A tecnologia é capaz de mudar diversos setores da sociedade. Alguns são mais suscetíveis a adoção de tecnologias, outros nem tanto. Alguns setores, a depender do país, possuem barreiras naturais quanto a implementação de tecnologia. Recentemente, falamos aqui na Investificar, sobre as edtechs e suas barreiras de atuação no país.
Dessa forma, seguindo esta ideia, neste artigo iremos falar de um dos setores mais antigos da sociedade, a construção civil. Bom, é importante pontuar que as técnicas de engenharia para a construção evoluíram ao passar do tempo. Novos processos, novos materiais utilizados, formas mais eficientes de construção surgiram.
Contudo, quando pensamos no ciclo produtivo da construção civil, a tecnologia ainda não foi explorada no meio. Sendo assim, startups, com ideias disruptivas, tem proposto novas soluções para este mercado.
Estas startups são chamadas de construtechs, que será o tema do nosso artigo de hoje. Se você gosta do setor de construção civil, certamente não pode ficar de fora desse tema!
O que é uma construtech?
Resumidamente, construtech são startups que realizam a implementação da tecnologia na construção civil. Esta implementação é realizada dentro ou fora do canteiro.
A ideia é atingir toda a demanda tecnológica na cadeia de valor da construção, antes, durante e depois da entrega de um empreendimento.
Com isso, as aplicações dessas startups buscam melhorar a produtividade e execução das obras. Por outro lado, também buscam soluções que possam melhorar o trabalho do escritório, seja na parte comercial, nos processos, gestão, planejamento, etc.
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A importância da digitalização
O mercado de construção civil responde por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Contudo, em termos de inserção de tecnologia, um estudo publicado informou que o setor é o segundo pior na adoção. Isso mostra o quanto o mercado imobiliário e de construção civil é ainda bastante tradicional e sólido.
Nesse sentido, o potencial de crescimento é enorme, o setor é um dos maiores da economia global. Hoje, emprega cerca de 7% da população mundial, girando US$ 10 trilhões em bens e serviços anualmente.
Sendo assim, sofre para acelerar processos e realizar inovação para entregar soluções simples ao cliente. O setor ainda sofre para aumentar sua produtividade, reduzir custos e aumentar a eficácia dos seus projetos.
Cenário brasileiro de construtechs
Dessa forma, o Brasil possui resultados bem relevantes em relação ao número de construtechs atuando dentro do cenário nacional. Segundo uma pesquisa realizada pela Construtech Ventures, existem mais de 500 startups voltadas para o mercado de construção civil. O investimento realizado em 2019 foi de R$ 600 milhões, que se dividiram em algumas soluções.
Sendo assim, startups voltadas para aquisição, representaram 35% do valor. Já as de propriedade e uso, representaram 30%, seguidas pelas de construção, com 26%, projeto e viabilidade, com 9%.
Nesse sentido, os números indicam um aquecimento da atividade econômica no setor, tornando um alvo para empreendedores. Certamente, o aquecimento do mercado tem como principal motivo as menores taxas de juros dos últimos anos. Isso facilita o financiamento de imóveis por parte de clientes.
Tipos de construtechs
Contudo, o termo construtech acaba sendo genuinamente brasileiro. O conceito, em si, nasce nos Estados Unidos, juntando diversas modalidades. Entre elas, podemos citar as contechs, proptechs, retechs, greentechs, infratechs e ebuyers.
Dessa forma, abaixo, iremos explicar brevemente do que se tratada cada uma destas modalidades de construtech. Por exemplo, uma contech é um termo utilizado para identificar as startups que lidam diretamente com o canteiro de obras. Estas, possuem soluções envolvendo gestão de projetos, compra de material, relatório e utilização do BIM.
Por outro lado, as proptechs são empresas que atuam na área de propriedade. Sendo assim, atuam na compra e venda dos imóveis, envolvendo financiamento, locação, etc. Estas, atuam propondo soluções ao consumidor final. As retechs atuam de forma semelhante, sendo um termo pouco usado, dando preferência a proptechs.
Além disso, as greentechs já introduzem uma pegada de sustentabilidade no canteiro de obras. Com isso, a ideia é fornecer soluções que reduzam o impacto ambiente das obras e promovam o consumo eficiente.
Por fim, as infratechs são startups que apresentam soluções na infraestrutura da construção, digitalizando o setor. Já startups Ebuyers, são empresas que compram, reformam e revendem empreendimento. Com isso, ajudam proprietários a conseguir maior valor em seus imóveis.
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Construtechs brasileiras
Como informamos anteriormente, o mercado de construção civil possui mais de 500 startups atuando. Estas construtechs possuem a responsabilidade de trazer a transformação digital para um dos setores mais tradicionais do mercado brasileiro. Com isso, abaixo traremos exemplo de três construtechs que se destacam no mercado.
Uliving
Podemos caracterizar a Uliving como uma Ebuyer. A empresa, compra imóveis e realiza reformas. O objetivo é que, essas reformas, tragam um ambiente com conceito de hospedagem estudantil internacional.
Sendo assim, a empresa fornece locação digital com baixa burocracia. Oferece também áreas de convivência, bem como ambientes planejados para a comunidade estudantil. O espaço oferece toda uma experiência personalizada a seus consumidores.
Autodoc
Por outro lado, a Autodoc oferece soluções diretas para o canteiro de obras. A plataforma busca promover maior eficiência através da digitalização no controle de projetos de toda a cadeia da construção civil.
Com isso, é óssível realizar o gerenciamento das informações em tempo real, permitindo também análises técnicas. Dessa forma, a plataforma oferece aumento de produtividade e agilidade nos processos da construção civil
Molegolar.
A Molegolar possui uma das propostas mais interessantes. Não a toa, ganhou em primeiro lugar no rankin de construtechs do prêmio 100 Open Startups. A proposta da empresa é criar obras modulares flexíveis.
Dessa forma, a tecnologia fornecida permite aumentar ou diminuir uma planta, de acordo com a etapa da vida de um cliente. Segundo o CEO da empresa, Saulo Suassuna, “para as incorporadoras, a grande vantagem é não ficar refém de uma oferta de produto, assim, pode-se adequar a oferta à demanda que se apresentar, o que diminui riscos e aumenta a velocidade de venda”.
Conclusão
Historicamente, o mercado de construção civil não acompanhou o ritmo de evolução tecnológica de outros setores. Essa defasagem tecnológica criou um ambiente propício para empreendedores desenvolverem soluções disruptivas ao setor.
Com isso, ao contrário de edtechs, que possuem a própria burocracia estatal como maior impeditivo, as construtechs precisam apenas mostrar que fornecem uma solução vantajosa para ganhar mercado. Com um mercado de construção civil aquecido, espera-se que cada vez mais vejamos empresas do tipo surgindo.
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