A crise hidrológica que está afetando o Brasil pode exigir uma verdadeira disputa pela água. Essa crise hídrica passou a gerar preocupações sobre a oferta de energia, este ano muitos técnicos com um olhar de grande cautela.
Em uma reunião o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), liderado pelo Ministério de Minas e Energia, falou que a escassez da falta de chuva, faz com que seja muito importante haver flexibilização de restrições a operações de algumas hidrelétricas, ou poderá ter uma crise hídrica com proporções muito grandes.
Para continuar mantendo uma maior geração de energia ou armazenamento em determinadas regiões, será necessária uma negociação com os órgãos desses setores. Os principais órgãos que devem discutir as medidas serão a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Ibama, por questões ambientais. Além disso, acaba sendo necessário incluir na discussão os políticos, devido ao turismo na região dos lagos.
Crise hídrica necessita de uma flexibilização
Essas foram as palavras de uma das Fontes, que falou sobre a condição de anonimato devido à grande sensibilidade deste tema, disse a fonte: “Racionamento de energia não está no cenário, mas se não acontecer a flexibilização da vazão, não tem jeito”.
Em 2001 o Brasil passou por um racionamento de energia, que esfriou a economia e atrapalhou planos eleitorais de aliados do então presidente Fernando Henrique Cardoso, tornou discussões sobre o tema praticamente um tabu no Brasil desde então.
Nesta sexta-feira (29) Rodrigo Pacheco, presidente do senado, fez críticas durante a ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). As críticas vieram logo após a divulgação de informações sobre o pedido do CMSE, que falava em relação à flexibilização para operações de usinas, incluindo Furnas.
Através do twitter ele escreveu: “O ONS, vinculado ao Ministério de Minas e Energia, apoderou-se das águas brasileiras para o seu propósito único de geração de energia… a previsão de secar os reservatórios do sistema de Furnas, em Minas Gerais, é inaceitável, ainda mais depois dos acordos feitos com a bancada federal do Estado”.
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A gestão dos níveis de reservatórios
Segundo os órgãos responsáveis pelo setor de energia, eles informaram que: “vem reforçando a gestão de todos os reservatórios” e que trabalha junto ao Ibama e à ANA para “assegurar a governabilidade da operação hidráulica das principais bacias da região Sudeste”.
O período entre setembro e maio registrou os piores níveis de chuvas em 91 anos de histórico no reservatório das hidrelétricas, principal fonte de geração do Brasil. Conforme Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, o governo já deveria ter criado formas para reduzir o consumo de energia em todo o país.
Aplicando, por exemplo, a bandeira vermelha e o reajuste no valor-referência para preços no mercado livre de energia. “A matriz elétrica é muito refém do clima, em parte por falta de planejamento”, afirma Pires, que avalia que desde 2009, o Brasil é falho no planejamento e em medidas que garantam a segurança energética ao país.
A medida, porém, bate nas esferas políticas do governo, que receiam o efeito dela na inflação que já afeta a população mais carente. Em suma, o risco de acontecer um racionamento e uma crise hídrica no segundo semestre cresce a cada dia.