A economia mundial pode ser afetada diretamente pelo preço do Petróleo. Entenda mais como funciona essa dinâmica neste texto.
O Petróleo é uma das matérias-primas mais demandadas nas economias e linhas de produção de todo o mundo. O “Ouro Negro” só pode ser comprado com dólar, é produzido e negociado em um regime de cartel.
É utilizado na confecção e transporte dos mais variados produtos, principalmente combustíveis, compostos plásticos, lubrificantes, sendo a fonte de energia mais utilizada no momento.
Os maiores produtores de Petróleo do mundo fazem parte, em sua maioria, da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que tem como objetivo conduzir a produção e o fornecimento do mercado mundial do commoditie. Estima-se, que em 2019, o setor de Petróleo e Gás movimentou 3,8% do PIB global, equivalente a US$ 3,26 trilhão.
Entre os países que fazem parte da OPEP estão: Argélia, Angola, Guiné Equatorial, Gabão, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, República do Congo, Arábia Saudita (líder), Emirados Árabes Unidos e Venezuela.
Estados Unidos, Brasil, Rússia e Arábia Saudita também são grandes produtores, exportadores e importadores. Por ser o principal recurso energético e fonte de combustível, o preço do petróleo tem suma importância para a economia mundial. Podendo ser um termômetro para medir as expectativas futuras.
Se o petróleo está mais barato, reduz-se o custo de produção e transação. As margens de lucro das empresas aumenta, também há uma diminuição da inflação. No cenário oposto, a economia perde dinâmica e as margens de lucro das empresas diminuem, também há maior pressão sobre o preço dos produtos.
Quem determina o preço do petróleo?
Apesar de ser um mercado cartelizado, os produtores dependem também de compradores. Afinal, de nada adianta ter uma grande capacidade de produção se não há ninguém comprando. Mas como a mercadoria é petróleo, sempre haverá compradores enquanto não houver alternativa.
Portanto, assim como em qualquer outro mercado, o preço do petróleo depende de dois lados: oferta (produtores) e demanda (compradores). A diferença é que esse mercado funciona sobre regime oligopolista, isto é, um cartel pode manipular a produção para evitar grandes oscilações no preço, mantendo uma boa margem de lucro para os produtores.
Olhando por essa ótica, quanto mais aquecida estiver a economia, maior será a demanda sobre produção, energia e combustíveis e, consequentemente pressionará o preço do commoditie para cima. Caso o cenário seja o oposto, menor será a demanda por petróleo, criando espaço para que ele caia.
No entanto, a OPEP pode manipular a produção conforme seus interesses e evitar que o preço tenha grandes quedas ou grandes altas, tudo conforme a necessidade de seus membros ou de países mais poderosos como Estados Unidos. O fato é que o preço do petróleo é um grande jogo de interesse geopolítico.
Afinal, uma baixa no preço do Petróleo pode trazer grandes problemas para economias exportadoras da matéria-prima, como o Brasil e Venezuela. No entanto, um baixo preço favorece aqueles que importam como China e Estados Unidos, por exemplo. Por isso, há tanto “jogo de interesses” neste mercado.
O fato é que já aconteceram muitos conflitos por conta do interesse em Petróleo. Hoje, Estados Unidos, Rússia, União Europeia, China e Emirados Árabes jogam entre si para alcançar seus interesses econômicos.
Choque de Petróleo
Os choques de petróleo estão sempre acontecendo, principalmente quando os países protagonistas deste mercado nesse não conseguem entrar em acordo, ou vivem momentos de instabilidade política, causando grande transtorno no preço, principalmente através de retaliações.
O mais marcante de todos os choques aconteceu, sem dúvidas, nos anos 70. A economia global estava estagnada e estava acontecendo a Guerra do Yom Kippur, entre Israel e Egito, Síria e Iraque. Os Estados Unidos, em 1973, externalizaram apoio ao estado de Israel, o que causou grande desconforto na comunidade árabe.
Como forma de retaliação, a OPEP cortou a produção de petróleo, o que fez o preço do commoditie subir mais de 400% em março de 1974. Filas em postos de gasolina, inflação e estagnação econômica global foi uma marca dos anos 70.
Mais recentemente, Rússia e Emirados Árabes discordaram sobre a política de preço do petróleo. Os Emirados Árabes defendem um corte na produção para evitar grandes oscilações no preço. A ideia era acompanhar a redução da demanda com uma diminuição da oferta, amenizando impactos sobre o preço e sobre o mercado de petróleo.
A Rússia rejeitou o acordo, pois entende que a medida poderia favorecer os norte-americanos, protagonistas na exploração de gás de xisto, combustível alternativo ao petróleo, só que menos competitivo devido ao custo de extração.
Com a negativa dos russos, os Emirados Árabes optaram por aumentar o ritmo da produção de petróleo. A Rússia também seguiu no mesmo caminho, dizendo que poderia vender a matéria-prima tranquilamente a qualquer preço.
Essa atitude gerou um desconforto global no mercado de ações, já fragilizado por conta do Coronavírus. O petróleo caiu mais de 34% em dois dias após a rejeição do acordo e mais 20% durante todo o mês de março, uma das maiores e mais rápidas quedas de preço em toda história.
É possível investir em petróleo?
A extração e refino de petróleo é uma atividade reservada apenas para bilionários, dado o alto custo de entrada com maquinários e exigências das mais variadas licenças. Por isso, o ramo de extração e refino não é nem um pouco convidativo para qualquer empreendedor.
No entanto, é possível especular com contratos futuros de petróleo na bolsa de valores e em plataformas de Forex. Contudo, esse tipo de operação é recomendada apenas para investidores que estejam com um conhecimento mais avançado sobre o mercado e instrumentos como alavancagem e derivativos.
Como a crise do petróleo afeta o mercado de ações?
Mas se o petróleo em baixa é bom para a economia, por que o mercado de ações caiu tanto? Só o Ibovespa chegou a cair mais de 19% em um único dia. A resposta para essa pergunta está na expectativa dos investidores para a economia mundial. A queda do preço do petróleo não foi apenas o resultado de uma briga entre Rússia e Emirados Árabes.
Os investidores entenderam que o preço também reage a uma queda na atividade econômica e, portanto, menos demanda sobre o petróleo. Navios e aviões são um dos maiores utilizadores do commoditie. Estamos com a economia mundial praticamente parada por conta da epidemia do Coronavírus.
Mas a história vai um pouco além disso. A Guerra Comercial já estava gerando desgaste principalmente para Estados Unidos e China, os dois protagonistas do comércio internacional, principalmente por conta das tarifas bilionárias que os países tinham que pagar para terem seus produtos circulando.
No final de 2018, os indicadores econômicos já apontavam para uma desaceleração, mas os Bancos Centrais interviram, reduzindo a taxa de juros na Europa e nos Estados Unidos.
Sem prognóstico para Coronavírus
Com a medida de estímulo dos Bancos Centrais, os mercados de ações voltaram a subir, pois a situação seria contornada com uma política econômica que buscava o crescimento naquele momento. Essa dinâmica funcionou até a chegada de um fator para o qual ninguém estava preparado: o Coronavírus.
Sendo uma doença altamente contagiosa, embora com baixo grau de letalidade, conseguiu parar a economia mundial através de medidas de quarentena e afastamento social. Milhares de empresas tiveram que parar suas atividades e milhões de trabalhadores tiveram que ficar em casa.
O que é pior, as perspectivas pioraram drasticamente. Com o lockdown de cidades inteiras, muitos negócios estão decretando falência e demitindo trabalhadores. Só nos Estados Unidos, quase 10 milhões de pessoas solicitaram seguro-desemprego em 2 semanas.
Além disso, a impossibilidade de dar qualquer prognóstico aumenta ainda mais o medo do mercado. Afinal, não se sabe quando efetivamente o surto do Coronavírus terá seu fim. Até lá, a economia mundial sofrerá danos que serão sentidos nos próximos a anos, piorando também a lucratividade das empresas e os fundamentos econômicos.