Nos últimos anos, muito se tem debatido sobre a educação financeira da população brasileira. De fato, são poucas as pessoas que tiveram a oportunidade de, desde cedo, entender os conceitos básicos de finanças e levar isso para a vida. Aliás, também são poucas as pessoas já em fase adulta que conhecem estes conceitos.
Nesse sentido, sem dúvida a melhor forma de começar a tornar a população brasileira mais educada financeiramente é pensando nas próximas gerações.
Com isso, no ano passado, o Banco Central iniciou um projeto de implementação de educação financeiras nas escolas públicas. Este projeto foi intitulado pelo Banco Central de Aprender Valor.
Dessa forma, neste artigo, iremos falar um pouco desse projeto, desde a ideia conceitual até o seu impacto para a população. Acompanhe esse texto conosco e fique informado sobre o que pode ser o início de uma melhor educação financeira do país.
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O projeto Aprender Valor
O piloto do projeto iniciou ano passado, onde a educação financeira foi incluída em quatro disciplinas de forma transversal. As disciplinas foram de português, matemática, geografia e história. Esse piloto abrangeu 429 escolas em 250 municípios localizados nos estados do Ceará, Minas Gerais, Pará, Paraná, Mato Grosso e Distrito Federal.
Embora o piloto tenha iniciado no ano passado (2020), o projeto começou a ser implementado em 2019 e tem prazo de conclusão 2022. Contudo, pode ainda entrar um pouco em 2003. A ideia é levar educação financeira a todas as escolas de ensino fundamental do país.
Nesse sentido, seriam afetadas 100 mil escolas, que contém aproximadamente 22 milhões de estudantes e 1,2 milhões de professores.
Para viabilizar o projeto, foi desenvolvida uma plataforma online que conecta professores em qualquer ponto do Brasil. Além disso, foram desenvolvidos 35 projetos educacionais aplicados na sala de aula, incluindo dois cursos de formação para professores e gestores de escolas públicas.
O primeiro para que os professores possam aplicar o projeto na sala de aula, já o segundo é para que o professor possa gerir suas próprias finanças.
Segundo Mauricio Moura, diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do BC, “essa é uma ação que não vai retroceder”. Ainda, segundo ele, “a educação financeira veio para ficar, vai ser uma ação permanente do Banco Central”.
Resultados do Piloto para educação
Entre os estudantes que participarão do piloto, cerca de 13 mil foram avaliados ainda em abril em português, matemática e letramento financeiro. Com isso, para avaliar a eficácia do projeto, eles passarão por novos exames agora em agosto. Assim, será possível entender a evolução no aprendizado de educação financeira.
Para este projeto, serão gastos cerca de R$ 11 milhões, custeados pelo Fundo de Defesa dos Direitos Difusos do Ministério da Justiça. Com isso, o projeto vem proporcionando aos estudantes controle da sua vida financeira em três pontos: fluxo diário de receitas e despesas, poupança, relação com produtos financeiros.
Aplicação do projeto no Ensino Médio
Embora o projeto tenha iniciado apenas voltado para o ensino fundamental, já existe a pretensão do Banco Central para ser expandido ao Ensino Médio.
Contudo, segundo o próprio órgão, estes jovens se encontram em outra faixa etária e possuem interesses diferentes. Nesse sentido, é necessário que o projeto seja reformulado para atender esse público.
Segundo Moura, será utilizada a mesma plataforma para criar disciplinas e conteúdo. Além disso, há a possibilidade de realizar parcerias com outros órgãos públicos, como a CVM, que pode ensinar educação financeira relacionada a investimentos. No entanto, não há previsão para levar o projeto para o Ensino Médio.
Como funciona a adesão ao programa Aprender Valor
O programa é totalmente gratuito. Contudo, precisa ser solicitado pelas secretarias municipais e estaduais de Educação, ou até mesmo às próprias escolas. Sendo assim, por meio do programa, o Banco Central apoia estas instituições de educação na implementação da educação financeira em sala de aula.
Contudo, embora estas instituições possam aderir ao projeto a qualquer momento. As diferenças existentes em um país continental como o Brasil, foi um desafio. Segundo Moura, “não posso fazer algo que funcione no Distrito Federal, mas não funcione na Amazônia, no Nordeste ou nos pampas gaúchos”.
Impacto da pandemia nas atividades de educação
Segundo Moura, foi necessário rever os projetos, visto que as atividades eram voltadas para o ensino presencial. Alguns dos projetos tiveram que ser completamente remodelados. O que acabou atrasando, o início do piloto em 6 meses.
Além disso, segundo Moura, as escolas não estavam preparadas para o ensino à distância. O que dificultou mais ainda, o andamento do projeto.
Situação do país em educação financeira
Segundo o último relatório do Programa internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), o Brasil ficou em 17º lugar. O ranking mede a competência financeira de 20 países, mostrando que ainda temos muito a evoluir nesse quesito.
Contudo, não para por aí. Ainda segundo o relatório, existe uma grande diferença nos países analisados entre estudantes que possuem condições socioeconômicas melhores em relação aos que não tem. Nesse sentido, os que possuem melhores condições apresentaram desempenho superior sobre finanças pessoais.
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Jogos e educação
O Instituto Brasil Solidário (IBS) possui uma iniciativa de mesmo objetivo. Foi criado por eles, jogos de tabuleiros que ensinam educação financeira. Durante a pandemia, o IBS criou versões virtuais de jogos que ensinam sobre a economia doméstica aos alunos.
Nesse sentido, hoje o projeto do IBS é oferecido a mais de 650 educadores de 84 cidades. Contudo, o material dinâmico e de qualidade ainda é escasso a maioria das escolas, principalmente públicas. O programa também capacita professores com aulas sobre empreendedorismo, cidadania e sustentabilidade.
Conclusão
Embora a educação brasileira ainda não venha dando bons passos em relação à abrangência e qualidade. Este projeto do Banco Central surge como alento para um futuro melhor. A dificuldade sobre educação financeira entre os brasileiros é nítida e certamente o maior conhecimento por parte das pessoas pode mudar suas vidas.
Sendo assim, a expectativa gerada sobre o projeto é positiva e tem o potencial de influenciar toda uma geração de estudantes. Com isso, é esperado que o novo projeto venha para ficar e seja incorporado permanentemente as grades curriculares do ensino brasileiro.
Para isso, é necessário avaliar até mesmo a necessidade de reforma da grade curricular para podermos obter resultados ainda melhores.
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