Conheça a Raízen, a gigante de biocombustíveis que estreou na B3

A estreia da Raízen na B3 vem sendo falada a algum tempo, despertando a curiosidade de investidores de todo o Brasil. Essa curiosidade é fundamentada, visto que a empresa é uma das gigantes do setor de biocombustíveis.

Sendo assim, neste artigo, traremos algumas informações relevantes sobre a história da empresa, seu modelo de negócios e o mercado em que está inserido. Acompanhe esse artigo conosco e conheça esta gigante brasileira!

História da Raízen

Raízen

A história do Grupo Raízen nasce em junho de 2011, através de uma joint venture entre Cosan e Shell. As empresas incorporaram ativos e a visão no mercado de biocombustíveis e energia renovável. Na época, a Cosan liderava a produção de biocombustíveis e açúcar no país. Nesse sentido, em 2008, havia adquirido os ativos de distribuição de combustíveis da ExxonMobil no Brasil.

Por outro lado, a Shell já possuía uma ampla rede e infraestrutura para distribuição de combustíveis. Na época, se posicionava como líder no mercado de energia, sendo bastante reconhecida nos mercados em que atuava. Possuía, como suporte, tecnologias próprias, que inovava na produção de biocombustíveis celulósicos.

Sendo assim, nos pouco mais de 10 anos de existência, o Grupo Raízen já se consolidou entre as maiores empresas do Brasil. Além disso, possui escala global nos ramos em que atua, fomentando uma cultura baseada no “empreendedorismo, meritocracia e no foco em resultados”.

Veja também: Governo aprova criação de plano para combustíveis sustentáveis

Área de Atuação e Estrutura do Grupo Raízen

O Grupo Raízen controla e tem como bases operacionais 26 parques de bioenergia espalhados pelo Brasil, se concentrando principalmente na Região Sudeste. Essa concentração é estratégica, visto que estes parques ficam próximos aos maiores mercados consumidores do país. Além disso, estes locais possuem bom acesso à infraestrutura, tais como terminais e portos.

Nesse sentido, nestes parques de bioenergia, a biomassa é produzida a partir da cana-de-açúcar. Segundo o grupo, o gerenciamento destes parques é a maior operação agrícola do mundo, cerca de 860 mil hectares de terras cultivadas.

Mesmo com a grande extensão de suas operações, a gestão da empresa possui total rastreabilidade geográfica sobre sua matéria-prima. Também possuem excelentes padrões de sustentabilidade na produção

Sendo assim, com a biomassa gerada, a Raízen oferece um portfólio de produtos renováveis bem diversificado. Ele inclui biocombustíveis, biogás, energia renovável de cogeração do bagaço da cana-de-açúcar etc.

Por outro lado, a empresa também realiza a produção de açúcar, uma das maiores produtoras do mundo. Em relação à distribuição, a empresa possui a segunda maior rede de distribuição de combustíveis da América do Sul, sendo a maior em Etanol do Brasil.

Competitividade no setor e variação do mercado

Embora a Raízen realize práticas sustentáveis, ainda é uma produtora de commoditites, sendo assim, como qualquer empresa do setor, está exposta às variações de preço de seus produtos. Nesse sentido, caso haja um ciclo de commodities onde os preços dos produtos estejam depreciados, os resultados da empresa podem ser bastante afetados.

Além disso, é necessário estar atento a alta competitividade no setor. O mercado de distribuição de combustíveis no Brasil e na Argentina, onde o Grupo Raízen possui operações com o Shell Select, possui fortes concorrentes.

O avanço no processo de privatização das refinarias da Petrobras também vem aumentando a competitividade no setor, com isso, novas empresas estão dispostas a entrar neste mercado.

Veja também: Imposto sobre combustível volta a ser discutido na Câmara

Diversificação de negócios

Em 2020, a Raízen inaugurou sua primeira planta de painéis fotovoltaicos, no município de Piracicaba (SP). A empresta está acompanhando a diversificação da geração de energia limpa. Além disso, está realizando também a compra de 81,5 da Cosan Biomassa. 

Além disso, a empresa realizou uma parceria com a Femsa Comércio, onde criaram o Grupo Nós, uma joint venture voltada para o negócio de lojas de conveniência nos postos da marca Shell Select e Oxxo. Um dos objetivos do Grupo Nós é a digitalização destas lojas de conveniência, bem como a expansão dos serviços.

Nesse sentido, o Grupo Nós pretende oferecer estrutura e ofertas competitivas, oferecendo itens de padaria, hortifruti, açougue, mercearia, etc. Com isso, será possível oferecer uma gama de produtos para reposição diária, oferecendo a praticidade de estarem em endereços próximos aos clientes.

Veja também: Por que a Petrobras não tem concorrência na produção de combustíveis?

IPO da Raízen

A Raízen precificou sua oferta inicial de ações a R$ 7,40, e seu IPO movimentou um valor total de R$6,9 bilhões, se tornando o maior IPO do ano da B3. A oferta inicial de ações saiu no piso da faixa estimada, que ia até R$9,60, segundo o informe publicado pela Comissão de Valores Mobiliários.

Sendo assim, foram oferecidas 810.811.000 ações preferenciais, somados a 121.621.650 papéis suplementares. As ações começaram a ser negociadas na B3 na última quarta-feira, 4 de agosto, utilizando o código RAIZ4.

Segundo a empresa, os recursos captados na oferta serão destinados à expansão da produção de produtos renováveis. Nesse sentido, 80% do valor será utilizado para construir novas plantas e ampliar sua capacidade de comercialização. 

Por outro lado, o valor restante será dividido entre investimentos em eficiência e produtividade em seus parques de bioenergia. Também serão realizados investimentos em armazenagem e logística, que irão possibilitar à empresa suprir o aumento esperado no volume de comercialização de renováveis e açúcar.

Resultados da Raízen

Recentemente, a empresa informou que, no exercício que se encerrou em 31 de março, obteve lucro líquido de R$ 1,547 bilhão. Esse valor representa uma queda de 35,4% em relação ao mesmo período de 2020.

Segundo a empresa, o resultado foi afetado pela queda de vendas de etanol e gasolina, bem como combustíveis durante o ano passado. Isso foi motivado pela pandemia da covid-19, que ainda vem afetando todo o mundo. Contudo, a empresa informou também que houve alta no volume vendido de açúcar em 145% neste mesmo período.

De mesmo modo, o Ebitda da empresa teve queda de 7,5% em relação ao ano anterior, chegando ao valor de R$8,356 bilhões. É importante informar que os exercícios anuais da Raízen seguem um calendário diferente. Ele se inicia em 1º de abril e encerra em 31 de março do ano seguinte, devido aos seus ciclos de produção, atrelados às safras.

Conclusão

Existe grande expectativa sobre o desempenho da Raízen na Bolsa de Valores. Contudo, alguns especialistas apontam alguns riscos na execução do plano de crescimento da companhia para os próximos anos.

Para eles, o plano é muito ambicioso, além de haver um risco de substituição dos combustíveis derivados do petróleo, produtos que são comercializados pela empresa.

Além disso, como informamos anteriormente, a competição no mercado de atuação é bastante forte. Nesse sentido, pode se tornar ainda mais concorrido com a privatização das refinarias da Petrobras.

Por outro lado, a empresa é a mais bem posicionada globalmente para realizar a exploração do etanol de segunda geração. Que é produzido através do rejeito da cana-de-açúcar. Este produto emite um volume de gases de efeito estufa 80% menor do que o emitido pela gasolina brasileira. 

Com issopode atrair investidores que se interessam em sustentabilidade. Também existe a questão de a empresa possuir um portfólio bem diversificado, o que a coloca em uma posição de alta escala.

Em síntese, a Raízen é uma empresa que merece acompanhamento por parte do investidor. Tem potencial para se tornar uma das “queridinhas”, devendo ficar atento as movimentações tanto do mercado quanto da companhia.

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