O que é, e como investir em crédito estruturado

Imagina uma cesta de investimentos composta por todo tipo de dívida, desde cartões de crédito, consignado de um banco, dívidas empresariais e até mesmo mensalidades de alunos. Desse modo, investir em crédito estruturado é a possibilidade de investir em uma cesta com isso tudo junto.

Assim sendo, essa é uma das opções para o investidor de renda fixa, que segue avaliando produtos com a finalidade de diversificar sua carteira.

Anteriormente falamos aqui sobre os perigos da segurança envolvendo a renda fixa, no artigo de hoje, falaremos sobre como funciona esse tipo de investimento e para qual perfil ele se enquadra melhor.

Crédito estruturado: O que é?

Em síntese, crédito estruturado funciona como uma estrutura de alocação de dívidas, um unificado de empréstimos e financiamentos. Como, por exemplo, podemos dizer que é como se um lojista ao vender um ‘item’ parcelado em 12 vezes, recebesse uma proposta de crédito à vista em troca dos fluxos de pagamentos para o gestor de um fundo.

Obviamente essa negociação considera o risco envolvido (prêmio de risco) e uma taxa justa para desconto, sendo assim, digamos que João vá a uma loja e compre um notebook que custou R$ 3.000 parcelado em 12 vezes. Seu Antônio dono da Loja, receberia R$ 3.000 parcelado em 12 vezes. Seu Antônio, está sem caixa e precisaria de dinheiro no curto prazo.

Um gestor de um fundo de crédito estruturado então compra essa dívida do seu Antônio por R$ 2.500 a vista em troca desse fluxo de R$ 3.000, ou seja, Seu Antônio vendeu os direitos creditórios para o Gestor.

Em outras palavras, é assim que funciona um crédito estruturado. A pessoa que cedeu os direitos creditórios, no nosso caso, o Seu Antônio é chamado de cedente e o João que comprou o Notebook é o sacado, o que deve pagar o crédito. E o fundo que comprou a dívida, fica com o fluxo de pagamentos e o risco de crédito.

Como investir em crédito estruturado

A forma mais comum para o investidor pessoa física ter acesso a esse tipo de investimento é através de fundos, fundos de crédito privado, fundos de crédito estruturados ou fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDC).

Além disso, essas opções de fundos estão disponíveis nas corretoras tradicionais, existem fundos que rendem desde 125% do CDI até muito mais que isso. A taxa de administração costuma ser por volta de 1% nos fundos de crédito.

Considerando o resgate, existem fundos que exigem o mínimo de 30, 60, 90 até mesmo 360 dias para finalizar o resgate e claro, existe uma correlação positiva entre o prazo de resgate e o rendimento para o investidor.

Diferenças entre crédito estruturado e outros títulos privados

Investir em crédito estruturado é um pouco diferente de investir em outros títulos privados, como CRis, CRas e Debêntures, principalmente em dois aspectos bastante relevantes.

Antes de mais nada, por assumirem créditos de contrapartes menos seguras, esses títulos tendem a ter características diferentes de outros títulos privados, uma delas é a possibilidade de maiores retornos e a outra é o prazo de resgate que costuma ser alto.

Além disso, esse tipo de investimento apresenta baixa liquidez, em caso de pedido de resgate, é necessário um período maior para que o gestor possa se desfazer do crédito tomado, realizando o pedido do cotista.

Risco associado a crédito estruturado

Quando se trata de crédito estruturado, a relação de risco e retorno deve avaliada nos mínimos detalhes, por isso, é bastante recomendável que a seleção desses ativos seja sempre realizada pos profissionais bastante qualificados.

Do ponto de vista do investidor, existem riscos atrelados a baixa liquidez e ao não pagamento dessas dívidas (risco de crédito), lembrando que diferente de ativos de renda variável, o risco nesse caso não deve ser avaliado pela volatilidade atribuída ao investimento, e sim a capacidade do fundo em receber esses créditos.

Nesse sentido, o papel do gestor e da equipe do fundo são fundamentais, pois estes que tomarão a decisão de quais cedentes receberão os créditos, o que fazer em situações de defaults (Quando o devedor não cumpre o combinado) e qual estratégia esse fundo deverá seguir.

Pontos mais relevantes para se avaliar

É muito importante avaliar o fundo a ser investido, comparando-o com os demais fundos que atuam com a mesma proposta, verificando a relação risco retorno, ainda que seja uma categoria de investimento aparentemente complexo, é uma forma bastante válida de diversificação da carteira.

Nessa linha, alguns pontos são importantes destacar:

1-Qual o histórico do gestor em relação a créditos.

2-Quais os investimentos que o fundo deve ou não realizar

3-Qual o histórico do fundo? Já passou por situações de default?

4-Nos casos envolvendo calote, como o fundo reagiu e quais medidas tomou.

5-Como ele se comporta em comparação com fundos da mesma categoria?

Outra dica importante

Outra sugestão interessante para que o investidor permaneça precavido, é entrar em contato com a gestora do fundo, solicitando informações sobre o funcionamento do mesmo.

Além disso, geralmente, a área de “Relação com investidores” dessas gestoras, costuma ser bastante acessível e aberta para conversar com os cliente e investidores interessados em aplicar seus recursos.

O importante é pesquisar bem antes de colocar os seus recursos nesses fundos, dado que o risco de calote, apesar de diluído devido a pulverização, sempre está ali presente, ainda mais em momentos de crise como o que estamos vivenciando agora.

Conclusão

Investir em crédito estruturado realmente pode ser uma forma interessante para diversificar a carteira, como já vimos nesse e em outros posts, investimentos de renda fixa podem não significar segurança.

Do mesmo modo, o investidor deve estar atento principalmente as suas necessidades ao realizar esse tipo de investimento, dado que as possibilidades de resgate possuem prazos maiores do que os dos investimentos tradicionais.

Embora o investimento em crédito estruturado possa parecer complexo, vimos também que é bastante simples de realizar, estando disponíveis através de corretoras tradicionais.

Contudo é importante destacar que todas as análises relacionadas ao comportamento do fundo devem ser realizadas, dado que como já dito anteriormente, a estabilidade do fluxo de caixa nesse caso, não diz nada sobre o risco do fundo em questão.

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