis.
É importante ressaltar que até então, El Salvador estava entre os poucos países do mundo que não possuíam moeda fiduciária própria e usavam o dólar americano, que ainda terá curso legal no país.
Desse modo, os preços poderão ser exibidos em Bitcoin, os comerciantes poderão aceitar o pagamento na moeda digital, assim como as contribuições fiscais. Segundo as autoridades do país, cerca de 70% da população não tem acesso aos serviços financeiros tradicionais.
Desse modo, a adoção do Bitcoin como moeda corrente facilitará a inclusão financeira dos seus cidadãos, garantindo os seus direitos. “O objetivo desta lei é regular o Bitcoin como curso legal irrestrito com poder libertador, ilimitado em qualquer transação, e a qualquer título que pessoas físicas ou jurídicas públicas, ou privadas exijam a realização.”, diz Bukele.
Mas as novidades não param por aí, horas depois de se tornar a primeira nação a autorizar o Bitcoin como moeda corrente, Nayib Bukele, instruiu uma empresa estatal de eletricidade a planejar o uso de energia geotérmica dos vulcões do país para minerar a criptomoeda.
Mineração de Bitcoin como nova fonte de energia
Sabemos que a mineração de bitcoins, um processo que gera novas unidades da moeda virtual, envolve um alto consumo de energia. As principais criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, usam prova de trabalho (PoW) para verificar as transações no blockchain. Esse processo usa uma forma avançada de matemática, que apenas computadores poderosos podem resolver, resultando em um uso significativo de eletricidade.
Conforme o Cambridge Bitcoin Electricity Consumption Index, o maior ativo digital do mundo usa mais energia do que países como Suécia e Malásia. Pensando nisso, El Salvador planeja minerar sua moeda oficial utilizando energia verde, ou seja, sem que haja impacto ambiental.
Em um tweet, o presidente de El Salvador havia acabado de instruir o presidente da @LaGeoSV (empresa estatal de eletricidade geotérmica) a apresentar um plano para oferecer instalações para mineração de Bitcoin com energia muito barata, 100% limpa, 100% renovável e com emissões 0 de seus vulcões.
Outro tweet do presidente dizia: “Nossos engenheiros acabaram de me informar que cavaram um poço que fornecerá cerca de 95 MW de energia geotérmica 100% limpa e com emissões zero do vulcão. “Começando a projetar um hub de mineração de Bitcoin completo em torno dele”, Bukele tuitou com um vídeo, mostrando vapores de água jorrando de um poço.
Veja também: O consumo de energia do Bitcoin altera seus fundamentos?
Utilização da energia geotérmica
A adoção do projeto do presidente de El Salvador em usar vulcões para impulsionar as operações de mineração de criptografia do país não são ideias totalmente novas, mas baseadas em desenvolvimentos existentes de outras partes do mundo.
Na Islândia, por exemplo, as usinas movidas a magma têm fornecido ao país energia suficiente para abastecer as instalações de mineração Bitcoin, cujo uso de energia ultrapassou o das residências islandesas já em 2018, conforme relatado pelo The Guardian na época.
Além disso, o mapa abaixo, que identifica os vulcões ativos em todo o mundo, confirma que vários países da América Latina e do Caribe hospedam recursos de energia inexplorados que poderiam ser usados para minerar criptografia. Entre eles estão México, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Colômbia, Equador, Peru e Chile, entre outros.
No entanto, segundo a National Geographic, a energia geotérmica não vem sem seus próprios problemas ambientais, principalmente a liberação de gás sulfeto de hidrogênio e o descarte de alguns fluidos geotérmicos, que podem conter baixos níveis de materiais tóxicos.
Veja também: Bitcoin: Qual o futuro da criptomoeda?