Aqui no site já falamos bastante sobre essa classe de ativos responsável por mais de 1.2 quatrilhão de dólares de todo o dinheiro mundial alocado em ativos financeiros e como elas podem ser úteis para fins de hedge.
A quantia operada nesse mercado, chega a ser mais de 10 vezes maior do que todo estoque de dinheiro do mundo. Além das definições que já conhecemos, o artigo de hoje irá mostrar mais detalhes sobre os principais usos desses instrumentos financeiros.
Que basicamente são, hedge e especulação. Em outras palavras, existem duas pontas muito interessadas no uso desses instrumentos. De um lado alguém que está tentando realizar um seguro e conter riscos de alguma operação, do outro, alguém que está “apostando” para obter ganhos altos no curto prazo.
O que são derivativos?
Um derivativo pode ser definido como um instrumento financeiro cujo valor depende, ou deriva, dos valores de outros instrumentos ou ativos. O mercado de derivativos apresenta algumas categorias e uma delas são: os hedges e a especulação, como dito, as mais fundamentais para a existência desse mercado.
Enquanto os hedges querem evitar exposição a movimentos adversos no preço de um ativo, os especuladores desejam assumir uma posição no mercado. Esses apostam em qual direção o ativo irá caminhar, seja para cima ou para baixo.
Alguns economistas (Plihon, 1995 e Bourguinat, 1995) defendem a ideia de que a especulação se tornou a tal ponto dominante que as fronteiras que a separam das operações de hedge atenuaram-se a ponto de se tornarem imperceptíveis.
Para Keynes (1936), a especulação caracterizava-se como: a atividade de antecipar a psicologia do mercado. Os especuladores estavam engajados numa “batalha de vontades” para antecipar a base da avaliação convencional.
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O que é hedge e como realizar
O hedger é aquele que está buscando operações que mitiguem seu risco financeiro. Assim, dado que qualquer operação no mercado financeiro possui de alguma forma um tipo de risco, o hedger vai operar nesse mercado buscando proteção contra esses riscos.
Em outras palavras, este operador está buscando comprar “seguros”. Nesse sentido, o próprio significado da palavra inglesa “hedge” nos dá uma ideia do seu objetivo “cobertura”.
Basicamente uma forma de limitar os possíveis prejuízos, pagando um prêmio para isso. Dessa forma, um investidor que está preocupado com oscilações de sua carteira, busca o hedge para obter proteção e não lucro.
No TradingView, por exemplo, a plataforma garante aos investidores os melhores gráficos e ferramentas de análise, permitindo identificar oportunidades em tendências de baixa em mercados globais, de forma que seja possível adotar uma estratégia de proteção em tempos de incerteza do mercado.
Os tipos de hedge
É bastante comum o hedge do tipo cambial. Esse tipo de hedge ocorre principalmente devida à importância da moeda americana para todo o mercado. Com isso, quando há momentos de muita incerteza, os contratos de proteção para dólar são muito buscados.
Além disso, existem companhias que buscam ter certa previsibilidade em seu caixa, algumas delas exportadoras. Com isso, visando reduzir a oscilação de suas receitas ou dívidas, elas operam derivativos com intuito de travar esse fluxo.
Por fim, existem os mais variados tipos de hedge possíveis, até mesmo de renda fixa, quando se busca, por exemplo, carregar apenas os juros diários de uma operação. É possível realizar o hedge através da compra de papel “casado”, nome que se dá, a possibilidade de se comprar tanto um título pré quanto um título indexado aos juros na mesma operação.
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Especuladores e provedores de liquidez
Principais responsáveis por fomentar a liquidez nos mercados, os especuladores estão sempre buscando altos ganhos em um curto intervalo de tempo. Pelo menos na maioria dos casos é assim que podemos definir.
Essa prática é bastante comum no mercado e não há nada de errado em se especular, pelo contrário como já dito na primeira parte, esses players são de fundamental importância no mercado dado que provêm liquidez para o mesmo.
Em outras palavras, o especulador realiza a compra de ativos financeiros, sem interesse em obter o uso. Seu objetivo é realizar uma venda futura, gerando ganhos acima da média, geralmente não estão preocupados com o valor intrínseco de um determinado ativo.
Especuladores não financeiros
Os derivativos oferecem às empresas maneiras bastante eficientes de gerenciar riscos. O problema, na grande maioria, é quando empresas não financeiras deixam de usar os derivativos para hedgers e começam a especular.
As empresas nunca devem realizar uma negociação ou implementar uma estratégia de negociação que não entendem completamente. Se um membro da alta gerência de uma empresa não entende uma negociação proposta por um subordinado, a transação não deve ser aprovada.
O principal objetivo da gerência é garantir que o hedger não se transforme em especulador, com isso é necessário estabelecer limites claros dos riscos que podem ser tomados. É preciso implementar controles para garantir que os limites sejam obedecidos.
A estratégia de negociação de uma empresa deve começar com uma análise dos riscos enfrentados por ela em termos de taxas de câmbio, juros e assim por diante. Depois, é preciso decidir como reduzir riscos a níveis aceitáveis.
Conclusão
Como vimos nesse artigo, os derivativos têm em seus principais objetivos uma importância significativa para o mercado, gerando possibilidade de altos ganhos para um curto prazo e de proteção para outros que estão buscando algum tipo de seguro.
Além disso, em ambos os cenários, um necessita do outro, o hedger precisa do especulador, assim como o especulador precisa do hedger. Não há nenhum problema em estar em qualquer ponta dessa operação, o que se deve ter cuidado é claro, é operar de forma a entender o que se está fazendo.
Dessa forma, até mesmo companhias não financeiras como a Sadia, por exemplo, já se envolveram em problemas ligados a operações de derivativos, uma companhia não financeira que como muitas outras, operam derivativos para fins de hedge. Contudo, a mesma decidiu operar de forma especulativa, sendo surpreendida por uma grave crise mundial.
Ou seja, o importante é mensurar os riscos e entender de fato suas necessidades dentro desse mundo gigante de possibilidades dos derivativos. Caso tenha se interessado pelo assunto, não deixe de ler outros artigos com foco nesse tema por aqui.