O dólar segue em forte tendência de alta no ano de 2020, deixando o Real como a moeda de país emergente que mais desvalorizou no mundo, chegando a ser negociado na cotação recorde de R$ 5,99. Hoje (13/05), o dólar voltou a ser negociado na faixa dos R$ 5,92 e atualmente está em R$ 5,88, o que já representa uma alta de 47%.
O que chama atenção é a velocidade na depreciação do Real frente à moeda americana: em uma janela de 5 meses. Nesse meio tempo, a economia brasileira foi atingida pelas consequências do Coronavírus: economia fechada, fuga de capital estrangeiro e piora nas perspectivas das contas públicas.
Cotação do dólar em 2020
Somados a esses fatores também estão a deterioração do capital político de Jair Bolsonaro, os sucessivos cortes na taxa de juros e a aversão ao risco diante do cenário nacional e externo. Com isso, a procura por refúgio como dólar, moedas fortes e ouro aumenta entre os investidores.
A bolsa também vem em queda após ter uma leve recuperação depois da tempestade de março. Contudo, o atual cenário não está atraindo muitos investidores. Vale lembrar que uma queda de 45% no Ibovespa, índice da bolsa brasileira, machucou quem estava investindo pela primeira vez.
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Brasil nem um pouco atrativo
Você investiria em um país que não está crescendo, que o endividamento vai aumentar e que não está pagando uma boa taxa de juros? A resposta é simples: não. E é exatamente assim que o investidor estrangeiro pensa. Ele procura por países que estejam crescendo e que paguem boas taxas de juros.
O estrangeiro faz isso porque pode pegar emprestado dinheiro a juros mais baixos em um país e emprestar a juros mais altos em outro, operação conhecida como Carry Trade. Com isso, o país recebe dólares do investidor estrangeiro. O Brasil já foi muito atraente para o estrangeiro, hoje, não está nem um pouco atrativo.
A perspectiva é que o endividamento em relação ao PIB suba para 100% até 2021. No ano de 2013, o Brasil estava no patamar dos 50% na mesma relação. Isso aumenta o risco do país, afastando ainda mais a entrada de capital estrangeiro.
O dólar volta a cair?
Hoje, não há nenhuma perspectiva para que o dólar volte aos mesmos patamares do ano passado. O Banco Central do Brasil tem amplas reservas de dólar para vender (+ US$ 320 milhões). Contudo, se demorar e deixar o dólar subir ainda mais, as vendas de reservas poderão ser ineficientes.
O que poderia fazer o dólar voltar a cair seria uma elevação na taxa de juros, mas nenhum Ministro da Economia vai subir taxa de juros em plena recessão econômica. A tendência é que o Banco Central empreenda mais cortes nos juros.
Diante dos fatores acima, não há motivos para acreditar que o dólar volte a cair em um horizonte de curto prazo. A tendência de alta segue firme e dólar a R$ 7 já não parece um número tão distante assim.