O Coronavírus se mostrou mais impactante do que o imaginado, gerando um efeito contágio para outros setores da economia. As bolsas ao redor do mundo já estavam despencando durante a última semana. Aumentou os temores em relação a uma recessão e piora dos fundamentos econômicos.
Como resposta, o FED fez um corte emergencial na taxa de juros, o primeiro desde a crise de 2008. O mercado se recuperou no final do pregão da sexta-feira. No entanto, não estavam contando com a guerra de preços no Petróleo entre Arábia Saudita e Rússia. No final de semana, a commodity caiu mais de 34%, no pior crash desde a Guerra do Golfo em 1991.
No Brasil, o Ibovespa ativou circuit-break, mecanismo que suspende os negócios quando o índice tem queda expressiva. Isso não ocorria desde desde 2017, quando Joesley vazou áudios comprometedores de Michel Temer, até então Presidente da República.
O índice abriu com 10% de queda e ainda continua em tendência de baixa. Em 49 dias, o Coronavírus e a guerra de preços no Petróleo apagaram 14 meses de ganho no Ibovespa. O Dólar chegou a atingir R$ 4,76, maior valor da história, registrando alta de 2,30%.
O Ibovespa já registra uma perda de 24,98% no ano. Enquanto isso, o dólar subiu mais de 18%. Bancos Centrais já começam a cogitar novos cortes de juros para conter a crise.
Enquanto isso, o rendimento dos títulos de dívida dos Estados Unidos despencou. Isso acontece quando investidores correm para a Renda Fixa em busca de segurança, sinalizando tempos ruins no mercado.
Entendendo o choque do petróleo
O choque com o petróleo sacudiu as bolsas de valores, que já estavam em pânico por causa do novo surto de Coronavírus. O mercado da Ásia caiu durante as negociações de segunda-feira, enquanto os futuros dos EUA registraram chegaram no limite. Na Europa, o FTSE 100 (UKX) caiu 8,5%, com a BP caindo 20%, enquanto o DAX da Alemanha caiu 7,4% e o principal índice da Itália caiu 7%.
A turbulência ocorre após a implosão de uma aliança entre a OPEP e a Rússia, que vinha restringindo o suprimento de petróleo desde o início de 2017, na tentativa de apoiar os preços. A Rússia se recusou a concordar com a proposta da Opep de cortar a produção do Petróleo, em uma tentativa de manter o preço do petróleo.
O impasse deixou a indústria do petróleo em estado de choque e provocou uma queda de 10% nos preços do commodity na sexta-feira. O petróleo já estava preso em um mercado em baixa por causa de uma queda acentuada na demanda ligada ao surto de Coronavírus.
A Arábia Saudita aumentou ainda mais a situação no fim de semana. O país reduziu seus preços oficiais, em uma tentativa de recuperar a participação de mercado e pressionar a Rússia.
“O sinal é que a Arábia Saudita está tentando abrir as torneiras e lutar por participação de mercado”, disse Matt Smith, Diretor de Pesquisa de Commodities da ClipperData. “A Arábia Saudita está arregaçando as mangas para uma guerra de preços”.
Analistas disseram que a recusa da Rússia em cortar a produção representou um baque para os produtores de petróleo de xisto dos EUA, muitos dos quais precisam de preços mais altos para sobreviver, pois são menos competitivos do que os árabes e russos.
Como agir agora?
Se você não tem caixa e está alavancado, avalie a distância entre o preço de liquidação e o preço atual do ativo em que você está exposto. Se estiver muito próximo (diferença de 10%), diminua a alavancagem, você vai perder, mas menos do que se for liquidado.
Se você tem caixa, faça compras parciais dos ativos que você se interessa. Caiu? Invista comprando mais um pouco. Só tome cuidado para não ficar muito agressivo e alocar todo o seu caixa antes da hora, não fique ganancioso.
Se você não tem caixa e está sem alavancagem, a melhor hora é esperar. A hora de vender seus ativos foi quando o Ibovespa estava na máxima histórica. Se você ainda acredita nos fundamentos, mantenha-os na carteira. Jamais venda seus ativos em mercado de baixa.