Ontem foi um dos dias mais voláteis em toda a história do mercado financeiro. As bolsas americanas tiveram a pior queda desde 1987. O Ibovespa fechou com a pior oscilação diária desde 1998, com uma baixa de mais de 14% em um único dia e 2 circuit-breakers acionados.
O pânico começou ainda na quarta-feira à noite, quando Donald Trump cancelou voos entre Europa e Estados Unidos. Logo depois, a NBA e outras federações esportivas começaram a cancelar eventos esportivos. Apareceram novos casos de Coronavírus e mais cidades na Europa começaram a sentir os transtornos.
Durante a noite, os contratos futuros de S&P500, um dos principais índices dos EUA, já estavam no limite de queda de 5%. Quando os mercados abriram, houve de imediato muito pânico e circuit-breakers em sequência. O pânico gerou efeito manada e muitos investidores venderam tudo.
Até as 17h, o cenário era de desolação total. No auge do caos, o FED anunciou injeção de US$ 1,5 trilhão de imediato e mais US$ 1 trilhão por semana até o final do mês. O anúncio acalmou os ânimos e estancou a queda dos mercados.
A questão é, por que esse pânico? O medo está nos desdobramentos do Coronavírus sobre a Economia mundial, que já dava sinais de fraqueza. No final de 2018, o mercado já começava a especular uma recessão para 2019. Os mercados vieram abaixo em dezembro de 2018. Hoje, o temor é que essa recessão seja agravada com o Coronavírus.
Foi necessária uma manobra do FED para acalmar os investidores. Naquela época falaram que não iam aumentar juros, porque isso frearia o crescimento. O resultado disso foi um bull-market com o pico em janeiro de 2020.
Mercados em alta apesar de tudo
Depois do pânico, os mercados voltaram a subir hoje. O Ibovespa futuro estava subindo 10%, no limite da alta, voltando a marcar 80 mil pontos. Os futuros da bolsa americana, S&P500 e Dow Jones, estavam com forte alta de mais de 5% em ambos os contratos.
Agora, na abertura do mercado, o Ibovespa chegou a ser negociado a mais de 83 mil pontos, esboçando uma alta de mais de 15%. Agora, acumula alta de 5%, com o índice sendo negociado a 76 mil pontos. Todas as 73 ações que compõe o índice estão subindo.
Bitcoin que chegou a despencar para US$ 3,700 no pior dia da história do ativo, com queda de 45% em um único dia. Depois do “crash, o ativo teve uma recuperação e está sendo negociado em uma média de US$ 5,700 em algumas corretoras, com alta de 24%.
O caso do Bitcoin foi ainda mais diferente: corretoras importantes travaram e o mercado perdeu referência de preço por algumas horas. Os contratos futuros de Bitcoin operaram cerca de US$ 500 abaixo do preço do ativo no mercado à vista, em um patamar nunca antes visto em toda história.
A liquidez que o FED deu ontem parece ter acalmado os investidores, por enquanto. Resta saber até onde vai a munição dos Bancos Centrais para continuar aquecendo a Economia. A margem de atuação está ficando cada vez apertada.
Guedes anuncia medidas em até 48h
Enquanto alguns países têm US$ 1 trilhão para injetar no sistema financeiro, outros precisam sobreviver com as possibilidades que têm em mãos. Para combater os efeitos da pandemia do Coronavírus, o Ministro da Fazenda, Paulo Guedes, prometeu medidas para estimular a Economia.
O crescimento econômico do Brasil já foi ajustado para baixo. Até o momento, o Banco Central tem cortado juros para estimular a Economia, mas até o momento, não tem surtido muito efeito e a situação poderá piorar conforme o Coronavírus comece a se espalhar.
Guedes cogita liberar o FGTS e aumentar o crédito através de bancos públicos, como o BNDES. “Os bancos públicos estão abrindo as comportas para empréstimos a pequenas e médias empresas, o Banco do Brasil, o BNDES, a Caixa Econômica Federal, todos já estão em campo abrindo a torneira”, disse o ministro a jornalistas, na ocasião.
Recentemente saiu no Business Insider e na Fox News uma notícia de que Bolsonaro tinha testado positivo para Coronavírus. No entanto, minutos depois, a notícia foi desmentida nas redes sociais do Presidente da República.