Desde que o nosso dinheiro perdeu a ligação com o Ouro em 1971, ele se tornou cada vez mais uma abstração. Antigamente, os países não podiam imprimir tanto dinheiro por conta da limitação de Ouro no estoque. Hoje, nosso dinheiro virou uma dívida do governo com a população, dependendo da credibilidade e confiança.
O problema é que os governos podem imprimir o quanto quiserem, desde que a população confie na moeda. Há quem aprove isso, defendendo que o atual sistema monetário possibilite crédito mais barato por conta de ter mais dinheiro circulando no sistema, mas isso traz efeitos colaterais gravíssimos.
O empobrecimento que não se vê
Nosso dinheiro perde poder de compra com o passar dos anos. Mas sempre haverá aquele que vai falar: “- Mas a inflação está controlada! Veja os dados!”. De fato, no Brasil utilizamos o IPCA para medir esse parâmetro. Quando olhamos para ele, vemos que os preços da cesta de consumo básica dos trabalhadores estão bem controlados.
No entanto, na minha visão, esse indicador não reflete a realidade. Os alimentos podem estar baratos por diversos fatores, incluindo safras, produção das fazendas e novas técnicas. O que reflete a realidade é o preço dos imóveis, carros e ativos financeiros. Hoje, a classe média é muito mais pobre do que décadas atrás.
O preço dos imóveis subiu muito mais do que a renda dos trabalhadores. O IGMI-C, índice que mede a rentabilidade dos imóveis no Brasil, mostra que se você tivesse investido um capital de R$ 100.000 nos anos 2000, teria um capital de R$ 1.781.000, uma rentabilidade de 1681% em 18 anos. O salário mínimo no mesmo período subiu 427%.
O mesmo também se aplica para Ouro: subiu 547%. Imóvel e Ouro são ativos escassos. O governo não pode imprimir mais terra, a não ser que comece a pegar a extensão do mar. Todo Ouro conhecido no mundo cabe em 2 piscinas olímpicas, o que mostra a dificuldade de obtê-lo. Isso mostra a importância de ativos escassos.
Por outro lado, o Real perdeu mais de 80% do seu poder de compra em 20 anos. O Dólar levou quase 4 vezes mais tempo para ter a mesma perda. Só esse ano, ele desvalorizou mais de 30% frente ao dólar. E o dólar está tendo uma emissão pesada.
EUA aumentando o ritmo de emissão
Os EUA aprovaram um pacote de US$ 2 trilhões para incentivar a economia e combater o coronavírus, além disso, muitos outros trilhões estão vindo por aí. Para piorar mais ainda: nossas reservas internacionais estão em dólar. Somos o terceiro mais comprador de dívida americana.
Sabe o que é pior? Somos compradores de dívida de um país que está emitindo trilhões de dólares. Os EUA têm um grande arsenal para fazer política de gastos públicos, mas o custo disso será alto, principalmente para o poder de compra da população.
Hoje, é muito mais difícil para a nova geração comprar imóveis, carro, fazer aquela viagem para a Europa ou para a Disney. Não é a toa que estamos vendo jovens que estudaram mais, só que com uma renda menor do que os pais na juventude.
Não é coincidência que temos jovens morando na casa dos pais até os 30 anos. O sarrafo subiu. Ray Dalio fala sobre isso em um texto que ele soltou no Linkedin ano passado.
Não será muito incomum no futuro olharmos para nossas contas nos bancos digitais e ver um saldo milionário. Pena que aquilo não servirá para comprar muita coisa. Um conselho que dou a todos é: resguarde-se, considere ter bens escassos em seu patrimônio, tais como terra, imóveis, ouro e Bitcoin. Compre coisas que o governo não pode emitir à vontade.