Na primeira década dos anos 2000, as commodities, materiais utilizados para fabricação de diversos produtos, tiveram uma alta de preço histórica.
Esse aumento foi batizado de “boom das commodities”, e teve como causa a alta demanda destes produtos por parte de países emergentes, principalmente a China. O motivo dessa alta demanda chinesa se deu pelo acelerado processo de urbanização e crescimento acelerado.
Contudo, depois de 2010, os preços das commodities foram ficando mais baratos e se estabilizara. Porém, desde ano passado, 2020, alguns especialistas vêm apontando que o mundo vem passando por um novo ciclo das commodities. Os preços vêm gradualmente aumentando, e sua demanda vem da China e EUA, países que guiar a retomada da economia pós-pandemia.
Com isso, nesse artigo iremos mostrar ao leitor como este novo ciclo das commodities vem afetando a economia brasileira. Além disso, iremos falar um pouco do que consiste as commodities, bem como sua participação no PIB brasileiro.
O que são commodities?
Resumidamente, as commodities se caracterizam por serem materiais em estado bruto, produzidas pelo que é chamado de indústria de base. Quando se fala sobre o assunto, geralmente estamos se referindo a recursos minerais, vegetais ou agrícolas. Entre estes, podemos citar o petróleo, carvão mineral, soja, cana-de-açúcar, etc.
Nesse sentido, estes produtos têm capacidade de influenciar alguns setores econômicos ou até toda a economia. Portando, isso significa que a flutuação no preço destes produtos influencia o comportamento das atividades industriais e do comércio. Estes utilizarão matéria-prima com valor mais elevado ou mais baratos.
Além disso, algumas economias, como a brasileira, dependem muito de uma boa cotação no preço das commodities. O motivo é haver uma concentração grande do PIB na mão de empresas que realizam a produção e comercialização destes produtos. Nesse sentido, quando há uma crise que afete este setor, a economia destes países tende a sofrer junto com a queda do setor.
O novo ciclo
Após cerca de 10 anos de queda (2010-2019), o mundo vem passando por um novo boom das commodities. Houve interrupção de praticamente todos os investimentos no setor devido à queda de receita das empresas, afetando sua capacidade de investir em aumento da capacidade.
Contudo, este tem características diferentes. Segundo Paschoal Paione, especialista da Garín Investimentos, este deve ser mais fraco e intersetorial, ou seja, commodities diferentes se beneficiando em momentos diferentes.
Nesse sentido, esse ciclo das commodities deve ser impulsionado, conforme mencionado, sobretudo por EUA e China. Este último vem colocando um plano quinquenal em prática, que tem como foco a expansão da classe média chinesa, de 400 milhões de chineses para 700 milhões.
Com isso, para alguns analistas da Goldman Sachs e do J.P Morgan, a combinação de pacotes de incentivo fiscal, políticas de estímulo monetário e aquecimento do consumo irá gerar um cenário favorável à aceleração da demanda por matérias-primas industriais.
Já existem alguns indícios sobre este ciclo, um deles é o desempenho do S&P 500 GSCI, principal índice de commodities do mercado global. Considerando do início da pandemia até o dia de hoje, o índice progrediu 103,41%.
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Impacto do ciclo das commodities na economia brasileira
As commodities representam cerca de 6,5% do PIB brasileiro, além de compor mais de 60% dos produtos exportados pelo país. Nesse sentido, quando há um boom no setor, a economia também avança em maior ou menor grau.
Sendo assim, com o avanço no preço dos grãos, açúcar e carnes, além da acentuada desvalorização do real, espera-se que a renda no campo aumente 40% este ano. Em valores, o campo deve movimentar cerca de R$ 965 bilhões, de acordo com estimativas da MB Agro. A projeção é motivada principalmente pelo desempenho dos grãos.
Embora a pandemia da Covid19 tenha afetado diversas regiões do Brasil, os estados do Norte e do Centro-Oeste tiveram resultados positivos. O Índice de Atividade Econômica Regional do Norte cresceu 0,4% em 2020, já no Centro-Oeste, alta foi de 0,2%.
Por outro lado, a forte política de exportação das commodities vem desabastecendo o mercado sinal. Isso tem provocado frequentes altas de preços na carne, soja, combustíveis, que vem sendo demandadas no mercado internacional. Nesse sentido, conforme a demanda para o mercado internacional aumenta, o fornecimento interno é reduzido, ocasionando na alta de preços.
Com isso, há pressão sobre o governo federal para adotar políticas monetárias que venham lidar com essa dinâmica. As seguidas reuniões do Copom, que vem implicando seguidos aumentos na taxa básica de juros, vêm utilizando o aumento dos preços como justificativa para o aumento dos juros.
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Empresas listadas na B3
Existem algumas empresas listadas na Bolsa de Valores Brasileiras que realizam a produção e negociação de commodites. Entre elas, podemos citar a Vale, Petrobras, Gerdau, CSN, Suzano, JBS, BRF, Braskem etc.
Além disso, a B3 também possui um índice que reflete o desempenho das commodities brasileiras. Esse índice é intitulado de Índice de Commodites Brasil (ICB). Embora não seja possível investir diretamente no índice, serve para acompanhar o desempenho do mercado.
Por outro lado, também é possível comprar cotas de fundos de índice (ETFs) de commodities. Listados na B3, podemos citar o It Now IMAT (MATB11), que rastreio o desempenho do índice de Materiais Básicos da B3. Também existe o ETF GOLD11, um ETF do ouro brasileiro.
Conclusão
Os sinais sobre o novo boom das commodities estão evidentes e as empresas brasileiras do setor já vem se aproveitando disso. Ainda não se sabe quanto tempo deve durar, contudo, alguns especialistas apontam que a duração deve ser de 1 a 2 anos. Isso deve refletir a retomada da economia dos países no pós-pandemia.
No entanto, é necessário que o governo federal estabeleça políticas monetárias para que este boom não afete o mercado interno (que já vem sendo afetado). A demanda atual aumentou o preço de produtos básicos do consumidor de forma agressiva. Sem uma política adequada, pode causar sérios problemas a população, bem como outros setores da economia que dependem destes produtos.
Sendo assim, é recomendado acompanhar este novo boom das commodities, visto que, para aqueles que pensam em investir, pode trazer bons ganhos futuramente. É importante acompanhar os resultados das empresas, para entender até quando isso vai durar.
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