Ninguém está querendo pagar para ver. Desde o agravamento da pandemia do Coronavírus, os investidores estão vendendo todos os ativos que representam maior grau de risco, isto é, ações, commodities e criptomoedas. A ordem é: zerar o risco e buscar a liquidez (dinheiro). A moeda escolhida até o momento tem sido o Dólar.
Além do Coronavírus, existe a preocupação com os impactos sobre a economia mundial. Afinal, grandes capitais do mundo estão parando. A rotina de trabalho de muitas pessoas já foi afetada e as empresas estão adotando o regime Home-office. Até o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu que a economia terá recessão (crescimento negativo).
Quem sofre com isso? Principalmente as moedas mais fracas, geralmente de países emergentes como México, Brasil, África do Sul, Argentina e outros. Só no Brasil, o dólar chegou a ser negociado a R$ 5,16. Uma alta impressionante de 28% desde o começo de 2020 (gráfico abaixo, em azul).
Por outro lado, a bolsa (gráfico acima, em laranja), que foi o investimento preferido do mercado em 2019, está acumulando perdas de mais de 37%. Desde o ano passado, havia um fluxo de saída de investidores estrangeiros da bolsa brasileira.
Mercado à espera da definição do COPOM
Enquanto isso, o mercado espera uma definição do COPOM (Comitê de Política Monetária) em relação à política com a taxa de juros. Até o momento, a política tem sido de corte de taxa de juros, em sintonia com os principais Bancos Centrais do mundo. O problema, é que isso não tem sido suficiente para a economia voltar a ter crescimento mais expressivo.
O Brasil ainda carece de reformas estruturais para diminuir a burocracia, aumentar a segurança jurídica e facilitar o entendimento da carga tributária. Enquanto isso não acontece, o Brasil permanece como um país pouco atrativo para investidores estrangeiros, o que atrapalha a entrada de dólares para valorizar o Real.
Com o Coronavírus, o crescimento será afetado. As expectativas de PIB já foram reduzidas e o Banco Central deverá cortar ainda mais os juros, o que tenderá a causar maior desvalorização no Real, caso o Banco Central não decida intervir na taxa de câmbio, vendendo dólares em operações de mercado.
Governo Federal pede decretação calamidade pública e incentivo de R$ 147 bilhões
Para evitar um estrago ainda maior, o Governo Federal pediu ao Congresso a decretação de calamidade pública. Isso aumenta o limite de gastos estipulado na Lei de Responsabilidade Fiscal. Na teoria, o governo ganha munição para combater o choque externo do Coronavírus sobre a economia.
“Em virtude do monitoramento permanente da pandemia Covid-19, da necessidade de elevação dos gastos públicos para proteger a saúde e os empregos dos brasileiros e da perspectiva de queda de arrecadação, o governo federal solicitará ao Congresso Nacional o reconhecimento de Estado de Calamidade Pública”, informou a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom).
Paulo Guedes também anunciou, cerca de dois dias atrás, um pacote de medidas e incentivos econômicos emergenciais. Os pacotes visam conter os efeitos econômicos do Covid-19. Entre as medidas, estão a liberação de saques do FGTS, a antecipação do 13º do INSS, e a suspensão por três meses do pagamento de alguns impostos.
Serão até R$ 83,4 bilhões para população mais vulnerável, disse Guedes. Mais R$ 39,4 bilhões para manutenção de empregos. Além disso, haverá a destinação de mais recursos para o combate à pandemia do Covid-19, além dos R$ 5 bilhões que já foram disponibilizados.
Os mercados estão precificando recessão severa?
Os investidores refletem suas expectativas futuras nos preços dos ativos que estão sendo negociados neste momento no mercado. Ou seja, eles não esperam acontecer a recessão para vender suas ações, criptomoedas e commodities. Pelo contrário, a informação é transmitida quase que instantaneamente ao preço.
A questão é entender se: as expectativas já estão quase que completamente refletidas no preço, ou se os preços refletem apenas o pânico sem contar com as expectativas futuras. Caso seja a primeira alternativa, as bolsas já estão perto do fundo do poço. Caso seja a segunda, ainda terá muito para cair.
No momento, o pânico é o sentimento mais presente nos investidores. Com isso, tendo a acreditar que o cenário é o da segunda opção. Em crises como essa, todo mundo procura liquidez e vai para o Dólar, vendendo tudo o que é possível. O VIX (índice de volatilidade) ainda é alto e a situação está longe de estabilizar.
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