Existem alguns setores do mercado que poucas pessoas conhecem. Os investidores certamente estão habituados aos mais convencionais. Entre estes, podemos citar o setor de bancos, energia, varejo, alimentício, telefonia etc. Contudo, certamente o mercado de fabricação e venda de armas poucos investidores estão atentos. E, além disso, há apenas uma empresa fabricante de armas listada na B3. Esta é a Taurus, a maior fabricante de armas do Brasil.
Com isso, neste artigo, buscaremos compreender esta empresa que tem sido uma das sensações da bolsa de valores brasileiro. Desde seu IPO, a Taurus já cresceu 800% em valor de mercado, principalmente após uma grande reformulação estratégica. Além disso, também será explicado um pouco sobre a fabricação e venda de armas no Brasil.
Taurus, a maior fabricante de armas do Brasil
A Taurus (TASA3/TASA4) é uma empresa que se intitula uma Empresa Estratégia de Defesa, sediada no município de São Leopoldo, no Estado do Rio Grande do Sul. Fundada em 1939, hoje a empresa emprega mais de 2100 pessoas.
Além disso, a empresa também possui fabricação nos Estados Unidos. A primeira fábrica foi inaugurada em 1981, na cidade de Miami. Isso proporcionou a empresa a se tornar uma das maiores fabricantes de armas do mundo. Contudo, em 2019, a empresa construiu um novo centro de produção no estado da Georgia. Isto possibilitou uma expansão de capacidade tanto em engenharia quanto manufatura.
O mercado de fabricação e vendas de armas
A fabricação de armas em território brasileiro não sofre com restrições, contudo, a venda enfrenta diversos entraves. Para que um consumidor possa adquirir uma arma de fogo, é necessário passar por um complexo processo para obter a autorização de posse de armas. Além disso, uma arma de fogo não é algo exatamente barato para o brasileiro médio. Segundo informações da própria Taurus, o gasto mínimo para se ter uma arma no Brasil é de, ao menos, R$3,7 mil reais.
No entanto, o governo federal tem buscado flexibilizar tanto o processo de posse de armas quanto o porte de armas. E essas medidas têm dado resultado, desde 2018, o registro de novas armas de fogo no Brasil aumentou em 183%. O aumento de 2019 para 2020 foi de 91%, o maior patamar desde que esse registrou passou a ser realizado em 2009.
Neste sentido, um outro ponto que prejudica as vendas no mercado brasileiro é o alto imposto que incide sobre armas de fogo. O valor pode superar 70%, tornando demasiadamente cara a compra de uma arma.
Já em relação ao mercado internacional, principalmente ao mercado americano, o maior comprador de armas, algumas ressalvas devem ser feitas. Embora seja um dos países onde a posse e porte de arma sejam facilitadas, existe um certo receio de o governo Biden aumentar a restrição de vendas de armas de fogo.
A estratégia da Taurus
A Taurus é essencialmente uma empresa voltada para o mercado civil. Embora brasileira, hoje a produção é realizada principalmente na fábrica situada na Geórgia. Além disso, a empresa também tem como foco a venda para o mercado civil americano, que é o maior mercado consumidor de armas do mundo. Hoje, cerca de 85% das vendas são voltadas para o mercado americano, 5% para outros mercados e apenas 10% para o mercado interno.
Segundo o CEO da companhia, Salesio Nuhs, a empresa vem desde 2015 reformulando sua estratégia e operação, o que refletiu nos resultados de 2020. O principal foco foi a reformação dos centros de engenharia e tecnologia com a construção do Centro Integrado de Tecnologia Brasil-EUA (CIT). Além disso, passaram a produzir novos produtos a partir da lógica do cliente, invertendo a lógica anterior de produzir e depois verificar a aceitação dele.
A empresa tem focado também esforços para aumentar a exposição ao mercado asiático e oriente médio. A empresa estabeleceu uma joint venture com a Índia. Segundo o CEO, o mercado civil indiano está em fases iniciais de abertura, contudo, o mercado policial é superlativo. A Taurus, hoje, quer ser a primeira empresa estrangeira a produzir armas no território indiano
Os resultados da companhia
A Taurus chegou a ter, em dado um momento, a ter uma dívida 15 vezes maior que esse EBITDA. A empresa chegou a vender a operação de fabricação de capacetes para motociclistas para reduzir seu endividamento. Até 2018, a empresa apresentava um EBITDA negativo. Além disso, em 2015, patrimônio líquido negativo.
Contudo, ainda em 2019, a Taurus apresentou lucro de R$ 22,1 milhões e, em 2020, impressionantes R$ 279,5 milhões. O patrimônio líquido negativo foi revertido para um patrimônio líquido positivo de R$42,3 milhões.
Além disso, a empresa projeta um crescimento da receita na ordem de 30,1% para 2021, acompanhado de um ganho incremental de 3,1% em sua margem Ebitda. O presidente da Taurus, Salesio Nuhs, destaca e afirma que o ocorrido na Taurus pode ser chamado de “revolução”.
Sendo assim, resultados sólidos refletiram no valor da ação. No ano de 2020 as ações subiram 500%. De março de 2020, quando a bolsa bateu mínimas históricas, até abril de 2021, o acumulado foi de alta bateu a casa dos 800%. Com projeções de bons resultados, espera-se que o papel suba ainda mais.
Conclusão
A Taurus está deixando para trás uma época em que seu papel era meramente especulativo, como podemos ver neste artigo, que refletia resultados ruins da empresa. Hoje o papel apresenta boa liquidez, com boas projeções para o futuro. A Eleven Financial Research, uma das poucas a ter cobertura para o papel, colocou o preço alvo de TASA4 a R$32 reais, confiando nas projeções e nos resultados recentes.
Pesquisas recentes que, no mercado americano, principal cliente da Taurus, 20 milhões de pessoas pretendem comprar a primeira arma ainda em 2021. Além disso, a Taurus é a primeira opção de compra destes consumidores, por conta de resistência, confiabilidade, custo x benefício e disponibilidade do produto.
Além disso, a marca é a quarta mais vendida no mercado americano e, analisando apenas o mercado de importações, a Taurus é a líder de vendas desde 2019. O mercado está em situação favorável e a tendência é que se mantenha.
Com isso, o papel da Taurus se apresenta como uma boa opção de compra. Vem apresentando bons resultados e tem estruturado suas projeções de receita em dados sólidos. Toda a reformulação estabelecida desde 2015 vem atraindo cada vez mais a atenção e confiança dos investidores.