Como investir em Ouro 

O Ouro é um ativo milenar que vem atraindo a nossa atenção. Quando pensamos em algo de alto valor, o metal precioso é uma das primeiras coisas que vem a nossa cabeça. O Ouro se destaca por sua durabilidade, maleabilidade e escassez. Tanto é que essas características fizeram com que a sociedade o escolhesse como dinheiro por séculos.

Hoje, o Ouro não é mais o dinheiro. No entanto, qualquer banco central, de qualquer país, terá uma reserva de Ouro em seus cofres. Isso deixa claro que o ativo é muito valioso, tanto é que ainda é utilizado como “garantia final” de muitos bancos e países. Além disso, o Ouro é muito utilizado em indústrias e para joalheria.

Reserva de Ouro por país. Fonte: HowMuch

Apesar de ter perdido seu protagonismo nas últimas décadas, o Ouro ainda é muito procurado por investidores devido às suas características, principalmente de escassez. O governo não pode criar Ouro, isso faz com que ele seja uma reserva de valor confiável e que muitas pessoas coloquem grande parte de seu patrimônio ali.

A tese para investir em Ouro é de que o metal precioso é perfeito para tempos de crise, baixa confiança no sistema monetário mundial e quando há expectativa de inflação. Como o Ouro é extremamente escasso, também conhecido como “hard asset”, ele poderia se beneficiar dessa situação.

Do começo de 2019 até o dia 13/04/2020, o Ouro valorizou mais de 76,92%, quando saiu de R$ 156 o grama e foi para R$ 276. É possível comprar Ouro físico em lâminas a partir de 1g.

Como o Ouro se comportou em crises econômicas?

Primeiramente, é importante dizer que o Ouro é relacionado com o mercado de ações no curto prazo. Isso quer dizer que se tiver uma queda muito aguda nas ações, o Ouro também seguirá o mesmo caminho, porque investidores costumam operar alavancados e vendem os ativos mais líquidos para darem como garantia nas operações de alavancagem.

Então, quando a tempestade chega, o Ouro será afetado. No entanto, o que interessa é o que acontece depois que passa a tempestade. É nesses cenários em que o Ouro se beneficia e apresenta uma recuperação mais rápida do que outros ativos do mercado financeiro. Foi exatamente isso o que aconteceu na crise de 2008, como se pode observar no gráfico abaixo:

ciclos do mercado de ouro
Ciclos do mercado de Ouro. Fonte: TradingView.

Se a economia americana começar a ter inflação e estagnação de crescimento, o Ouro também se beneficiará, como aconteceu nos anos 70. A ideia é que o valor do Ouro vai subir mais rápido que as ações e outros ativos em um cenário pós-crise.

A ideia de comprar Ouro é se preparar com antecedência para uma crise, pois ele é um ativo de hedge (proteção). Geralmente, o Ouro começa a subir antes de uma crise ocorrer, diante do crescimento da incerteza, como fez antes da crise de 2008 e em 2019, antes do Coronavírus.

Qual é o risco de investir em Ouro?

Vale lembrar que o Ouro é um ativo que se encaixa dentro da Renda Variável, logo, seu preço está sujeito a grandes oscilações no mercado. Seu preço é determinado através da oferta e demanda, isto é: pessoas querendo comprar versus pessoas querendo vender. Logo, ele é bem diferente da poupança e renda fixa, seu capital pode variar.

Além disso, o Ouro está ligado diretamente ao contexto da economia global. Quando a economia está indo bem, as ações estão subindo, títulos de renda fixa não são atrativos e o Ouro tende a ter um desempenho baixo ou desvalorizar. Em cenários como esse, poucas pessoas estão pensando em se proteger, e sim em assumir mais riscos.

Por exemplo, a economia mundial entrou em um período de progresso a partir do ano de 2010, superada a crise econômica. Quem investiu em Ouro no começo da década, só foi recuperar seu investimento quase 10 anos depois, isso sem considerar a correção monetária pela inflação.

desvalorização do ouro
O Ouro durante um período em que a economia se tornou forte. Fonte: TradingView.

Por ser um ativo com altíssima liquidez, seu valor está oscilando minuto a minuto. Por isso, é importante entender qual o seu objetivo para investir em Ouro, qual o contexto econômico.

Vale lembrar que todo o estoque de Ouro cabe em duas piscinas olímpicas. No entanto, ainda não se sabe de fato a quantidade que existe em baixo da terra. Então a descoberta de novas minas acaba se tornando um risco, pois isso poderia diminuir a escassez do Ouro, o que impactaria negativamente seu preço por conta da maior quantidade em circulação.]

Outro risco seria também o de custódia e segurança. Quando você investe em Ouro físico, precisa encontrar um local seguro contra roubos. Quem compra ouro na bolsa de valores também precisa confiar de que a corretora ou o banco está de fato com Ouro em seus cofres. 

Como investir em Ouro?

Uma das grandes vantagens do Ouro é a sua acessibilidade. É possível investir no metal de várias maneiras possíveis: comprando diretamente em DTVMs certificadas, através da bolsa de valores, pelo Banco do Brasil e também investindo em fundos que possuem investimentos em Ouro.

Comprar ouro físico em DTVMs certificadas

Uma DTVM é uma Distribuidora de Valores Mobiliários. São instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e que compõem o Sistema Financeiro Nacional, atuando na intermediação de títulos e valores mobiliários, nos mercados financeiros e de capitais.

As DTVMs estão espalhadas nas principais capitais do Brasil. No entanto, é difícil encontrar uma DTVM certificada em pequenas cidades. 

É aconselhável comprar Ouro físico sempre em DTVMs certificadas como Parmetal e Ourominas. Evite ao máximo o mercado paralelo, pois há chance de o Ouro ter menos pureza do que o que é apresentado. 

A desvantagem de comprar ouro físico é a baixa liquidez, pois as DTVMs vendem o Ouro mais caro e recompram mais barato caso você precise vender no curto prazo.

Outra desvantagem é a custódia. O Ouro é um ativo visado e precisa ser mantido em segurança dentro de casa ou no cofre de algum banco.

Usar contratos futuros de Ouro

A principal vantagem de usar contratos futuros é que você pode investir em Ouro sem a necessidade de custodiá-lo. É possível comprar contratos de Ouro e apostar na valorização do ativo. Antes de usar essa opção, é preciso consultar se o seu banco ou corretora tem suporte para esse tipo de operação.

O Banco do Brasil é um banco que oferece investimentos em contratos de Ouro, sem a necessidade de ter em mãos o ativo, pois eles fazem a custódia. Corretoras como a ModalMais e EMX também oferecem a opção de negociar contratos futuros de Ouro. Geralmente, essa é uma das modalidades mais utilizadas por oferecer facilidades e grande liquidez.

A desvantagem é que você não tem o Ouro em mãos e será preciso confiar que aqueles contratos de fato estão lastreados. Caso contrário, você está apenas comprando ou vendendo uma “promessa de ouro”. A alternativa dos contratos futuros é indicada apenas para quem já entende de mercado financeiro e sobre o funcionamento de derivativos.

Fundos que investem em Ouro

Esta é a alternativa mais acessível para a maioria dos investidores, uma vez que você não precisa se preocupar com a burocracia de comprar o ouro em espécie e nem com os detalhes das dinâmicas do mercado futuro.

Com fundos de investimento em ouro, é possível terceirizar a gestão deste ativo a um gestor profissional. O fundo pode tanto ser passivo, que compra o ouro e simplesmente sofre as variações no preço, ou ativo, que compra e vende ouro de acordo com o momento de mercado, buscando rentabilidades maiores.

Exemplos de fundos que investem em Ouro são: Vitreo Ouro e BTG Pactual Ouro FIM. A desvantagem desta alternativa é a liquidez e também os custos. Os gestores irão cobrar por seu serviço e as taxas podem diminuir a rentabilidade final.

Vale a pena investir em Ouro?

Sem fugir da pergunta: sim. O Ouro é um ativo essencial em qualquer carteira de investimentos. Trata-se de um ativo altamente escasso e com um alto valor intrínseco. Obviamente, a resposta seria diferente se a pergunta fosse: “devo investir todas as minhas economias em Ouro?”. 

Nesse caso, não seria aconselhável, pensando como um investidor que diversifica sua carteira. É recomendado adquirir Ouro como investimento de longo prazo, sem pensar em enriquecimento rápido. 

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