Fundos Venture Capital: os foguetes para decolar uma startup

Os fundos Venture Capital estão em busca dos próximos unicórnios. Eles investem milhões de dólares em busca de uma empresa que poderá valer bilhões no futuro.

Dois amigos saem da universidade de Stanford. John quer fabricar micro-chips, Paul quer fazer sistemas operacionais. Ambos se conheceram na aula de Algoritmos II e viraram amigos. São brilhantes matemáticos e programadores. Com vontade de empreender, abrem a Peanuts na garagem dos seus pais em residência humilde no vale do Silício.

O parágrafo acima descreve uma história comum nos anos 70. Década que trouxe muitas mudanças culturais e tecnológicas. Esse mesmo roteiro poderia descrever a história da Apple, Microsoft e muitas outras empresas que surgiram nesse movimento: estudantes abandonando a faculdade para fundar o que seriam mais tarde grandes impérios tecnológicos.

Fast-foward para os anos 90. Internet estava borbulhando, um monte de gente querendo fazer coisas novas e revolucionárias lá no Vale do Silício. Geralmente eram empresas pequenas que queriam resolver um problema de forma muito barata e utilizando muita tecnologia. Com isso, de uma maneira simplificada, acabamos de descrever o movimento das startups.

Mas como chegamos nos fundos Venture Capital, principal assunto deste texto? Bom, estes fundos de “Capital de Risco” compram estas startups enquanto ainda são desconhecideas e vendem por bilhões de dólares depois que elas conseguem expandir e dominar um setor. Afinal, todo mundo quer acertar e comprar a próxima Apple, certo?

Como ninguém tem uma bola de cristal, estes fundos de bilionários compram qualquer empresa promissora que aparece pela frente (desde estas empresas façam algum sentido). Se estas empresas derem errado, ok, faz parte e isto já era um risco que todos estavam dispostos a assumir. Mas se der certo…

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Uber e AirBnb, irmãos separados no nascimento

Apple, Microsoft, Google e Amazon representaram a primeira fase da transformação digital. Eles são os pilares para que as coisas tenham evoluído até o que são hoje. A internet mudou completamente depois que o Google lançou seu mecanismo de busca e os computadores mudaram para sempre depois que Apple lançou seus modelos.

A Apple também mudaria para sempre a forma que usaríamos os nossos telefones. E depois disso tudo, vem Facebook, AirBnb e Uber. Poucos fundos Venture Capital conseguiram aproveitar para comprar estas empresas quando valiam “centavos” aos olhos de bilionários.

Estas três empresas aproveitaram a infraestrutura construída pelos colossos e expandiram seus serviços. Começou com Facebook lá em 2004, que competia com o saudoso MySpace, e que logo depois se mostrou uma ferramenta muito melhor. 6 anos depois, o domínio da empresa de Zuckerberg já era inquestionável, e ficou ainda mais depois que adquiriu WhatsApp e Instagram, basicamente o que as pessoas usam para se comunicar.

Hoje o Facebook se junta aos 4 “titãs” nas bolsas de valores, representando 20% de um índice composto por mais 495 empresas. Isso é muita coisa. A partir daí, os milionários e bilionários começaram a abrir os olhos para estas empresas de internet.

Poucas pessoas sabem hoje o que é pegar um táxi ou se hospedar em um hotel. Uber virou sinônimo de táxis e AirBnb de hoteis. Foi um salto muito grande e muito rápido. Lembro que em 2015 chamei um Uber pela primeira vez, e muitas pessoas se questionavam se isso funcionaria. Hoje as pessoas se questionam quando chamo um táxi.

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Os fundos Venture Capital e o SoftBank

Essa mudança proporcionada por Uber e AirBnB fez com que muitos empreendedores pudessem ver oportunidades de empreender na internet. A revolução que a Apple fez nos smartphones pavimentou a estrada que estas duas empresas viriam a percorrer depois. E estas duas empresas trataram de deixar essa estrada quase congestionada.

Depois disso, muitos empreendedores passaram a se questionar: “O que não pode ir para Internet?”. Com isso, veio outra onda muito forte de startups que construíam aplicativos para resolver problemas específicos de forma barata, rápida e replicável. A App Store logo tratou de ter uma centena destes apps (empresas).

Com o crescimento deste mercado, os fundos de Venture Capital também passaram a aportar mais capital a cada nova rodada de captação destas empresas. Algumas entram como investidor anjo logo no começo, outras entram em rodadas posteriores de captação de investimento. Cada uma tem sua metodologia de aporte.

Um fundo muito famoso é o Vision Fund, do SoftBank, uma grande corporação japonesa de telecomunicações. O Softbank viu sua capitalização de mercado crescer 554% entre 2009 e 2014. Entre suas aquisições estão: Uber, Loggi, Creditas, OYO, WeWork, Slack e Gympass. Conhece alguma delas?

Fundos de Venture Capital compram empresas que têm um potencial para monopolizar, ou oligoplizar, um determinado setor da economia. Ou seja, empresas que têm um potencial gigantesco de expansão, que o modelo de negócio não pode ser facilmente copiado e que podem criar economias de escalas.

E se o fundo perder dinheiro?

Quem investe em startups está acostumado a perder dinheiro. Esse trabalho de “mineração” pode levar anos para descobrir uma empresas que realmente valham a pena. O que eles querem é que essa empresa compense as perdas e ainda gere lucro no total. 

Para que possam investir milhões de dólares em outras empresas, estes fundos geralmente são financiados por outras empresas ou um grupo de bilionários. Mas existem fundos menores que também investem alguns milhares de dólares em pequenas empresas. 

Em 2019 o total de investimentos realizados nesse segmento foi de US$ 257 bilhões (R$ 1 trilhão na cotação atual). Ainda assim, foi 14% menor que os US$ 300 bilhões registrados em 2018, ainda o recorde em um ano. Os dados são do estudo “Venture Pulse”, um relatório trimestral da empresa global de auditoria e consultoria KPMG que analisa as tendências mundiais desse mercado.

Os fundos têm uma gestão de risco e, ao menos em teoria, deveriam saber lidar bem com prejuízos resultantes de investimentos em empresas startups. Caso um fundo não saiba gerir bem o risco, não demorará muito para ir à falência. 

Hoje, muitas startups só existem por conta destes fundos, já que muitas delas ainda dão prejuízo operacional. Isto é, muitas delas ainda não conseguiram igualar receita e custo. A Uber, por exemplo, é uma delas: tem prejuízos bilionários e supostamente continua investindo pesado em pesquisa e desenvolvimento.

Por isso, muitas empresas são criticadas. Estamos vivendo em um mundo onde o crédito está farto. Será que estas mesmas empresas sobreviveriam em um cenário mais difícil e sem a ajuda do dinheiro do Venture Capital? Essa é uma pergunta que tem se feito nos últimos anos. O fato é que realmente poucas sobreviveriam.

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Enquanto as torneiras de crédito estão abertas, muitas seguem suas operações. Mas elas sempre devem ficar com a pulga atrás da orelha: o que vai acontecer quando acabar o dinheiro do investidor?

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