Quantas fontes de receita você possui atualmente? Agora me responda, em quanto tempo você conseguiria viver se suas atuais fontes de receita mensais acabassem?
Enquanto você for dependente de apenas uma ou duas fontes de renda para pagar suas contas, você dificilmente poderá se considerar uma pessoa livre.
A independência Financeira significa receber, por meio de suas aplicações, quantia suficiente para viver sem depender de salários e/ou aposentadorias. No artigo de hoje vamos te ensinar como você pode conquistar esse objetivo.
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Pense diferente
Uma grande parte dos investidores, buscam lucrar com a valorização do preço de um ativo, comprando na baixa e vendendo na alta, seja no curto ou longo prazo. No entanto, existem outras formas de se obter renda no mercado financeiro, uma delas é a distribuição de lucros periódica das empresas pagadoras de dividendos.
Os dividendos representam partes dos lucros das empresas, que são distribuídos aos acionistas que contribuíram para a formação do capital da empresa, pagos proporcionalmente pela quantidade de ações que o investidor possui. Esse pagamento poderá ser anual, semestral, trimestral ou até mesmo mensal, conforme estabelecido pelo estatuto de cada empresa.
No Brasil, as companhias são obrigadas, por lei, a distribuir dividendos a cada exercício. No geral, a maioria paga 25% dos lucros na forma de dividendo aos seus acionistas. Empresas mais estáveis e consolidadas, ou seja, que não necessitam investir seu capital para crescimento próprio, costumam pagar acima desse percentual.
Como receber dividendos?
Para receber os dividendos, os investidores deverão comprar suas ações até a “data com”, ela representa o último dia que o acionista deve ter posição na empresa para poder ter o direito de receber seus dividendos. Vejamos um exemplo:
A Itaúsa (ITSA4), anunciou no dia 10/08/2020 dividendos de R$0,02 por ação com o seguinte texto:
“… tendo como base de cálculo a posição acionária final registrada no dia 17.08.2020″
Nesse exemplo, quem tiver as ações em carteira no dia 17/08/2019 (Data Com) irá receber os dividendos. Quem comprar as em data posterior não terá mais direito aos proventos.
Para que o investidor possa fazer uma escolha consciente é essencial o acompanhamento de indicadores que mostram o crescimento das companhias negociadas na B3.
Um desses indicadores é o dividend yield (DY), fundamental para aqueles que buscam o maior índice de pagamento de dividendos frente ao preço de compra do ativo. Ou seja, o DY nada mais é do que a taxa que calcula a relação de retorno de dividendos, indicando o quanto do valor pago em dividendos corresponde ao preço da ação.
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O Dividend Yield
Para os investidores que tem como objetivo montar uma carteira de ações focada em dividendos, quanto maior o dividend yield, mais atraente será a empresa, tendo em vista que sua principal função é indicar relação entres os dividendos distribuídos e o preço atual da ação da empresa.
O Dividend Yield traz ao investidor uma análise mais acertada dos ganhos recebidos ao comprar uma ação de diferentes empresas. Neste caso, cada acionista receberá seus proventos proporcionalmente ao número de ações que possui.
Como calcular o Dividend Yield?
Para saber como calcular o Dividend Yield devemos dividir a totalidade dos pagamentos de proventos por ação nos últimos 12 meses, pelo valor atual do papel da empresa. Posteriormente, para converter essa divisão em porcentagem, basta multiplicar o resultado por 100.
Veja a fórmula abaixo:
Vejamos um exemplo:
Imagine que você tenha ações do Itaú (ITUB4) em carteira e, neste ano, a empresa tenha pago R$2,00 de proventos por cada ação. Suponha que o preço do ativo estivesse em R$28. Neste caso, o DY seria de 7,14%.
R$2,00 dividido por R$28 = 0,0714 vezes 100 = 7,14.
Esse percentual mostra que, nesse exemplo hipotético, cada ação retornou 7,14% em dividendos de Itaú neste período. Vale mencionar que um excelente DY no passado não garante sua constância no futuro.
Além disso, como qualquer outro indicador, o Dividend Yield deve ser analisado em conjunto com outras métricas de avaliação de forma mais profunda, a fim de diminuir os riscos e aumentar as chances de sucesso.
Fatores para levar em conta
Entendemos a definição de Dividend Yield e como calculá-lo, todavia devemos fazer algumas ressalvas sobre esse indicador tão importante.
Imagine que o preço de uma ação tenha desvalorizado em vista de um resultado trimestral ruim, neste caso há relação direta do preço do ativo e o seu DY, que terá uma porcentagem mais alta. Ou seja, se o preço de uma ação estiver muito desvalorizada, o seu DY pode aparentar ser melhor do que realmente é.
Da mesma forma, uma empresa pode ter um DY baixo porque está usando seus ganhos para seu próprio crescimento, seja melhorando sua tecnologia ou expandindo seu negócio. Esse tipo de investimento poderá trazer maiores potenciais de lucros e distribuições de dividendos aos acionistas no longo prazo.
Por fim, fique atento as empresas com péssimos fundamentos que pagam bons proventos, seu principal objetivo é atrair capital. Essas podem representar risco aos investidores que focam apenas no DY. Por essa razão, procure entender o que está por trás de um DY alto ou baixo, após essa etapa, busque por empresas sólidas, que possuem histórico de distribuições de lucros estáveis ou crescentes.
Longe das garras do leão
É importante dizer que desde 1995 a distribuição de lucros não é tributada no Brasil. Ou seja, os dividendos pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas não ficam sujeitos à incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). Portanto, até o momento, as empresas podem fazer a distribuição de todo o lucro sem precisar pagar absolutamente nada sobre isso. Para o investidor significa que o dinheiro que cai na sua conta fica 100% com você.
No entanto, o Governo ainda vê viabilidade na tributação de dividendos como forma de financiar a desoneração da folha de pagamentos.
O conselho mais importante
Caro leitor, creio que muito mais importante do que receber dividendos, seja reinvesti-los. Vejamos um exemplo de como reinvestir seus dividendos pode significar obter ainda mais lucro ao longo dos anos.
Ao analisamos o desempenho do investidor de AMBEV (ABEV3), que adquiriu ações da companhia no dia 1 de janeiro de 1995, primeiro ano completo que o Plano Real esteve em operação, até novembro de 2017.
Podemos observar no gráfico abaixo a comparação do desempenho do investidor que reaplicou seus dividendos (em azul) e o investidor que optou por não reaplicar os dividendos (em vermelho).
Creio que tenha ficado nítido que ao longo dos anos, o avanço do patrimônio do investidor que reinvestiu os dividendos foi significativamente maior, daqueles que usufruíram seus rendimentos.
Conclusão
Com a Selic, taxa básica de juros, com rendimentos de 2% ao ano, uma estratégia bem fundamentada, pode remunerar o investidor acima da Selic, por conta da maior volatilidade trazida pela renda variável. Em resumo, o retorno com dividendos é maior do que se você deixar seu dinheiro em uma aplicação que rende 100% do CDI.
Mesmo que a Selic venha a crescer 2,75%, estimativa do último Boletim Focus para 2021, com o fim da pandemia o resultado operacional das empresas que estão na B3, devem começar a esboçar sinais de melhora, isso significa maior geração de lucro, e proporcionalmente, maior valor ao acionista quanto a distribuição de dividendos.
Fomos capazes de observar que viver de dividendos é possível, grandes nomes como Décio Bazin e Luiz Barsi, já provaram a assertividade dessa estratégia. Atingir a liberdade financeira é perfeitamente possível, no entanto, requer comprometimento, planejamento foco e, principalmente, disciplina.
Análises amplas e conscientes sobre a escolha da empresa e a regularidade nos aportes, utilizando-se da estratégia de reinvestir os dividendos, são pontos-chave para a construção de um portfólio bem fundamentado e de sucesso.