A arbitragem não é exclusiva do mercado de Bitcoin. As pessoas arbitram o tempo inteiro. O mercado financeiro realiza essa prática de forma extensiva em diferentes classes de ativos, que vão desde ações, commodities e moedas. O mercado de Bitcoin, como outro qualquer, também possui oportunidades de arbitragem.
O que é arbitragem?
Mas o que é arbitragem? Ela consiste no simples fato de comprar um ativo em um mercado onde ele está mais barato e vendê-lo onde está mais caro. Se isso for feito em grandes volumes, o preço nos dois mercados tenderá a se igualar.
Um restaurante que vende cerveja realiza arbitragem. Ele compra cerveja a um melhor preço no mercado e vende em seu estabelecimento por um preço maior que o de compra. Essa é uma simples operação de arbitragem: se aproveitar da assimetria de preços nos diferentes mercados e lucrar com isso.
Comprar cigarros no Brasil para revender no Reino Unido também é uma forma de arbitragem. Se existe diferença de preço entre diferentes mercados de um mesmo ativo, a oportunidade para arbitrar está criada. Essa diferença de preços é o spread.
Você já percebeu que o preço do Bitcoin no Brasil é mais caro do que no exterior? Se você dividir o preço do Bitcoin no Brasil pelo preço do Bitcoin em dólar, terá o Dólar Bitcoin. A diferença entre o dólar comercial e o dólar Bitcoin é o spread que pagamos quando compramos ou vendemos, mas essa diferença vem caindo com o passar dos anos.
Como fazer arbitragem com Bitcoin?
O mesmo se aplica ao Bitcoin: se ele está custando US$ 10,000 na Kraken e US$ 10,200 na Binance, bastaria depositar dólares na Kraken, comprar, mandar para a Binance e vendê-lo a US$ 10,200. O lucro bruto, sem considerar a taxa cobrada pela exchange, seria de US$ 200 ou 2%.
No Brasil também é possível explorar essa diferença: faz um depósito R$ na corretora na qual o preço do Bitcoin está mais barato, compra Bitcoin e envia para a corretora onde o preço está mais caro, realizando a venda.
O problema disso está no operacional. É extremamente difícil se aproveitar dessas situações, porque até realizar a compra e venda de Bitcoin em diferentes corretoras, o preço provavelmente será outro e a oportunidade não será tão lucrativa assim, porque o Bitcoin é muito volátil.
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Para contornar a situação é necessário ter saldo tanto em R$ e BTC em diversas corretoras brasileiras utilizadas nas operações. Mas por que isso é necessário? Você vai precisar comprar na corretora onde o preço está barato e vender ao mesmo tempo na corretora onde o preço está mais caro.
Mas como se dá o lucro dessa operação? A oportunidade aparece se o preço de uma corretora estiver muito abaixo ou acima do preço de mercado.
Por exemplo: o preço da corretora A está R$ 40,000. Por outro lado, o preço do Bitcoin em todas as corretoras do mercado está próximo de R$ 43,000. Normalmente, você compra Bitcoin na corretora A e vende a mesma quantidade de Bitcoin na corretora B que tiver o melhor preço, tudo isso simultaneamente. Se isso for feito extensivamente, o preço na corretora A irá tender a R$ 43,000.
Pontos de atenção
Você precisa ficar muito atento às taxas cobradas nas corretoras. Em média, uma corretora cobra 0,25% na ordem passiva e 0,50% na ordem ativa. Além disso, ainda tem o saque de Bitcoin e R$.
Serão feitas duas operações: compra na corretora A (0,25% a 0,50% de taxa), saque de Bitcoin para a corretora B (variável mas custa entre R$ 5 e R$ 20) e venda na corretora B (0,25% a 0,50% de taxa). Se você for sacar, pagará de 0,9% a 1,39% de taxa
Para que essa operação seja lucrativa, o preço precisará estar com pelo menos 3 a 5% de discrepância em relação ao da outra corretora. Por conta disso, a arbitragem não é tão atrativa para quem possui pequenas quantias em Bitcoin.
Quais os limites da arbitragem de Bitcoin?
Essa exigência de alto capital mínimo torna a arbitragem um pouco inacessível para quem possui pouco dinheiro para realizar essa operação. Geralmente, arbitradores profissionais utilizam robôs de alta frequência para comprar e vender nas diferentes corretoras ao mesmo tempo, mas isso tem um limite.
O limite da arbitragem se dá com o tamanho do volume de dinheiro na operação. Quanto mais dinheiro, mais difícil será ter ganhos com arbitragem, porque a diferença entre as corretoras vai diminuindo conforme mais volume está sendo arbitrado. Logo, não é possível aumentar o volume de Bitcoins a ser arbitrado e ao mesmo tempo ter crescimento de lucro.
A imagem abaixo demonstra isso, o mercado brasileiro de Bitcoin sofria com uma grande diferença de preço em relação ao preço do Bitcoin em Dólar. Conforme novos arbitradores foram entrando no jogo, essa diferença caiu nos últimos anos.
Quais ferramentas utilizar para fazer arbitragem?
O Biscoint é o site mais utilizado por arbitradores. Ele oferece uma lista quase completa de todas as corretoras e preços já somando as taxas do processo. Além disso, ele mostra o preço de acordo com a quantidade de Bitcoin que você quer comprar, essa funcionalidade faz toda diferença porque os preços podem ser distintos na compra de 1 ou 5 Bitcoins.
Também está disponível gratuitamente o CoinTraderMonitor, que exibe o preço de todas as corretoras e ainda indica as possibilidades de arbitragem no momento.
Conclusão
A arbitragem é um dos meios mais utilizados para quem quer ter ganhos consistentes sem correr risco de operar contra ou a favor do mercado. Ela é utilizada principalmente por investidores profissionais e mais avançados. Sua vantagem é o baixo risco em relação ao trading.
Além disso, ela é importantíssima para garantir que todos os preços do mercado sejam equivalentes. A arbitragem também garante liquidez para o mercado brasileiro.
Por outro lado, a exigência de alto capital torna a operação pouco atrativa para pequenos investidores. As altas taxas cobradas nas corretoras brasileiras também diminuem as oportunidades.
Existem muitas possibilidades para arbitragem além de Bitcoin. Falaremos sobre elas quando for mais oportuno. Se você quiser continuar recebendo conteúdo como esses, inscreva-se em nossa newsletter:
No entanto, essa estratégia precisa ser feita com cautela, principalmente ao definir o tamanho dos aportes. Nunca exponha uma parcela do seu capital que te deixe desconfortável em caso de prejuízos.