Datafolha: 69% dos que receberam auxílio emergencial não conseguiram outra renda

Segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha que foi divulgada no dia de ontem (25), cerca de 69% das pessoas que foram beneficiadas pelo auxílio emergencial ainda não conseguiram encontrar uma fonte de renda que substituísse o valor recebido no auxílio.

As pessoas entrevistadas receberam o auxílio até o mês de dezembro de 2020, e a maior parte delas ainda não conseguiu achar alguma forma de trabalho ou renda que pudesse recompor o fim do auxílio emergencial que terminou junto com o ano de 2020.

Dos beneficiários, cerca de 62% não conseguiram guardar dinheiro para conseguir passar por esse momento de transição, no qual ainda é discutido no congresso e no Senado a possibilidade de que se possa renovar o auxílio por mais alguns meses em 2021.

A pesquisa do Datafolha registrou que 2030 pessoas foram entrevistadas via telefone para a obtenção desses dados. Desse total, cerca de 89% afirmam já ter recebido até a última parcela, enquanto o restante ainda tem alguma pendente para recebimento.

Veja também: Altas dívidas dos países marcam o cenário pós-pandemia

Outro ponto dessa pesquisa, é que boa parte das pessoas acabou tendo prejuízos durante esse período, mesmo com o recebimento do auxílio. Sobre esse dado, ele chegou a 58% dos entrevistados, frente a 51% que havia sido registrado em dezembro de 2020.

Frente a isso, temos também um crescimento bastante relevante no número de desempregados no Brasil durante o ano passado, chegando a 14 milhões de pessoas em novembro, segundo dados do IBGE.

Esse número equivale a 14,2% de toda população e aumentou 3,4 pontos percentuais desde o mês de maio, quando essa taxa era de aproximadamente 10,7%. Nessa ocasião, a pesquisa apontou que  13,7 milhões de pessoas não chegaram a procurar trabalho por conta da pandemia ou por falta de trabalho onde moram, mas que gostariam de trabalhar.

taxa de desemprego no brasil

O impasse sobre a volta do auxílio emergencial

Há uma discussão muito grande a respeito da volta do auxílio emergencial no Brasil durante mais algum tempo. Alguns afirmam ser extremamente necessário, frente a todos os dados demonstrados anteriormente e também a ascensão do número de novos casos de Covid-19 que avançam no país.

Entre as entidades empresariais, as opiniões estão um pouco divididas entre a necessidade de se renovar o auxílio, mas de também se preocupar com teto de gastos do governo federal, que caso ultrapassado, poderia trazer consequências ruins ao Brasil frente aos investidores.

No dia de ontem (25), o presidente Jair Bolsonaro quando perguntado sobre o auxílio afirmou: “Lamento, tem muita gente passando necessidade, mas a nossa capacidade de endividamento está no limite”, afirmou o presidente.

Para Fábio Pina, que é assessor econômico da Fecomercio/SP, embora seja inevitável se pensar nas contas do governo nesse momento, a demora quanto ao processo de vacinação e o avanço da pandemia no país poderia tornar o auxílio uma saída para o momento.

Para o presidente da Confederação de Serviços, Luigi Nesi, o momento requer outro tipo de ação que pudesse substituir o auxílio, já que acaba sendo bastante caro ao governo federal. Embora ele reitere o avanço do desemprego e que o auxílio poderia mitigá-lo, ele propõe também a desoneração na folha de pagamentos como uma alternativa.

Veja também: O que esperar do setor automotivo em 2021 e no pós-pandemia?

No Brasil, a fala do candidato à presidência do Senado Rodrigo Pacheco a respeito disso foi de que algumas premissas econômicas devem ser relativizadas quando se trata sobre manutenção do socorro às pessoas menos favorecidas.

Segue-se então ainda em discussão a possibilidade da volta do auxílio emergencial, e com isso, as indagações a respeito do teto fiscal voltam à pauta no congresso e no Senado federal. 

Alguns dos problemas de logística e as dificuldades de acelerar o processo de vacinação, fomentam ainda mais o discurso dos parlamentares favoráveis à volta do auxílio emergencial, ao passo que traz um viés mais negativo em relação a uma retomada rápida para o crescimento econômico.

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