Entenda o aumento do número de investidores na bolsa

Recentemente, diversas notícias vêm sendo veiculadas a respeito do crescimento do número de pessoas físicas na bolsa de valores brasileira. Entre os dados mais relevantes, surpreende o aumento entre 2019 e 2020, onde o saldo subiu de 1.681.033 para 3.229.318, aumento de 92% em 1 ano.

Contudo, muitos se questionam sobre os motivos desse aumento, principalmente em um contexto de pandemia e crise financeira. É fato que diversas pessoas perderam renda, sendo necessário até mesmo utilizar suas reservas de emergência para manter seu custo de vida. 

Outro ponto a ser analisado é se esses novos investidores estão tomando as devidas precauções no mercado de renda variável. É preciso estar atento e entender onde está se investindo. 

Com isso, no artigo de hoje serão discutidos os principais motivos que levaram a bolsa brasileira a alcançar esse crescimento repentino de uns tempos pra cá. Também serão discutidas possíveis ações para elevarmos ainda mais esse número.

Entendendo o contexto histórico

Historicamente, o Brasil sempre foi conhecido pelo valor elevado da sua taxa básica de juros, a SELIC. O elevado valor da SELIC atraía investidores a colocar seu dinheiro em investimentos mais conservadores (consequentemente, mais seguros), como a renda fixa.

No entanto, de 2017 a 2020, a taxa básica de juros sofreu uma queda de 14,25% para 2%, redução de 85,95%. Essa redução fez com que investidores buscassem por investimentos que garantissem maior rentabilidade, no entanto, tomando maior risco.

Nesse sentido, é possível observar no gráfico abaixo que, conforme a taxa selic sofre um novo corte a cada ano, mais brasileiros entram na bolsa de valores. Com isso, a B3 saiu de um patamar de 557 mil pessoas em 2015 para 3,2 milhões em 2020.

 

 

Mas não só o corte explica

Certamente até 2019 o corte da SELIC contribuiu muito para a entrada de novos investidores na bolsa. No entanto, em 2020 os seguidos circuit breakers que aconteceram em março de 2020, devido a pandemia da covid-19, tiveram como consequência óbvia a queda no valor das ações de grandes companhias.

Ainda que com pouca informação sobre como tudo funcionava, novos investidores entraram na bolsa de valores, atraídos pelos preços baixos de ações de grandes empresas. Muitos leitores provavelmente ouviram alguém dizer: “com certeza esta ação vai voltar aos valores anteriores da pandemia”.

Do mesmo modo, outro fator que contribuiu para o aumento de pessoas na bolsa, é a constante melhora na educação financeira do brasileiro. Não à toa, existem diversos canais no YouTube que tratam do assunto.

Além disso, o aumento da acessibilidade nas plataformas digitais que, antes, em sua maioria eram pagas, facilitou a vida do novo investidor ao se arriscar no mercado de ações, onde as mesmas chegam a oferecer até alguns cursos gratuitos para ambientação destes investidores.

Perfil dos novos investidores da bolsa

Segundo dados da B3, 30% dos investidores iniciam sua jornada no mercado de ações aplicando até R$500,00. Do total de investidores de natureza pessoa física na bolsa, cerca de 48% diversificaram sua carteira em pelo menos 5 ações. Contudo, o valor médio aplicado é de R$1622,00.

Além disso, é curioso notar que a maior parte dos novos investidores estão em uma faixa etária de 26 a 35 anos. Um outro dado relevante é o aumento da participação de mulheres na bolsa, 128,1% desde dezembro. No entanto, a participação de mulheres no mercado de ações representa apenas 26,5% do total.

Concluindo, como dados complementares, 56% destes novos investidores possuem renda média de R$5 mil reais por mês e 62% trabalham tempo integral. Um outro ponto é que o Sudeste é a região que possui mais investidores, sendo 51% do total.

Um longo caminho a percorrer

Embora a participação tenha aumentado em valores expressivos, percentualmente é muito pouco. Se compararmos ao total da população, menos de 3% da população investe em ações.

Quando comparamos a países como EUA e Japão, que possuem respectivamente 55% e 45%, identificamos a grande discrepância em relação a outros países. Ainda há um longo caminho a ser percorrido em termos de educação financeira no país.

Como fica o mercado de criptomoedas

A participação do brasileiro no mercado de criptomoedas também tem aumentado. Segundo relatório publicado pelo Cointrader monitor, os brasileiros movimentaram 112.665 bitcoins, valor equivalente a aproximadamente 27,12 bilhões de reais.

Segundo o relatório, este aumento na negociação de criptomoedas se deu principalmente pelo valor do Bitcoin, que, ao final do terceiro trimestre, chegou ao valor de R$241.402,57. Em abril deste ano, a máxima histórica do Bitcoin chegou a R$360 mil.

Recentemente, devido ao sucesso das criptomoedas, foi lançado um ETF de criptomoedas da Hashdex na B3. Sendo assim, é possível acessar o mercado de criptomoedas através dos meios convencionais de acesso da bolsa de valores brasileira. O ETF replica o NCI (Nasdaq Crypto Index), sendo composto pelas critpos: Bitcoin, Ethereum, Etellar, Litecoin, Bitcoin Cash e Chainlink.

O que podemos concluir sobre o aumento de investidores na bolsa?

É verdade que o aumento da participação dos brasileiros na bolsa é de fato muito importante. Porém, também é verdade que ainda é preciso percorrer um longo caminho para considerarmos o Brasil como um país de investidores.

Em suma, é possível notar que corretoras e bancos estão buscando cada vez mais novos investidores. Nos últimos meses, plataformas digitais de corretoras e bancos têm sido constantemente revisadas para melhor atender a demanda de consumidores.

Além disso, estas corretoras têm reduzido suas taxas (até mesmo zerando) para atender investidores de classes mais baixas que querem começar a investir. Uma boa estratégia, visto que a renda média dos novos investidores tem sido de R$5 mil.

Com isso, para você que está começando a investir agora, a principal dica que fica é: estude o investimento a ser feito antes de decidir. A própria B3, indica evitar três comportamentos: comprar ações antes de pesquisar sobre ela; avaliar uma ação considerando seu preço inicial e, por último, deixar-se levar pela opinião de quem não é especialista.

 

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