Criptomoedas e inflação, entenda a relação

Devido à pandemia, o cenário mundial vem contemplando seguidas altas da inflação. A necessidade de injeção de dinheiro na economia por parte dos governos se fez necessária para a roda econômica continuar girando. Além disso, com a necessidade de quarentena e distanciamento social, essa injeção de dinheiro acabou sendo a possibilidade de sobrevivência de diversas famílias através de programas de renda social.

Contudo, do ponto de vista do investimento, a inflação é um verdadeiro problema. Como sabemos, o aumento da inflação significa, em linhas gerais, a desvalorização de uma determinada moeda. Sendo assim, se você guardar determinada quantia, sem mecanismo de proteção a inflação, amanhã esta quantia não terá o mesmo valor.

Dessa forma, as criptomoedas se colocam como uma opção para proteger investimentos da alta da inflação. Inclusive, diversos imigrantes nos EUA têm utilizado criptomoedas para enviar dinheiro para suas. famílias. Estas, estão geralmente morando em países que inflação atinge altos patamares. Acompanhe esse artigo e entenda o motivo de criptomoedas estarem protegidas da inflação.

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Criptomoedas e inflação

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No geral, as criptomoedas possuem um caráter deflacionário. O motivo é que são ativos escassos, sendo assim, conforme oferta e demanda, aumenta seu valor ao longo do tempo. Por o exemplo, o Bitcoin possui uma oferta finita de aproximadamente 21 milhões de BTCs, sendo assim, cumpre com esse caráter deflacionário.

Com isso, as criptomoedas funcionam de forma semelhante ao ouro. Tradicionalmente, investir em ouro é uma forma de se proteger contra a inflação. Em tempos de crise, é bem comum que investidores retire parte de seu investimento do mercado tradicional e invista em ouro. Assim como o ouro, o Bitcoin e criptomoedas são escassos. Inclusive, hoje, muitos intitulam o Bitcoin como o “ouro digital”.

Além disso, as criptomoedas nascem num sentido de ser um sistema financeiro autônomo, ou seja, não há um banco central realizando controle sobre a criptomoeda. Sendo assim, os bancos centrais podem realizar emissão de moeda a qualquer momento. Isso é definido pela política monetária para o país naquele determinado momento.

Nesse sentido, no Brasil, apenas o Bitcoin teve um retorno maior que a inflação este ano, segundo dados do IBGE. A inflação acumulada, dos últimos 12 meses, atingiu o patamar de 10,45%. No mesmo período, títulos públicos e investimentos em renda variável, em média, não trouxeram rentabilidade. Já o Bitcoin, mesmo considerando a inflação, teve retorno de 38,45% no ano.

Sendo assim, as criptomoedas possuem, como vantagem, serem imunes à inflação. Elas foram desenvolvidas em um sistema de mineração limitado. Dessa forma, não é possível realizar uma produção deliberada e realizar emissão, salvo alguns casos. Esta é uma característica bastante diferente do que conhecemos do sistema financeiro tradicional.

Cautela é necessária

Contudo, embora seja possível se proteger da inflação ao investir em criptomoedas, alguns pontos devem ser considerados. Um deles, é a volatilidade das próprias criptomoedas. Por exemplo, o próprio Bitcoin, esse ano, chegou a ter uma queda de 50%. Isso já seria muito maior que a inflação a acumulada nos últimos 12 meses no Brasil.

Além disso, deve ser observado o projeto econômico da criptomoeda ao qual você está investindo. O Bitcoin possui um valor finito de 21 milhões de BTCs a serem emitidos, mas não é a realidade de todas as criptomoedas. Algumas realizam emissões constantes de suas próprias criptos, acabando com o caráter deflacionário.

Um outro ponto é que, embora tenha caráter deflacionário, não necessariamente a criptomoeda vai desempenhar acima da inflação de um país. De forma geral, apenas as criptomoedas mais conhecidas, como Bitcoin e Ethereum podem passar a confiança de realizar tal desempenho.

Nesse sentido, muitos investidores em criptomoedas acabam colocando sob dúvida o projeto econômico destas criptomoedas. Dessa forma, além de perder o caráter deflacionário, criptomoedas que não seguem seu próprio projeto econômico acaba perdendo seu próprio valor.

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Comparação de criptomoedas com títulos públicos

Alguns especialistas em investimentos preferem investir em criptomoedas do que em títulos públicos para se proteger da inflação. Um destes, é o bilionário Ray Dalio, fundador do maior fundo de hedge do mundo. O bilionário afirmou possuir alguns Bitcoins em sua carteira.

Nesse sentido, ele afirmou que prefere o Bitcoin do que qualquer título público, como mecanismo de proteção contra a inflação. Ainda afirmou que, o maior risco do Bitcoin, é seu próprio sucesso. Dessa forma, Nigel Green, CEO da deVere Group, comentou sobre a afirmação de Ray Dalio.

Segundo Nigel Green, com os pacotes de estímulos realizados pelos governos, realizando a impressão maciça de dinheiro, “reduzem o valor de moedas tradicionais, como o dólar”. Dessa forma, diversos investidores, entre operadores domésticos e gigantes institucionais, vem adotando as criptomoedas como proteção contra a inflação.

Sendo assim, no geral, títulos públicos são considerados como investimentos de baixo risco. Uma parte deles, são protegidos pela inflação, mas possuem rendimento abaixo que a média de um investimento de renda variável. A afirmação de Ray Dalio deve ser entendida com cautela. Ao comparar criptomoedas com títulos públicos, estamos comparando extremos opostos em relação a risco associado ao investimento.

Conclusão

As criptomoedas são ativos que chegaram de vez na carteira de investimentos dos investidores ao redor do mundo. Antes, havia muito ceticismo, contudo, hoje diversas pessoas já creditam confiança nas criptomoedas. Inclusive, bilionários já mudaram sua visão sobre criptomoedas, acreditando tanto no seu potencial como ativo como sua tecnologia.

Nesse sentido, é também necessário tomar cuidado quanto a uma criptomoeda ter caráter deflacionário. Não necessariamente esta característica significa que ela vai operar acima da inflação de um país. Isso depende de seu desempenho como ativo e o respeito da governança da criptomoeda sobre seu projeto econômico.

Embora seja necessário esse cuidado, em países subdesenvolvidos, onde há hiperinflação, investir em criptomoedas acaba sendo uma ótima saída. Esse é, por exemplo, o caso da Venezuela, onde seus habitantes vêm recorrendo ai Bitcoin como escape a situação econômica do país.

Sendo assim, criptomoedas possuem grande potencial, seja como um ativo para proteger contra inflação ou não. Não basta analisar o ativo apenas desse ponto de vista. Para obter bons retornos, é necessário entender o que o ativo pode render em um sentido mais amplo. Isso faz parte da análise de risco de qualquer investimento, principalmente no ambiente altamente volátil do mundo de criptoativos.

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